A expectativa sobre o Reverence Festival Valada era muito grande. Quando soubemos da organização de um evento de música dita rock psicadélico foi grande a curiosidade em saber quem organizaria, onde seria exactamente o local do evento, e que que bandas viriam a esse evento, sendo que à partida sabíamos que o formato seria o do típico festival de música (de final de verão).
Recuperar o local que em tempos foi o escolhido para o então denominado Festival Tejo (entre 2000 e 2005) seria um belíssimo inicio de conversa, no caso o parque de merendas da praia fluvial de Valada do Ribatejo. É um local agradável, repleto de sombras para as desejadas pausas entre concertos, com algumas pré-instalações para refeições ligeiras – mesas e bancos – café de suporte á praia, casas de banho públicas, e sobretudo, muito espaço para a organização escolher onde instalar os palcos, e útil em festivais de mais do que uma noite, uma vasta área de camping para os festivaleiros.
Em relação a quem organizaria o festival, o nome que de imediato apareceu foi o de Nick Allport, um inglês casado com uma portuguesa, sediados no Cartaxo, fundador da Cartaxo Sessions, uma promotora local que se tem dedicado à divulgação da denominada música psicadélica, e que goza da experiência de Nick em promover eventos musicais do tempo em que com o seu irmão fundou em Londres a promotora Club AC30. A ajudar Nick, estaria também a promotora Lovers & Lollypops – organizadora do Milhões de Festa, e o Sabotage Rock Club, um dos locais lisboetas que mais tem promovido a música alternativa portuguesa.
Depois de sabermos os primeiros factos, o próximo passo seria conhecer o cartaz. Um festival de 2 dias, com cerca de 18 horas de música por dia e mais de 50 bandas distribuídas por 3 palcos, honestamente, impressionou-nos. A expectativa aumentava a cada detalhe que conhecíamos deste festival. Ao analisarmos o conjunto de todas as bandas, para os mais fãs do estilo de música que globalmente marcava o cartaz, percebíamos que o Festival Reverence Valada, embora agendado para o final do verão, tinha chegado ao panorama dos festivais de verão com a mesma força de como se fosse o primeiro desta época.
Era impossível ignorar nomes históricos como os Hawkwind, Electric Wizard, o dos suecos Graveyard, e ainda de The Black Angels, Psychic TV, ou dos portugueses Mão Morta, Black Bombain, Process of Guilt, Kilimanjaro, The Quartet of Woah!, Keep Razors Sharp ou Asimov. Haveria também o grande interesse em ver Ringo Deathstarr, Woods, ou os jovens The Wytches.
O Festival começou na 5ªfeira com 2 festas de abertura, a primeira já na Valada com a participação de Mars Red Sky, Aqua Nebula Oscilator, os Souq, Torpe, DW Void e Unrecognized, e mais tarde Sabotage Club com a presença dos portugueses Stone Dead, dos ingleses The Telescopes (Official), dos norte americanos do Broklyn Naam, e finalmente para terminar em grande a primeira noite de festival, dos também norte americanos do Texas Ringo Deathstarr (reportagem completa em breve). Tal como dissemos nesse dia, podemos dizer que foi um arranque em grande, com muita energia, e a prometer 2 dias de grande festival, com mais de 30 horas de música distribuída por 3 palcos na Valada do Ribatejo.
Reservado para o primeiro dia oficial de Reverence Valada estava a presença muito aguardada dos portugueses Cave Story (logo a abrir o dia), Putas Bêbadas, Kilimanjaro, Sunflare, Process of Guilt e Black Bombain quase a fechar o dia. Bandas estrangeiras, a ansiedade concentrava-se nos Ringo Deathstarr – que já tinham actuado no dia anterior na festa de abertura – , nos Woods, e depois, no palco principal, das grandes atracções do dia, os The Wytches, Swervedriver, Red Fang, Graveyard e Electric Wizard, sempre a horas conforme programa fornecido pela organização.
No segundo dia de festival, a apresentação das bandas em palco já não foi tão pontual, apresentando durante todo o dia um atraso médio de 40 a 60 minutos, facto que não incomodou os festivaleiros que se faziam apresentar em número bastante significativo para um festival, recordamos, de rock psicadélico. Neste dia, as grandes atracções do dia foram os Celestial Bums, Sonic Jesus, Dreamweapon, os portugueses Keep Razors Sharp e Quartet of Woah, os Spindrift que foram talvez uma das bandas mais aplaudidas do dia, e depois no palco Reverence (principal), A Place to Bury Strangers, Psychic TV, os míticos Hawkwind, o também festivaleiro Adolfo Luxuria Canibal com os seus Mão Morta, e para fechar o palco maior do festival, os Black Angels. A festa prosseguiu pelos 2 palcos secundários, e só terminou quando o Domingo já avisava nascer.
Agora que o Reverence Valada terminou, e sem chuva como inicialmente estava previsto, podemos considerar que as expectativas foram totalmente ultrapassadas. A agenda musical foi do melhor que se pode assistir em festivais do género, o local confirmou-se como de excelência para eventos deste tipo – a proximidade com o rio é e uma vasta área de camping é uma enorme mais valia, a zona, que é verdíssima e repleta de sombras, passou no teste da acessibilidade a todos os serviços. A decisão de se envolver os comerciantes locais para os “Comes & Bebes” e outro tipo de comércio mais artesanal é de salientar, a organização e coordenação com os agentes de segurança locais também mereceu destaque, e não fossem algumas pormenores próprios de uma primeira edição de um festival de grande dimensão, nós diríamos que a nota final seria “Excepcional”.
Resumindo, se havia dúvidas de um espaço de honra no panorama nacional para um festival temático como o Reverence Valada, essas foram dissipadas. O Festival Reverence Valada merece espaço no nosso mercado, é bem organizado, bem coordenado, divulga um género musical que não aparece tão disponível quanto os seus fãs – portugueses e muitos estrangeiros – desejam, e o local é de eleição para um evento deste tipo. Quanto a nós, a repetir, por favor!
Texto – Carla Santos.
Evento – Festival Reverence Valada.
Promotores – Cartaxo Sessions, Sabotage Club e Lovers & Lollypops.