Na ressaca dos britânicos Arctic Monkeys, o segundo dia do NOS Alive 2014 arranca com a sonoridade das guitarras de “Matilha” (NOS Clubbing), Allen Stone (Palco Heineken) e The Vicious Five (Palco NOS). Estes últimos agarraram um público de fiéis que acompanhou as guitarras do clássico Rock ‘n Roll debaixo do sol de Julho que arrancou (finalmente) o verão 2014.
Os madrilleños Russian Red (indie-folk) não desiludiram os fãs (espanhóis), que num ambiente cosy tocaram com tempo e atenção suficiente para comentarem os seguidores do FB que, em uníssono demarcaram a qualidade da prestação de Lourdes Hernández (Madrid, 1985).
Continuando nas vozes femininas, os americanos The Last Intenationale (folk-rockers) surpreendem tudo e todos quando no meio das músicas contestatárias, Dalila Paz canta “Grândola Vilamorena” num português cristalino. Nem a falha de som do microfone, foi motivo para abrandar a energia contagiante que fez o público aproximar-se e render-se às guitarras energéticas e à forte critica social e politica, como um estrondoso “wake up!” para quem estava no recinto. O trio norte-americano, Edgey Pires, Brad Wilk (Audioslave e Rage Against The Machine) e Dalila Paz foram a grande prestação do 2o dia do Alive, onde as músicas de “Choose your killer” encheram a alma e despertaram as mentes mais adormecidas deste festival.
No Palco Heineken, os nova-iorquinos Parquet Courts (pós-punk revival) marcaram a sua presença relembrando os anos 70 do punk rock de Nova Iorque em que, em alguns momentos, nos avivou as memórias de Velvet Undergound. No vazio e longínquo olhar de Andrew Savage (voz e guitarra), a distorção das guitarras milimetricamente alinhadas de “Sunbathing Animals” não deixou ninguém indiferente.
Com um começo um pouco conturbado, que felizmente foi rapidamente ultrapassado, o trio das Au Revoir Simone, subiu ao Palco (Heineken) às 00:00. As “cinderelas” de Brooklin, Annie Hart, Erika Spring Forster e Heather D’Angelo provaram que são uma das melhores bandas indie pop/dream pop da actualidade. Com uma harmonia cuidada, a presença constante das caixas de ritmo e a comunhão dos sintetizadores, rendeu um público que acompanhou os movimentos quase celestiais das norte-americanas. A suavidade das guitarras eléctricas entra nos sons angelicais dos sintetizadores de uma forma perfeita, e se as meninas gostariam de “tocar em Portugal todos os dias”, nós também gostaríamos de as ter por cá mais vezes.
Apesar da forte concorrência do momento do concerto (os cabeça de cartaz à mesma hora) a banda de André Tentúgal, não desiludiu os fãs que por eles optaram. Os We Trust mostraram que estão muito “vivos” e conseguiram contemplar o público com momentos muito especiais, e de verdadeira comunhão entre os presentes. Ao longo da sua actuação conseguiram proporcionar um ambiente de festa, tocando os seus temas mais conhecidos com ajuda entusiástica do público. Despediram-se com uma promessa (“Prometemos voltar”) e com um desejo, “Sejam felizes”!
Depois de um concerto morno dos Black Keys, os portugueses Buraka Som Sistema (BSS) fecham o palco NOS com um espectáculo estonteante. Não é em vão que kalaf diz que “o nosso lema é não ficar parado e viver cada dia como se fosse o último”, pois a mistura energética dos ritmos quentes fez mexer o público como se não houvesse amanhã. Provaram uma vez mais que continuam a ser uma das bandas portuguesas mais profissionais, seja na originalidade da composição das músicas, no domínio notável que têm sobre o público, e/ou na complementaridade perfeita do trabalho de luz e imagem. Foram definitivamente os grandes “senhores do palco”!
Texto – Carla Sancho
Promotor – Everything Is New