Concertos Reportagens

Concerto de Solidariedade com o Nepal no Musicbox Lisboa

Pelo calor da noite da passada sexta-feira, dia 26, a solidariedade tornou-se prioridade. O rock juntou-se a ela e junto com Musicbox, criou um evento de ajuda às vítimas do terramoto do Nepal.

Embora a aderência não tenha sido a esperada (o que não se percebe bem de acordo com o preço simbólico e a qualidade das 3 bandas presentes), o senhor que responde pelo nome de Fast Eddie Nelson, iniciou a noite de forma ritmada e entusiasmante.

Fast Eddie Nelson tem um carisma como já não se vê há muito, pelo menos neste estilo musical. Um estilo que mistura o Blues com o Rock’n’Roll e um pouco de Country numa explosão de energia e boa performance.

Em palco apenas existem um tambor, uma harmónica, duas guitarras (algumas caseiras, com um design bastante próprio e uma melodia deliciosa) e um baixo para apenas 3 pessoas. Fast Eddie, canta descalço e para além de tocar guitarra vai batendo no tambor ao mesmo tempo, demonstrando uma grande arte e versatilidade.

Ao longo da meia hora de concerto era impossível não abanar a cabeça e a anca! O ritmo das guitarras era extremamente alegre, trabalhado e dançável. A harmónica completava o trabalho, resultando numa comunhão única de harmonia.

Pelo meio do concerto fomos prendados com uma cover de Creedence Clearwater Revival, a “The Midnight Special” com muito rock’n’roll a reinar. Por momentos, e ao longo do concerto, íamos sendo reportados para as pistas de dança das décadas de 60 e 70 e desejávamos ficar ali.

O concerto foi curto e soube a pouco, mas não poderia haver melhor forma de iniciar uma noite destas, preparando assim o público para os organizadores do evento, os Insch.

[Fast Eddie Nelson]

Depois do aquecimento de Fast Eddie Nelson, a sala começou a compor-se um pouco mais e os anfitriões do evento sobem ao palco. O Tiago (vocalista e guitarrista) entra em palco sozinho, acompanhado com a sua guitarra eléctrica. Agradece à Assistência Médica Internacional (AMI), que se associou ao evento de solidariedade para com o Nepal. “Telesphorus” dá o arranque aos 30 minutos dos INSCH em palco, e deve dizer-vos, que belo arranque! Tiago mantém-se sozinho e quase a chegar ao final, entra a bateria (Miguel) e o baixo (baixo), e os 3 exorcizam em comunhão! Em “Catchfire” Tiago entregou-se à sua guitarra e para dar continuidade a esta entrega, deu as boas-vindas à sua filha (que está prestes a nascer) com “It´s yours”.

Com pouco tempo para grandes improvisos ou conversas com a família INSCH (evidencia nas t-shirts que se viram no meio público) “Home” e “These Lies”. Para finalizar a poderosa malha dos INSCH, “Bring Me Back”, que tivemos pena de ter sido tão curta..!

[Insch]

Com os minutos contados seguiram-se os Lotus Fever, banda com dois álbuns acarinhados pela crítica, e que apesar das tenras idades dos seus músicos, já anda nas lides há algum tempo. Com influências muito diversas, e auto – denominados como “rock progressivo”, Bernardo Afonso (teclas), Diogo Abreu (bateria), Manuel Siqueira (guitarra) e Pedro Zuzarte (voz e guitarra), tocam muito!

A voz do Pedro deixa qualquer um de rastos, na combinação perfeita dos sintetizadores e acordes Zeplin das guitarras. Agradecimentos aos INSCH e solidariedade para com a causa do Nepal. Curiosamente a origem do nome da banda surge precisamente numa estadia dos 4 num país vizinho, na Índia! A diversidade nos ritmos é de tal forma intensa e harmoniosa, que entre um ritmo de valsa surge um gingar oriental e arrasa com uma guitarra aos gritos! União perfeita entre a sobriedade da técnica e a dimensão criativa dos arranjos. É quase como estarmos preparados para descolorar num foguetão e de repente estarmos a rebolar num campo de malmequeres! Pena este momento ter sido tão fugaz, de tal maneira que até ficou uma música por tocar e um cartaz por mostrar…Enfim, há noites assim.

[Lotus Fever]

Texto – Carla Sancho e Eliana Berto
Fotografia – Luis Sousa