Até dia 6, o Talkfest pretende por a nu todas as perguntas que surgem por quem anda na área dos festivais de música, sobre o futuro, desbravando novas ideias, conceitos e tendências, com a presença de vários oradores, de índole nacional e internacional.
A existência do artista só é possível através das redes sociais. Esta foi uma das premissas da primeira conferência do Talkfest 15, que começou no passado dia 4 no ISEG. Com o tema “O Uso das Redes Sociais: aqui está o mundo num festival de música!”, Miguel Ângelo, NBC, Karla Campos, Gonçalo Fonseca e António Francisco Melão juntaram-se para debater um tema que é cada vez mais importante no festival de música.
“Num festival já faz parte, para partilhar momentos, já num auditório faz menos sentido, até porque prejudica quem está a actuar”, aludiu Miguel Ângelo, acerca da utilização dos telemóveis, que explodiram quais cogumelos, sendo que cada vez há mais pessoas a registar os concertos, por vezes, “a gravar concertos inteiros”.
Numa conversa que durou até à hora de almoço, as redes sociais são vistas como uma benesse, visto que permitem a divulgação do artista (como NBC referiu, já que 2014 foi o seu melhor ano em termos profissionais, algo que não seria possível se não fosse a divulgação do seu trabalho via redes sociais). Mas também é importante, até pela viralidade inerente (como os casos da queda da Madonna na passada semana ou até, numa dimensão nacional, do Pedro Abrunhosa).
Na opinião dos oradores, a música acaba por virar uma banalidade, visto que o que atrai mais atenção nas redes sociais acaba por ser o anormal, ou o backstage, o que é menos conhecido.
António Francisco Melão considera que vivemos numa era positiva. Mas é importante referir que a música mudou, referindo o caso do Paredes de Coura. “Olho para o cartaz e não reconheço nenhuma banda”. Mas também outra coisa que não mudou foi a pirataria. A pirataria sempre existiu. Antes com cassetes mas agora via online.
Potencializar as redes sociais, apostar na criatividade e divulgar o talento acabaram por ser as conclusões tiradas para o futuro das redes sociais.
Depois durante a tarde decorreram mais conferências, sobre o futuro da música em Portugal. Devido ao factor da tirania do tempo, só nos foi possível estar presente na conferência de Peter Smidt, fundador da Eurosonic, na Holanda, que esteve conversou sobre as tendências na Europa e sobre se os festivais são a melhor maneira de promover as bandas e os artistas.
“A rádio, a internet e a televisão são das formas de comunicação mais importantes para potenciar o artista”, confidenciou o holandês, que afirma que para os festivais serem a tal “melhor solução”, devem articular com os media. “É importante a existência de uma boa relação com os media partners.”
Apesar dos festivais europeus ainda estarem dependentes da música do Reino Unido e dos EUA, Smidt considera que na Europa se está a produzir cada vez mais música de qualidade, e que Portugal, não fica atrás. Como exemplo, o caso da presença em festivais por ele organizado, de Buraka Som Sistema, ou até o caso de PAUS que anda em tour Europa fora.
Quanto a Portugal, cada vez mais aproxima-se da qualidade de outros festivais de outros países, oferecendo boas soluções de festivais em comparação com a Alemanha, Espanha ou Bélgica.
Texto – Carlos Sousa Vieira
Fotografia – Rita Justino
Evento – Talkfest’15