Na passada sexta-feira feira, dia 06, o RCA Club foi, mais uma vez, palco de uma noite memorável. Em causa estava a celebração do punk português.
Os Peste & Sida decidiram fazer um concerto especial para todos os que acompanham a sua carreira. Este concerto servia para assinalar quase 30 anos de história e histórias.
A primeira parte estava a cargo dos Gazua, banda lisboeta de rock formada em 2007. Na sua história, carregam já cinco álbuns, tendo lançado o último este ano – Sobrenatural.
Com letras em português e uma garra única do típico rock do início dos anos 80, os Gazua são uma banda de intervenção. Aclamam a atitude e incitam a coragem. Tudo isto envolto numa mistura de riffs de rock com alguns toques de baquetas de punk que aceleram o ritmo e criam frenesim entre o público. A voz de João Morais, grave e rouca, faz apelos enquanto canta de forma crua e estimula a sensibilidade para a realidade do quotidiano.
Entre o alinhamento havia “Envolve-me” e “Sangue Bravo” do último álbum e “Revolta”, “Música de Volta” e “Vontade de Gritar”, entre outras. João Alves dos Peste & Sida participou nas duas últimas músicas e o concerto termina com o apelo “Se tens vontade de gritar, grita!” e assim foi.
O intuito dos Peste & Sida era revisitar os primeiros álbuns da banda de 1987 a 1990: Veneno, Portem-se Bem e Peste & Sida É que É num espectáculo que prometia uma noite cheia de convidados e surpresas. A maioria dos convidados já tinha pertencido à banda e outros eram apenas amigos. Em cima do palco estiveram João Almendra, Fernando Raposo, Marco Franco, Nuno Rafael, João Leitão, Zé Vilão, Luís Sampaio, Sérgio Nascimento e as Cotonetes.
Durante quase duas horas de concerto o caos foi instalado. As explosões musicais dos acordes puros, crus e sujos, os riffs a rasgar o ambiente, as paragens e arranques típicos do punk, as vozes a ecoar cheias de raiva e revolta, as duas baterias (quase sempre tocadas ao mesmo tempo com o ritmo veloz deste estilo musical) tiveram como resultado pessoas a voar, cerveja pelo ar, crowdsurfing e muito, mas muito mosh. Num RCA esgotado, o público abrangia todas as idades, fazendo-se notar a grande legião de fãs da banda. O entusiasmo e rendição respiravam-se no ar.
De facto, houve uma festa naquela sala. Uma festa de punk, amizade e família. O punk está bem vivo e recomenda-se! Os Peste & Sida preencheram vazios e ajudaram a libertar energias. Algumas chamadas de atenção ao longo do concerto para pequenos pormenores que costumamos descuidar e, claro, muita revolta contra a carneirada! Unidos fizeram a força e marcaram uma grande noite!
Êxitos como “Furo na Cabeça”, “A Verdadeira História de Alcides Pinto”, “Orgia Paroquial”, “Pátria Sábia”, “Não há Crise”, “Paulinha”, “Sol da Caparica”, “Gingão” e “Chuta Cavalo”, entre outros, remeteram o público aos anos 90 e ao despoletar do movimento punk em Portugal. Com direito a dois encores, no segundo fez-se uma homenagem a João Ribas e tocaram uma música que partilhavam com ele nos Kamones – “Sheena Is A Punk Rocker”. Um final emocionante e emocionado para um concerto que não se vai esquecer.
Texto – Eliana Berto
Fotografia – Nuno Cruz
Promotor – Rastilho Records