São cinco os nomes de peso que fecham o cartaz da primeira edição do VOA 2016. Diretamente da Noruega para a Margem Sul do Tejo, o incontornável e emblemático ABBATH, tornado famoso como líder dos lendários Immortal, com os quais se tornou um dos mais importantes porta-estandartes do black metal escandinavo, vai trazer ao palco da Quinta da Marialva os riffs gélidos e cortantes, injetados de atitude rock’n’roll que deixaria muito orgulhoso o malogrado Lemmy, da sua estreia em nome próprio, protagonizando assim a muito aguardada estreia em solo nacional de um dos nomes mais badalados do último ano no espectro da música extrema. Mantendo a mesma toada obscura, mas numa abordagem mais experimental, desafiante e progressiva, os suíços SCHAMMASCH e os italianos ADIMIRON prometem surpreender com as suas visões pouco convencionais do black e death metal, respetivamente, enquanto os espanhóis SOLDIER e os nacionais EQUALEFT representam o que de melhor o movimento underground ibérico tem hoje para oferecer. Cinco contratações de luxo, que se juntam aos já previamente anunciados OPETH, KREATOR, ANTHRAX, ANATHEMA, KATATONIA, MANTAR e DARK OATH num evento bem pesado mas eclético que, durante os dias 5 e 6 de Agosto, promete transformar a Quinta da Marialva, em Corroios, num ponto de paragem obrigatória para os apreciadores indefetíveis da música extrema em todas nas suas vertentes.
Quando, corria o mês de Março de 2015, ABBATH anunciou que tinha deixado os Immortal, a sua banda de sempre, a notícia provocou ondas de choque que, para o melhor e para o pior, abanaram o cenário metal de uma forma inequívoca. Há muito que a inconfundível imagem do frontman da banda de Bergen se tinha tornado icónica, com o carismático músico a transformar-se numa das “caras” mais reconhecíveis do movimento black metal norueguês. No período compreendido entre 1991 e 2015, interrompido apenas por um pequeno interregno já na viragem do milénio, Olve Eikemo liderou uma das mais poderosas forças alguma vez saídas do controverso boom da cena underground escandinava dos anos 90 e que, apoiada numa sequência irrepreensível de álbuns que inclui clássicos como «Battles In The North», «At The Heart Of Winter» ou «Sons Of Northern Darkness», acabou por afirmar-se como uma das mais aplaudidas e melhor sucedidas bandas da sua geração. Não é por isso propriamente estranho que, face à abrupta separação dos seus ex-companheiros de grupo, o guitarrista/vocalista se tenha atirado quase imediatamente de cabeça a uma há muito adiada carreira a solo que, desde a edição da demolidora estreia homónima em Janeiro deste ano, muitos elogios lhe tem valido por parte da imprensa especializada e do público em geral. «Abbath» reúne todos os elementos que tornaram famosa esta figura grotesca, com a abertura a cargo do trio «To War!», «Winterbane» e «Ashes Of The Damned» a carregar com uma força avassaladora toda a fúria selvagem de uma tempestade de neve no Ártico. No entanto, ao quarto tema, Abbath Doom Occulta prova que esta sua nova aventura musical, onde repete a colaboração com King Ov Hell, que já o tinha apontado na estreia dos I, pretende ir muito além da repetição de fórmulas conhecidas. Alicerçado no mais que reconhecido talento para a composição do ex-baixista dos Gorgoroth, Sahg e Audrey Horne, um tema como «Ocean Of Wounds» prova que a banda está apta também a interpretar hinos a meio-tempo que, construídos a partir de riffs cortantes e de uma sonoridade bem pesada, dura e, ainda assim, cativante e melódica, revelam a exploração de uma vasta gama estilística, capaz de agradar a fanáticos dos Bathory, Motörhead ou até mesmo Kiss. Resultado, tanto em estúdio e como em palco, onde já provaram o seu valor com participações explosivas em vários festivais e na digressão norte-americana que estão atualmente a levar a cabo com os High On Fire, Skeletonwitch e Tribulation, ABBATH e companhia mostram-se prontos para conquistar o mundo.
Provenientes de Basileia, na Suíça, os SCHAMMASCH foram buscar inspiração a Samas – o Deus do Sol na mitologia Acádia/Babilónica – para a sua designação e, pouco interessados em vergar-se a questões de género, optaram por focar-se desde os primeiros passos naquilo que consideram ser mais artisticamente significativo para criarem o seu corpo de trabalho. Daí que o que fazem possa ver observado como uma visão futurista e progressiva do black metal, com os músicos apostados em equilibrar-se no fio de uma navalha moldada a partir de atmosferas obscuras, doom letárgico e misticismo hermético. Depois de passar mais de um ano fechado na sala de ensaios a delinear o primeiro passo, o grupo hoje composto por Chris S.R. na guitarra e voz, Boris A.W. na bateria, M.A. na guitarra e A.T. no baixo editou o primeiro registo de longa-duração, «Sic Luceat Lux», em Outubro de 2010. Apesar da distribuição reduzida, a sua visão artística muito peculiar suscitou boas críticas por parte da imprensa – com a revista alemã Legacy a descrevê-los como “uma obra de arte no espectro da música extrema” – e permitiu-lhes receberem as primeiras ofertas para atuarem ao vivo. As reações não se fizeram esperar e, dois anos depois, tornam-se a primeira banda suíça a integrar o catálogo da influente Prosthetic. Em 2014 é editado «Contradiction», um ambicioso álbum-duplo concebido em parceria com V. Santura, reputado produtor e guitarrista dos Triptykon e Dark Fortress. A colaboração permitiu-lhes apresentarem um colosso negro ainda mais desafiante, composto por 85 minutos de música arrojada e com pouco de ortodoxo. O registo mais recente do quarteto de Basel chama-se «Triangle» e, como o título faz adivinhar, é um álbum-triplo, que amplifica todos os predicados vanguardistas espelhados nos dois discos anteriores, afirmando-os de vez como um dos mais dignos herdeiros da tradição progressiva que tornou famosa a música extrema suíça.
