Aconteceu mais uma edição do Moita Metal Fest e mais um ano em que o festival dá vida à vila da Moita e a enche de música pesada.
As portas da Sociedade Filarmónica Estrela Moitense abriram-se, novamente, para abraçar o evento e as pessoas que foram de toda a parte do país e ate do estrangeiro. Neste pavilhão falou-se de underground e provaram-se todas as suas variações.
No primeiro dia, em jeito de habituação e para não causar transtorno a saídas do emprego e deslocações até à Moita, o festival abriu as portas às 20h e deu início aos concertos às 20h30. Os Hotkin tocaram em primeiro e, logo de seguida, os Sunya.
Já com a sala mais composta e algum alimento na barriga, os Neoplasmah sobem ao palco acompanhados pela música do Predador “Main Title” de Alan Silvestri. Estão mascarados e prontos para fazer estremecer o chão e levantar alguns tacos de madeira. É inexplicável a expressão vocal de Sofia que tanto tem de assustadora como de magnética. Ondas densas de death metal encheram a sala de energia. São quase 15 anos de experiência e isso é notório! Em meia hora trouxeram-nos 8 faixas, entre as quais “Ravishing Theatre os Chaos”, “Auguring the Dusk of a New Era”, “Ruins of a Sham Empire”, Realm of the Lost Soul” e “Stargate to Infinity”.
Para não deixar os corações pousar, até porque ali ninguém estava para acariciar os ouvidos, entram de seguida os For The Glory. Às primeiras notas forma-se de imediato o circle pit e todos os seus derivados. Com um ritmo alucinante e extremamente veloz, até porque Ricardo diz e bem “o pessoal precisa de músicas rápidas”, o concerto aumenta a intensidade a cada passagem de faixa. É tudo tão rápido que Ricardo rasga o sobrolho num abraço a um fã. Em cerca de 40 minutos ouvimos faixas como “Fall in Disgrace”, Armor of Steel”, “All Alone”, “Some Kids”, “All The Same” e “Survival of The Fittest”. Toda a gente berrava as letras e, por breves momentos, quase sentimos o coração na garganta.
Era a hora dos anfitriões do Festival apresentarem o novíssimo Flesh & Bones, oferecido a todos os possuidores de bilhete do festival. Vêem-se pessoas pelo ar e quase que é visível o coração delas a sair do corpo. O ritmo puxa a isso e a muito mais. O som dos Switchtense é um metal pintado com contornos de thrash e algum hardcore criando um explosivo capaz de deitar a baixo a vila inteira! De Flesh & Bones ouviram-se “All or Nothing”, “Super Fucking Mainstream”, “Ignorance is Bliss”, “Six Feet Underground” e “Monsters”. Sem dúvida que o álbum foi aprovado e a satisfação das pessoas não podia estar mais completa.
Por fim, os cabeça de cartaz, anciãos na maturidade da aprendizagem da vida e na vida de palco, Entombed A.D., terminaram a noite com uma verdadeira noção de partilha. Os genes desta pairaram ao longo do concerto: sentiam-se na distribuição de boa música e de álcool.
Com um death metal forte e corpulento o caminho fez-se para a loucura e caos. A simbiose com o heavy metal fazia a diferença e os solos de cordas aveludavam os ouvidos e construíam ondas graves e hipnóticas. A voz nítida e sábia conhecia sempre o seu lugar e entoação. Talvez o calor do whisky ajude ao conforto das cordas vocais (Lars-Göran Petrov entrava em palco com uma garrafa pela mão). Em cerca de 1h10 passaram pelos temas dos antigos Entombed, como “Living Dead”, “Chaos Breed”, “Revel in Flesh” e “Left Hand Path”, sempre com o público a acompanha-los tanto vocal como corporalmente. Houve ainda tempo para um encore de duas músicas, fazendo as despedidas ao som da “In League With Satan” dos Venom. A felicidade existiu tanto em cima do palco, como abaixo dele e os suecos provaram que o metal lhes corre pelo sangue e explode nas suas colunas.
Apesar do turbilhão de elementos sensoriais e de sentidos descobertos nesta noite, a alma estava em paz. A noite pedia descanso e o corpo tinha de recuperar para o segundo dia de festival que se ergueria após umas horas.
Texto – Eliana Berto
Fotografia – Daniel Jesus
Evento – Festival Moita Metal Fest’16