2015 foi um ano repleto de grandes momentos musicais para o Música em DX, e por este motivo pedimos a quem escreveu sobre estes momentos que partilhasse com os nossos seguidores quais foram os mais marcantes do ano.
Carla Sancho +info
Scott Matthew, 20 de Abril no Cinema S. Jorge em Lisboa
“Entrelaçou os cravos vermelhos no microfone e dançou com os dedos longos no ritmo do tempo daquele instante. Soprou a delicadeza da sua voz na nossa alma durante duas horas, e deixou-nos inteiros. Nessa noite nasceu o Henrique Sancho Marquez.”
Chris Eckman, 23 de Maio no Teatro João d’Oliva em Alcobaça
“Músicas cinematográficas, cenários de vilas terracota e de casas de madeira rachada. Uma viagem aos Estados Unidos desertificados de vida, de estórias de bandidos e de desencontros de amores. Nessa noite o meu amigo Luís Sousa fez anos.”
Patti Smith, 21 de Setembro no Coliseu dos Recreios em Lisboa
“Depois de mergulhar um mês na história da sua preenchida vida e me deixar enfeitiçar pela sua poesia, o momento do concerto. Intensidade poética no grave das cordas vocais, concentração de energia a cada verso a cada refrão. Uma aura branca irradiou-se do palco e espalhou-se por toda a sala transformando-se numa massa homogénea de VIDA! Para mim o melhor concerto do ano.”
Fotografia – Everything is New
Carlos sousa vieira +info
“2015 poderá ter sido bom presságio para o 2016 cheio de concertos que vem aí, e prova disso foram os bons festivais e concertos que aconteceram em território nacional. Por toda a magia que se sentiu no final de tarde no Porto, o concerto de Patti Smith foi uma verdadeira missa de fé para todos aqueles que acreditam na música. E como a saúde da música nacional anda boa, tinha de destacar o Auto-Rádio do Benjamim, com todo o encanto que o seu Volkswagen tem. O álbum é novo e merece ser ouvido e re-ouvido em 2016. Pista tem de merecer destaque, claro.”
Concerto marcante: Patti Smith no NOS Primavera Sound
Fotografia – Hugo Lima | NOS Primavera Sound
Álbum nacional do ano: Benjamim e o seu Auto-rádio
Revelação boa de 2015: Pista e o seu Bomboleio
ANTÓNIO MOURA DOS SANTOS +info
“2015 foi um ano muito desafiante para mim. A braços com um trabalho a full-time, tentei equilibrar o meu quotidiano de labuta com a necessidade intrínseca de assistir e escrever sobre música. Antes de mais, é com agradecimento que assino esta curta digressão, ao Música em DX e ao Luís em particular, pela oportunidade que me deu e pela paciência que teve comigo. Sem qualquer pretensa de objectividade, os concertos que destaco aqui são aqueles que me levam a esboçar um sorriso quando passo este ano frenético em revista.”
Patti Smith no NOS Primavera Sound
“Sem grande rigor técnico nem particular ética de trabalho, tento, pelo menos, manter-me expectante e sóbrio quando assisto a um concerto, numa (talvez vã) busca fazer uma reportagem o mais rigorosa quanto será possível. Todas essas convenções auto-impostas caíram por terra quando Patti Smith subiu ao palco. O concerto no Primavera (não o acústico, a esse não assisti) mostrou ser impossível não ser contagiado pela atitude de quem, numa era de cinismo, ainda acredita que a música pode mudar o mundo e que, no alto dos seus 68 anos, faz corar muito boa gente no que toca a entrega e energia em palco.”
Fotografia – Hugo Lima | NOS Primavera Sound
Sleep no Reverence Valada e Carcass no Deathcrusher Fest
“2015 revelou ser um ano profícuo para satisfazer o metal fix de todos nós. Contudo, nenhum concerto chegou perto do êxtase decibélico como a litúrgica actuação dos maiores-que-tudo Sleep e a masterclass em dissecar cadáveres com melodia e técnica em igual mestria dos Carcass. Em ambos os casos, o coração agradeceu enquanto o pescoço pedia clemência. Sem efeito, claro.”
Menções Honrosas:
– Gojira (Meo Arena – Sala Tejo)
– Josh T Pearson (Musicbox)
– Calibro 35 (Reverence Valada)
– Run the Jewels (NOS Primavera Sound)
– The Picturebooks (Soundbay Fest)
– Turnstile (República da Música)
– Spiritualized (NOS Primavera Sound)
pedro raimundo +info
“A atuação de Slam Allen no Baixa da Banheira Blues Fest foi o melhor concerto a que tive a felicidade de assistir no ano que agora deixamos para trás. Uma entrega total e uma musicalidade inata fizeram da atuação do bluesman norte americano um momento que será fácil recordar em qualquer momento da minha vida.”
Golden Teacher na Galeria Zé dos Bois
“A Galeria Zé dos Bois foi palco para alguns bons concertos em 2015, mas o melhor foi sem dúvida o dos escoceses Golden Teacher. O sexteto incendiou a noite com ritmos contagiantes, dança e pura energia musical, deixando a sala a pedir por mais.”
Tara Perdida no Santa Summer Sounds
“Os veteranos Tara Perdida deram um excelente testemunho da boa saúde do rock em português no festival Santa Summer Sounds. Por entre clássicos e novos temas, e num momento em que muitas bandas/músicos não sabem bem que direção seguir, os Tara Perdida mostraram como se faz para fazer o público sentir que o dinheiro do bilhete foi bem empregue: garra e convicção!”
ELIANA berto +info
“Os tops são sempre muito difíceis de fazer, até porque existem sempre vários concertos que marcam. Há sempre a melhor performance, o melhor som, as bandas preferidas, aquelas que tocam, as que fazem chorar e as que não levantaram nem um pêlo do corpo. Este ano o Música em DX proporcionou-me grandes momentos e concertos únicos que me deixaram com um grande sorriso no rosto. É difícil equilibrar um top, mas a minha escolha vai recair sobre a mescla de todos os factores referidos acima.”
The War on Drugs no Vodafone Paredes de Coura
“Simplesmente único, perfeito e maravilhoso em todos os aspectos.”
Fotografia – Hugo Lima | Vodafone Paredes de Coura
“Aquela energia contagiante e poder sobrenatural que nos faz questionar a nossa lucidez.”
“A união de talentos que se transformou em comunhão e partilha de amor.”
Steven Wilson no MEO Arena – Sala Tejo
“A envolvência melancólica de histórias de vida e riffs perturbadores.”
“A sensibilidade e humildade conjugadas com um talento musical extraordinário.”
joão castro +info
“Listas, sinónimo de Segunda-feira de manhã sem café. Causam indisposição natural e mais que justificada. No supermercado, na farmácia, locais de que dispenso frequência assídua, e nem embebidas em medronho as engulo. Nesta, há um conjunto de limitações propostas e auto propostas que me agrada. Excluí todos os concertos em festival e tive como factor determinante o quanto este contribuiu para a qualidade do texto. Ou seja, não necessariamente o melhor, mas o que mais gozo me deu escrever.”
White Hills no Musicbox Lisboa
A nós resta-nos agradecer a todos aqueles que nos ajudaram a concretizar e a estar presentes nestes momentos. 2016 está a chegar e já não temos qualquer dúvida que será um dos anos mais “efervescentes” no que diz respeito à música que irá passar por Portugal. Como sempre, onde estiver a melhor música nós esperamos lá estar.
Fotografia (Capa) – Everything is New