Pouco se podia esperar que uma noite de início de semana pudesse proporcionar tão boas energias e lições dicotómicas de música. Esperava-os um RCA Club lotado. Não havia espaço para mais uma alma e o espaço estava coberto por uma só.
The Aristocrats, um supergrupo composto por Guthrie Govan (Asia, GPS, The Young Punx and The Fellowship e Steven Wilson) na guitarra, Bryan Beller (Dethklok, Mike Keneally, Steve Vai, James LaBrie e Dweezil Zappa) no baixo e Marco Minnemann (Steven Wilson e Joe Satriani) na bateria, pisava um palco luso pela primeira vez e a ansiedade era partilhada entre eles e o público. Dividiram connosco 2h de puro poder musical e da dureza que tão bem os caracteriza.
Por entre histórias reais e simbólicas que continham a explicação do nome de cada música e ainda uma quota de humor, os nobres da música guiaram-nos por solos loucos e extravagantes de cordas e por uma bateria tocada a dois pés e, quase, 4 mãos coberta de algo mágico e estrondoso que a fazia ganhar vida.
Estes ilustres cavalheiros do rock, tocam uma mescla de heavy metal com metal progressivo e rock instrumental, tudo sem cantar uma única palavra e nem precisavam. Os instrumentos falam por eles e gritam alto melodias contagiantes capazes de nos sugar para um universo onde os riffs electrizantes e as faixas longas bordadas com contornos de luxo nos envolvem em perfeita harmonia.
A sua alegria e simpatia ajudaram à cerimónia que contou, também, com porcos e galinhas de borracha a criar música com os seus sons sensíveis ao toque. Pelos 120 minutos de magnetismo musical, deram a conhecer faixas que compõem o último álbum lançado no ano passado – Tres Caballeros – como “Stupid 7”, “ Jack’s Back”, “Texas Crazy Pants”, “Pig’s Day Off”, “Smuggler’s Corridor” e “The Kentuky Meat Shower”.
Não podiam sair sem nos ofertar um solo de um dos melhores bateristas do mundo, Marco Minnemann, que deixou qualquer um boquiaberto e deslumbrado com tamanha proeza de mãos e talento grandioso.
Pouparam-nos ainda de pedir encore e fizeram um de seguida com mais uma faixa, terminando com vários elogios ao público português e deixando a promessa de um rápido regresso.
Uma vénia não seria suficiente para agradecer a noite que proporcionaram. Voltem em breve!
Texto – Eliana Berto
Fotografia – Nuno Cruz