Em contagem decrescente para o nosso querido Reverence, agora sim com o cartaz fechado, esta passada sexta contou com mais um warm-up para aguçar o apetite para aquele que é o festival mais psicadélico do nosso burgo.
Desta vez com a organização a cargo da Salon Fuzz, a noite fez-se dos concertos de Nicotine’s Orchestra e Black Leg, seguidos de sessões de DJ, num Lounge que se preencheu mais de conhecidos e habitués do que de curiosos.
Passavam cerca de 30 minutos da hora prevista (greve do Metro, a quanto tu obrigas), quando Nick Nicotine sentou-se com nada mais do que a sua guitarra (e roupa, claro) para uma prestação dos Nicotine’s Orquestra na sua versão original. Foi na informalidade que é seu apanágio que Nick, também parte fulcral dos The Act-Ups, cantou histórias de males de amor em Luna Loca ou Adios Conchita de sorriso agridoce nos lábios. O músico do Barreiro, ou melhor, de Lisbon South Bay (uma piada constante) mostrou ainda que é incapaz de estar parado sem escrever, apresentando a canção “I Speak Rock n Roll” pela primeira vez ao vivo.
[Nicotine’s Orchestra]
Ainda sem um lançamento inicial mas com química para dar e vender, ou não fossem dois dos dos seus membros colegas nos Cangarra, os Black Leg deram uma curta mas potente performance no Lounge. Sem se afastarem muito do ADN das suas bandas (PISTA e PAPAYA vêm à cabeça) Cláudio Fernandes e Ricardo Martins juntam-se aqui a Margarida Borges para mais uma dose de música difícil de definir (a regra para todos os projectos desta malta), onde o elemento distintivo é o sintetizador da designer, que tanto serve para dar a consistência que um baixo proporcionaria a esta salganhada instrumental como para criar texturas mais ricas. Algures entre o rock e o punk, com pitadas de tropicalismo e experimentação, o trio não tocou mais de 5 músicas, sendo que a última, All Day, já se encontra disponível para audição no Bandcamp da banda. Façam favor de ouvir.
[Black Leg]
Texto – António Moura dos Santos
Fotografia – Valentina Ernö (Silvana Delgado)