Lisboa fervilhou estes últimos fins-de-semana com festivais dedicados ao rock psicadélico, e desta vez, foi o Teatro do Bairro a acolher, durante dois dias, o Lisbon Psych Fest, que contou bandas promissoras, tanto nacionais como internacionais. Para primeira edição, o balanço é positivo, com o desejo de voltar a ver algumas bandas outra vez em solo nacional.
Tess Parks
Diria que foi uma entrada em falso, ou pelo menos aos “s”. Por muito que o néctar dos deuses seja aprazível, às vezes, é aconselhável não exagerar antes de entrar em palco, senão acontece o que aconteceu. Um concerto em que Tess Parks com uma voz rouca e arrastada tentou conquistar os poucos que tinham chegado a horas ao Teatro do Bairro. Infelizmente foi um concerto que acabou por não cativar, pelo menos musicalmente, os presentes. Se bem que se nos convidasse para tomar um copo com ela, aceitávamos. De bom grado.
PAUW
Não, não é um erro de grafia, e nem têm qualquer relação com os PAUS, banda portuguesa. Numa rápida aula de holandês, pauw quer dizer pavão. E qual pavão, este quarteto abriu as asas e deu um primeiro grande momento da noite. Como apanágio deste estilo, o portentoso baixo deu conta do recado, sendo que a agitação proporcionada pelos vários membros foi o toque que conquistou os presentes. Ainda com pouco material para mostrar, o Shambala, que tocou no final, serviu para abanar todo o cabelo e mandar suor para tudo quanto é lado. O mote para a noite estava dado.
Thelightshines
Quem pensa que o psicadélico findava-se só no psicadélico, desengana-se com Thelightshines. Confessa-se que os britânicos tinham um grande sapato para calçar depois da actuação dos Pauw, mas a mistura de rock com blues e também de pop, vá, fez com que o resultado deixasse intrigado. Uma diferença que se reparou foi uma maior aposta nas vozes, naquele concerto que serviu para apresentar um dos últimos trabalhos da banda, Now The Sandman Sings.
Black Market Karma
Mais uns londrinos que aqueceram a fria noite de Lisboa, naquela sexta. Foi quase que uma viagem ao passado, com os Velvet Underground, My Bloody Valentine ou Jesus & Mary Chain (estes pelos menos dará para matar saudades já no próximo NOS Alive) a ecoarem na cabeça enquanto eles actuavam. Contudo, estariam mais para anteceder a chegada dos cabeça-de-cartaz da primeira noite.
Keep Razors Sharp
Já vão uns longos meses que se diz que esta malta está para explodir. E de facto é verdade. Nem que seja pelo simples facto que já se vão tornando mais conhecidos, com temas se pode ouvir nas ondas de éter Portugal fora. E quando se junta membros do Sean Riley & The Slow Riders, do Riders Pânico, do Capitão Fantasma e The Poppers, qual é o resultado? Incrível. A experiência guia a maestria, e o facto de o Teatro do Bairro proporcionar uma boa qualidade de som, fez com que, para primeira noite, o saldo fosse já positivo.
Evento – Lisbon Psych Fest 2015
Promotor – Killer Mathilda
Texto – Carlos Sousa Vieira
Fotografia – Miguel Mestre