Foi na passada sexta-feira, dia 11, que o Musicbox abriu mais uma vez as portas a uma festa. Desta vez tratava-se da festa de lançamento de This Glorious No Age, o último álbum dos Youthless dado a conhecer ao público no dia 07 de Março. Para abrir a festa os convidados eram LAmA e Jibóia, a solo e com partilha de momentos e músicas.
Para um público ainda um pouco frio e distante, LAmA, ou João Pereira, subiu ao palco à hora marcada. Saído de bandas como Riding Pânico e If Lucy Fell, João Pereira transporta sonhos inquietantes para as teclas e sintetizadores. De cabeça baixa, compenetrado na sua magia e paisagens de loops ténues que iam em crescendo para depois explodirem em formas de psicadelismo divagante.
No fim de meia hora, Jibóia divide o palco com LAmA. Tocam juntos ou intercalados num complexo de sintetizadores profundos e perturbadores. O som sobe um degrau para os beats electrónicos e vai ficando cada vez mais carregado e pesado. Os acordes subtis da guitarra mal conseguem ouvir-se e os beats tomam conta do corpo do público. Jibóia fica sozinho e pelas colunas saem guinadas de loucura e uma música electrónica grave com uma cortina oriental, aclamando com uma voz distorcida representações fonéticas que rapidamente nos remetiam para uma sala de chá com xixas e incensos. O som enquadrar-se-ia perfeitamente no fim da noite ou numa noite de electrónica mais pesada, tendo destoado ligeiramente à hora a que foi.
This Glorious No Age é o primeiro álbum de Youthless e tinha tudo para criar uma boa festa cheia de calor, energia e loucura que quase nos guiou a uma noite de verão.
Os dois convidados que já fazem parte da família e os vão acompanhar em palco durante a tour: o Francisco Ferreira (Capitão Fausto e Bispo) e o João Pereira (LAmA), assumiram as teclas e os sintetizadores e guiaram o concerto até aos vértices mais electrónicos do álbum durante a apresentação do mesmo.
O álbum foi apresentado na íntegra mantendo o alinhamento e, apesar de soar mais sujo que em estúdio, os Youthless mostraram-se imparáveis e incansáveis. A energia de Alex, incapaz de se manter na sua posição, era contagiante. Este, com uma peruca e babete a remeter para a época da nobreza e burguesia, saltava, passeava, subia escadas, vestia casacos da plateia e desenvolvia performances frenéticas e loucas.
Ao vivo o álbum poderia resultar melhor. Talvez com um som mais cuidado e um pouco menos sujo, não pareceria uma faixa apenas no seu todo. Sendo que, em minha opinião, a melhor parte do concerto foi quando fomos sugados para temas mais antigos da banda e pudemos passear por entre ritmos mais concisos e menos abstractos. Arriscaria dizer que o uso de sintetizadores tenha sido exagerado anteriormente.
“Monstra”, “The Beasts”, “In Motion”, “Casper Butterflip” e “Drugs” chegariam para salvar a noite e criar um misto de empatia com desordem e caos. A plateia estava eufórica e, claramente, fora de si. Em palco o cenário não era diferente. Assistiu-se a uma cerimónia bonita mas, aos meus ouvidos, não tão boa como poderia ter sido.
Texto – Eliana Berto
Fotografia – Ana Pereira