O fim de semana temático parecia pedir o sabor a Brasil, mas no contexto das edições Sofar Sounds Lisboa é apenas pura coincidência. A 34ª edição do Sofar Sounds Lisboa aconteceu hoje n’A Sociedade, ali entre São Bento e o Principe Real, e recebeu três artistas únicos nos seus registos.
Manuel Dordio, que já conhecemos de outras passagens, acompanhado da sua mestria à guitarra acústica, foi o anfitrião perfeito para começarmos esta sessão. N’A Sociedade, entre cidras, frutas fresca, boas conversas, e casa cheia, melhor inicio não imaginaríamos.
Seguiu-se Filipe Sambado, nesta fase agora após Chibazqui, que abriu as hostes aos concertos cantados. Usando a guitarra e a sua cristalina voz como seguros suportes para o segundo dos concertos da tarde, ficou-nos o sabor a pouco e a vontade de mais.
A surpresa da tarde, já noite, estava no entanto guardada para o seu final. Filipe Catto, ainda um ilustríssimo desconhecido em terras lusitanas, acreditamos que este facto será sol de pouca dura. Nosso irmão de Porto Alegre, passa agora a maior parte do seu tempo por São Paulo, fez-nos o favor de vir até Portugal para nos dar a conhecer o seu imenso talento. Não sabemos hoje se estaremos perante um novo Ney Matogrosso, opinião talvez demasiado arrojada, mas é certo que a pose, o estilo, e sobretudo a voz, não lhe fica a dever em nada. Vamos-nos arriscar – ou talvez nem tanto – que acreditamos ter testemunhado hoje a presença daquele que será nos próximos tempos uma das maiores revelações da nova música brasileira. O exímio colocar das palavras, a poesia como mote, o “à vontade” e o brilho que emana, merecem ser revistos na próxima 5ªfeira onde irá estar no palco do Espaço Timeout Mercado da Ribeira, agora com a sua banda completa para um concerto em nome próprio. É sem qualquer questão uma sugestão Música em DX.
À Sofar Sounds, resta-nos agradecer o convite que nos foi endereçado, este foi o nosso carnaval, português, e naturalmente, com um delicioso sabor a Brasil.
Texto – Carla Santos
Fotografia – Luis Sousa