Depois da estreia em Portugal na abertura dos Paradise Lost, os Soen regressaram a Portugal, num evento organizado pela Prime Artists na excelente sala do RCA Club. Pela primeira vez em nome próprio no nosso país, a banda sueca veio acompanhada pelos Lizzard e pelos Shiverbun.
Coube precisamente aos holandeses Shiverburn a abertura da noite. Num registo mais pop/rock – e bastante diferente das restantes bandas do cartaz -, a banda liderada pela muito interactiva Sanne Heuyerjans encontra-se a preparar o seu álbum de estreia “Road to Somewhere”, e aproveitou a passagem por Portugal para apresentar o seu mais recente EP. Tinham a difícil tarefa de tocar para um público algo diferente do seu habitual, e isso revelou-se ao longo da sua actuação. Empenho e dedicação em palco não lhes falta, mas não conseguiram encantar a plateia que foi ficando composta ao longo da sua actuação. Uma entrada morna, mas que certamente também conseguiu despertar a atenção de alguns dos presentes.
Seguiram-se os Lizzard. A banda francesa apesar de ser algo desconhecida por parte do público, constituiu uma enorme surpresa. O som deste trio caracteriza-se por uma mistura experimental entre rock/metal e sonoridades mais progressivas, demonstrando uma enorme capacidade de execução, com uma barreira sonora ora mais pesada e distorcida, ora mais melódica e pausada. Com um EP e dois álbuns na bagagem, conseguiram agarrar o público através da sua mestria, deixando os presentes rendidos ao virtuosismo que demonstravam em palco. A cara de satisfação era visível nos membros da banda, fascinados com o enorme entusiasmo que emanava da plateia. Excelentes indicações por parte desta banda, que merece ser levada em conta dentro da música progressiva.
Depois de uma boa estreia em Portugal, o regresso dos Soen era bastante aguardado, e a banda sueca cumpriu as expectativas. Quando em 2012 lançaram o seu álbum de estreia “Cogntive”, colocaram os olhos da crítica neste novo projecto que se destacava sobretudo pela presença do baterista Martin Lopes, ex-Opeth, e do emblemático baixista Steve DiGiorgio (que entretanto já abandonou o projecto). A banda confirmou a qualidade que lhe vem sido atribuída, e o lançamento do seu segundo álbum “Tellurian” foi um dos principais motivos para este regresso a Portugal.
Com uma capacidade técnica de assinalar, a banda sueca centrou a sua actuação, como não poderia deixar de ser, sobretudo no seu álbum mais recente, não deixando de parte temas do excelente “Cognitive”. Foi aliás com “Delenda” que abriram a sua actuação, e foi em músicas do álbum de estreia como “Canvas” ou “Savia” que se destacaram, demonstrando a importância deste trabalho na sua discografia. A qualidade dos Soen foi também reforçada pela excelente recepção do público a temas mais recentes como “Tabula Rasa” ou “Void”.
Tudo isto resultou num concerto bastante interactivo entre banda e público, assim como numa actuação bastante coesa, com registo de momentos de grande virtuosismo. Os presentes estavam a desfrutar da viagem, e foi com “Fraccions” que a banda abandonou o palco, num enorme aplauso. Regressaram ainda para um encore com “The Words” e “Plunto”, para grande satisfação do público.
Numa noite onde os Shiverburn não convenceram totalmente e os Lizzard foram uma enorme surpresa, a banda da noite foram, como já era expectável, os Soen. Este regresso da banda sueca a Portugal cumpriu (quiça superou) as expectativas, num excelente evento onde o experimentalismo e o progressivo estiveram em destaque.
Texto – Pedro Reis
Fotografia – Miguel Mestre
Promotor – Prime Artists