Opinião Reviews

Sam Alone & The Gravediggers, Tougher Than Leather

Poli Correia tem-se mostrado ao longo do tempo um compositor e um artista multifacetado nas artes da música. Membro de vários projectos que vão do folk ao hardcore revela mestria e uma grande capacidade de demonstrar que a sua paixão é apenas uma – a música. O talento e a humildade são características inatas e a garra também. A coesão e qualidade daquilo que faz é gritante, de tal maneira que vê amanhã ser reeditado o seu último trabalho lançado em 2014 – Tougher Than Leather – pela editora internacional People Like You Records.

“Eles é que deram por mim, penso que já andavam de olho na minha música há algum tempo. Talvez por conhecerem Devil in Me e pela tour que Sam Alone já tinha feito pela Europa, propuseram e aceitei, claro.”

Trata-se de uma reedição especial, que não só vai chegar aonde ainda não tinha chegado, como também traz uma faixa extra – “Crucify”.

Mas Poli, ou Sam Alone, não está sozinho. Conta com os The Gravediggers, companheiros de palco e de aventuras que ajudaram e ajudam à construção e qualidade sonora que percorre o álbum. Eles são o Pedro Matos na guitarra ritmo, o Nuno Marques na bateria, o João Ricardo na guitarra, Ricardo Cabrita nas teclas e Roy Duke no contrabaixo.

“O meu trabalho ser editado por uma editora internacional significa que a minha música pertence ao mundo. Acho que o facto de cantar em inglês é, na verdade, bom.”

“Brothers and sisters lovers and believers, dreamers and renegades, those are my heroes!” é assim que este disco inicia a sua jornada com a faixa “Believers and Renegades” (video clip lançado dia 18 de Fevereiro). Uma dedicatória também! Talvez sejam estas pessoas que fazem a música de Sam Alone continuar, crescer e manter-se mais resistente que o couro.

Tougher Than Leather não é só mais um disco! É uma alma, uma paixão e uma partilha de consciências. A acompanhar uma composição carregada de ritmo, magia e gritos aconchegantes de acordes de folk, vem uma lírica repleta de apelos, critica social, histórias e chamadas de atenção. Na maioria autobiográficas, as letras que Poli escreve, não nascem com o objectivo de ficar bonitas e soarem bem ao ouvido. Cada faixa traz uma mensagem e um motivo para não parar. Frustrações, ambições, vitórias e derrotas, tudo nos torna melhores e nada é motivo para desistir, seja do que for.

Ao longo de 11 faixas, este álbum caminha numa linha ascendente. A maturidade cheira-se ao longe. A complexidade instrumental que consegue unir vários tipos de instrumentos fica engrandecida com o toque aconchegante do contrabaixo ou com a harmonia das teclas, enquanto a voz, dona de si, nos massaja o espírito. Em “Gardens of Death”, o trilho inicia-se com uma comunhão de riffs dotados de dons hipnóticos. Já em “God’s Not Around”, a bateria assume o papel principal na construção do ritmo e consegue elevar a necessidade da expressão corporal se fazer notar. Em “Coffins and Dog Tags” assiste-se ao casamento perfeito entre a voz e a guitarra acústica, fazendo todo o sentido face ao conteúdo da mensagem a transmitir. A “Shadow Of The Hero” conta com a participação de Inês Miranda na voz que, conjugada com o ritmo apaixonante que as cordas produzem, nos encaminha para o calor melódico e confortante da soul e do blues.

Por fim, a “Crucify” aparece como oferenda e como um marco crucial nesta edição.

“Passei um mau bocado psicológica e emocionalmente com o processo de passar o disco para outra editora. Esta música surgiu nessa altura e é sobre isso que a letra fala. Aplica-se a todas as editoras que, na hora da verdade, fazem os músicos passar mal. Não se pode brincar com o sonho de quem se entrega de alma e coração.”

As emoções tanto podem ter uma expressão negativa como positiva, de acordo com o que estamos a sentir. Apesar do sentido de algumas letras nos guiar o pensamento para locais escuros da vida, este álbum consegue transmitir tudo de positivo. É impossível não ficar contente ou com um sorriso esboçado no rosto com o alimento doce que os ouvidos degustam. A alma e o coração são componentes deste disco. A alma e o coração de Poli, dos Gravediggers e, no fundo, de toda a gente.

O disco vai ser apresentado já amanhã, no dia do seu lançamento, no Canecas Bar em Paços de Ferreira com The Lemon Lovers a fazer a primeira parte e, sábado, dia 19 de Março no RCA Club em Lisboa com o Fast Eddie Nelson a abrir o espectáculo.

“O Setlist vai ser bem diferente. Vamos tocar esse set nestes 2 concertos em Portugal. De resto… Vou fazer o que sempre fiz!”

Na nossa opinião, não devem considerar a opção de perder este concerto.

Sam Alone & The Gravediggers seguem para uma digressão europeia que inclui as seguintes datas:

30.03.16 (CH) Zürich – Hafenkneipe
31.03.16 (CH) Herzogenbuchsee – Altes Schlachthaus
01.04.16 (DE) Karlsruhe – Alte Hackerei
02.04.16 (DE) Chemnitz – AJZ
04.04.16 (DE) Hannover – Lux
05.04.16 (DE) Berlin – Cassiopeia
06.04.16 (DE) Hamburg – Rock Cafe St. Pauli
07.04.16 (DE) Bochum – Trompete
08.04.16 (NL) Den Bosch – W2

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Texto – Eliana Berto
Fotografia (Capa) – Valentina Ernö (Silvana Delgado)