É com 2016 que nos chega o quinto disco dos peixe:avião, Peso Morto, e a banda tem o seu Fevereiro planeado de modo a mostrar ao país o seu novo trabalho. No passado dia 6 actuaram no Rivoli no Porto com a casa cheia e por isso esperava-se o mesmo do Lux Frágil em Lisboa, que a grande mudança na sonoridade do disco não deixasse de trazer pessoas em grande número à sala do concerto em noite de semana.
Com hora marcada para as 23h, a única maneira de entrar no Lux para assistir ao concerto era com a apresentação do talão de compra da versão CD do álbum numa loja da FNAC, mas para prevenir estava também à venda no próprio dia à porta do Lux por 9,99€. Esta é uma condição admirável e que deve ter atraído ainda mais público, bastava comprar o disco e gratuitamente tinha direito a estar no concerto. Talvez esta prática se generalize.
Uma vez na sala do concerto, a crescente audiência esperava debaixo de cerca de meia centena de longas lâmpadas suspensas caoticamente sobre todos que aproveitavam o tempo para conviver. O ambiente estava claramente agradável. Quando as máquinas de fumo começaram a trabalhar em antecipação à entrada em palco da banda, já a sala estava cheia por isso não demorou a que as figuras dos elementos da banda aparecessem em palco pelo escuro. A partir daí o som dos instrumentos foi gradualmente aumentando acompanhado pelas luzes da sala. Com os elementos da banda virados para si mesmos numa ideia de colectivo, foi-nos apresentado o resultado de um disco sem o conceito de individualismo, num palco recheado de instrumentos musicais presenciámos temas com sons muito mais à base de ruído que foram bem recebidos pelo público como os aplausos testemunharam!
Não são a típica banda que percorre o palco irrequieta, ou que mantém uma constante comunicação com as pessoas ao longo do espectáculo, tal não combinaria com o carácter que a banda agora assume, têm agora uma qualidade mais sombria que tanto o nome do álbum, a arte da capa do álbum ou o vídeo no fundo do palco atestam. A voz continua a ser uma componente essencial embora mais distorcida do que nunca, e a bateria tornou-se mais pujante e mais ritmada ao impôr-se acima dos restantes.
Para o encore tivemos dois temas do álbum “peixe : avião”, Espirais e Prismas que fez toda a gente aplaudir ao ritmo da bateria, e que fez a noite ser encerrada ao som de tantos aplausos. Deu ainda para ver o vocalista a tirar uma foto à audiência com o seu telemóvel antes de desejar a todos uma boa noite e nos deixar de novo entregues ao convívio. Resta agora continuarem o bom trabalho nas próximas datas ao vivo.
Texto – Samuel Pereira
Fotografia – Ana Pereira