Ontem, quinta feira dia 24 de Novembro, entre dias de trabalho para a maioria dos que compareceram no Sabotage Club, os The Parkinsons começaram a celebração da edição em vinil de A Long Way to Nowhere, editado pela primeira vez em 2002.
Em 2012 vi pela primeira vez os The Parkinsons no Ritz. Foi um concerto que não compreendi na altura. Estava fora daquele meio, um Ritz cheio de amigos que celebravam com eles aquela noite. Só em Abril de 2014, no Sabotage, percebi que em 2012 estava apenas fora deste contexto. Demorei cerca de 12 minutos para perceber isso enquanto estava na cabine do Sabotage – onde estava alegremente na palheta com o David Polido – e decidi saltar para o meio do público sentir aquele concerto.
Sim. Um concerto de Parkinsons sente-se. Na pele toda. Quem compra um bilhete para ver os The Parkinsons sabe ao que vai. É um concerto de amigos para amigos. É uma festa, uma celebração, e se fosse ao ar livre até poderia ter pirotecnia executada por eles, ou como se diz “Eles fazem a festa, lançam os foguetes e recolhem as canas”. Eles são a festa e sabem contagiar toda a gente como poucas bandas conseguem.
A chuva que se intensificou ao longo do dia não desanimou quem chegava e o Sabotage acabou por ter uma casa bem composta de amigos e outros que tais para receber ambas as bandas. O duo Clementine, Frankie Wolf (Shelley Barradas) e Lena Huracán (Helena Fagundes), iniciou as hostilidades por volta das 23h. E sim, hostilidades é uma palavra adequada. O som destas miúdas destila poder, e não falo de girl power ou riot grrrl ou algo semelhante. É poder mesmo. É duro, honesto, e bruto como uma qualquer primeira vez. Street Walker e Monga que se podem ouvir no EP Tiger de 2016 são isso mesmo. Mutations ainda mais crú! Cerca de meia hora de concerto com muito poucas paragens para respirar e quase nenhuns artifícios que nos distraíssem da prestação de Clementine, a que apenas acrescento que a cada concerto se revelam mais seguras do seu poder.
Os The Parkinsons rodeados de amigos, no Sabotage, que me parece ser para eles a sua casa, subiram ao palco por volta das 23h30, para começar o périplo por A Long Way to Nowhere. São os Parkinsons, e estão ali mesmo para nos obrigar a largar tudo para trás das costas e saltar e gritar com eles. Ao cabo de duas músicas já Afonso Pinto viaja por cima do público!
O concerto não esgotou, mas o facto de existir algum espaço no público, permitiu também uma interação mais fluida que noutros concertos que já vimos, onde respirar é quase uma tarefa hercúlea. O objectivo de Afonso, Pedro Chau, Vitor Torpedo e a muy poderosa Paula Nozzari, foi do principio ao fim provocar um motim e não deixar pedra sobre pedra e, quando anunciaram que iam tocar Scientists, alcançaram o objectivo. Com Body and Soul mantiveram o público no pico e Bad Girl para ir ainda mais além.
O público, apesar de receptivo, não se entregou totalmente. Nem com todas as provocações e incursões pelo público de Afonso Pinto conseguiram aquilo que hoje não será muito difícil, sendo sexta feira e sabendo-se já que o concerto se encontra esgotado. O caos. Na verdade ninguém se importou realmente com isso. Quem quis saltar saltou, quem quis ver um bom concerto conseguiu isso mesmo!
Quiseram despedir-se mas ainda tocaram So Lonely e deixaram o aviso…Amanhã há mais! Há cerca de duas horas ficámos a saber que afinal não são duas noites mas três…Considerem-se avisados, os Parkinsons tocam três dias seguidos no Sabotage Club, Não é para quem quer, é só para quem pode! No fim o conselho que deixo é: Estás de mal com a vida? Vai de espírito aberto ver um concerto de Parkinsons. Se não passar com a primeira dose mete a segunda, porque hoje é sexta e há mais no sábado! P.S. desculpas manhosas do estilo, ah e tal está a chover não servem para perder isto!
Senhoras e senhores o espectáculo segue dentro de breves instantes com the Amazing Flying Pony e o segundo round dos Parkinsons.
Texto – Isabel Maria
Fotografia – Luis Sousa