O projecto de João Vieira, o mítico Dj Kitten e um dos mentores dos X-Wife, White Haus prepara o seu novo álbum de originais. Depois de, em 2013, se estrear com um E.P. homónimo de clara inspiração Disco-Punk e de, no ano seguinte, ter editado o seu primeiro longa-duração – “The White Haus Album” – explorando territórios mais cósmicos, João Vieira acaba de gravar o seu sucessor, sintetizando, de forma superior, a amálgama de sons de que é herdeiro e que compõem a sua singular personalidade.
“This is heaven”, single de avanço do segundo álbum de White Haus, estreado a 19 de fevereiro, retrata na perfeição este percurso feito duma assimilação e transformação, quase caleidoscópica, que torna a sua visão musical única. O Música em DX esteve à conversa com o artista para procurar saber um pouco mais desta nova etapa.
Música em DX (MDX) – The White Haus Album foi considerado por ti como uma súmula da tua vida musical. Tendo esse marco como ponto de partida, para aonde segue este novo álbum?
João Vieira (JV) – Este novo disco tem uma orientação um pouco diferente, enquanto que o primeiro ainda estava num processo de descoberta e de uma identidade para o projecto neste segundo disco já foi tudo mais intuitivo e menos pensado, no entanto acaba por ser um disco muito mais cuidado a nível de produção.
MDX – Como é que abordaste a composição para este novo lançamento? Foste acumulando ideias ao longo dos últimos dois anos ou paraste para te focar especificamente no novo material?
JV – Dois dos temas fui trabalhando durante um ano com períodos de descanso pelo meio, o resto do disco foi escrito em mais ou menos um mês.
MDX – O novo tema, This is Heaven, é um cartão de visita bastante enérgico ao novo álbum. Serve de prenúncio para o que será a ambiência desse disco vindouro?
JV – Sim, este disco vai buscar algo mais próximo ao primeiro ep, em que o baixo tem bastante protagonismo, toda a secção rítmica tem grande destaque nas musicas.
MDX – Como é que tu e o Vasco Mendes abordaram a realização do videoclip de This is Heaven? Parece querer retratar a confusão que é estar apaixonado.
JV – Não sei se é bem estar apaixonado, a musica é sobre um escape à rotina, uma saída para algo que quebra o dia mas que com o tempo vai se tornando rotineira e não se sabe bem até onde pode ir.
MDX – Escrever sozinho, por oposição a criar música numa banda como os X-Wife, parece ser mais libertador mas também acarta mais responsabilidades. Como é que tem sido esta experiência para ti?
JV – Sinto o oposto, em White Haus tenho uma experiencia completamente libertadora. Não tenho que agradar ninguém, não tenho de estar em sintonia com ninguém, faço o que me apetece e sigo o meu instinto. Sinto algo de realmente libertador quando estou a criar o disco, posso explorar todas as minhas influencias e quebrar todas as regras.
MDX – O teu currículo é extenso, mas arrisquemos. Sendo, ou tendo sido, DJ, promotor, compositor, produtor, intérprete, letrista e designer gráfico, haverá algo mais a fazer artisticamente na tua vida? Que planos te vês a empreender no futuro?
JV – O meu futuro é algo incerto, neste momento penso só nos próximos meses, fui aprendendo com o tempo que não vale a pena fazer muitos planos a longo prazo pois a vida dá muitas voltas e acaba sempre por te surpreender. Quanto a atividades artísticas, ano passado decidi cortar com tudo o que estava a fazer e dedicar me unicamente à musica pois tenho ainda muitos universos para explorar dentro desta área e para isso preciso de me focar.
Neste momento apenas se conhece a presença de White Haus no festival NOS Primavera Sound 2016 (dia 10 de Junho), mas é de esperar que a propósito do lançamento do novo álbum consigamos ver João Vieira ao vivo mais cedo. Aguardemos então.
Entrevista – António Moura dos Santos
Fotografia (capa) – Luis Espinheira