O death metal técnico e progressivo dos italianos ADIMIRON começou a tomar forma quando, em 1999, o guitarrista David Castelli e o baterista Alessandro Carotenuto encetaram uma parceria e compuseram os primeiros temas juntos, ainda sob a designação Angels Of Darkness. Durante os três anos seguintes estabeleceram a formação com a entrada do vocalista Leonardo Alegria e do baixista David Corliano, mudaram de nome e gravaram duas maquetas. Pouco tempo depois fazem a primeira digressão, atuando como “suporte” aos Belphegor e The Crown e, já em 2003, apesar da mudança dos músicos para Roma, mantêm uma atividade regular ao vivo. Pelo meio entram em estúdio para gravar o álbum de estreia, «Burning Souls», que é lançado mundialmente no ano seguinte através da Hammerheart. Aproveitando o embalo, assinam as primeiras atuações fora do seu país ao lado de grupos como Vader, Behemoth, Dark Funeral, Dismember, e Destruction. É já com Danilo Valentini como segundo guitarrista que voltam a estúdio em 2005 para fazer a pré-produção do segundo disco, mas o súbito desaparecimento da editora holandesa precipita a saída de três elementos, pondo em stand by os seus planos. Voltam à carga uns longos cinco anos depois, com uma formação renovada e «When Reality Wakes Up», o muito bem recebido segundo longa-duração, que lhes permitiu elevarem ainda um pouco mais a fasquia e partilharem palcos com os Annihilator, Meshuggah e Sepultura. Apostados em afirmar-se como uma das mais valorosas propostas saídas do movimento de peso italiano, não mais voltaram a olhar para trás ou a fazer pausas, mantendo um regime regular de edições – «K2» e «Timelapse» foram lançados em 2011 e 2014, respetivamente – e de atuações ao vivo.
Os SOLDIER são uma banda de thrash metal pouco ortodoxo proveniente das Astúrias, na vizinha Espanha. Criados em 2007, alcançaram recentemente notoriedade como um dos projetos mais refrescantes e trabalhadores de que há memória em muito tempo saídos da nova cena espanhola, partilhando palcos com nomes internacionais tão famosos como Overkill, Destruction e Sodom, tocando de norte a sul do seu país ao lado de conterrâneos tão influentes como Angelus Apatrida, Last Society e Lich King e arriscando as primeiras incursões pelo estrangeiro, com passagens por Portugal e França já no currículo. Seguindo as lições dos seus ídolos, os músicos provenientes de Oviedo passaram os primeiros anos da sua carreira a trabalhar arduamente na sala de ensaios, desenvolvendo uma personalidade e aperfeiçoando a técnica, tendo registado três maquetas, com os títulos «Killin D’emo», «Justice» e «Meet Your Society», no período compreendido entre 2007 e 2010. Sem estarem propriamente apostados em reinventar a roda, o som que praticam é reminiscente do thrash da velha escola norte-americana, com raízes óbvias na Bay Area de São Francisco, mas o coletivo formado pelo guitarrista/vocalista Phil González, pelo guitarrista Dani Pérez, pelo baixista Pei García e pelo baterista Lucas Díaz não se coíbe de injetar uma enorme variedade de influências mais recentes – com especial destaque para um balanço pesadão que não renega o seu quê de groove sulista – na música que faz, como espelhado nos dois álbuns, «Gas Powered Jesus» e «The Great Western Oligarchy», ambos autofinanciados, que editaram em 2012 e 2015, suscitando ótimos comentários dentro e fora do seu país.
Contando já com mais de uma década de existência, os EQUALEFT juntaram-se em 2003 e, desde então, têm vindo paulatinamente a afirmar-se como um dos mais trabalhadores e astutos projetos nacionais criados no Séc. XXI. Optando por seguir um esquema de crescimento sustentado, este quinteto do Porto – formado por Miguel Inglês na voz, Miguel Seewald no baixo, Marcos Pereira na bateria e Nuno Cramês e Bernardo Malone nas guitarras – começou por gravar os singles «sober» e «(r)evolution», em 2006 e 2007, sucedidos rapidamente pela maqueta «as the irony preVails» e pelo EP «the truth Vnravels», já em 2010. Esses quatro lançamentos, recebidos de forma muito positiva pelo público e pela imprensa, mostraram uma banda apostada em fugir ao óbvio, à procura de uma linguagem própria enquanto iam, ao mesmo tempo, diluindo as suas referências num som forte e poderoso, em que o virtuosismo dos instrumentistas tem tanta preponderância como a energia e a entrega que caracterizam o vocalista do grupo. Talvez por isso, estabeleceram desde cedo reputação como banda para ver ao vivo, assinando concertos poderosos de norte a sul do país, que não só serviram para exorcizar a sua paixão pelo palco como para se transformarem numa máquina oleada e criarem fortes ligações com grupos do mesmo segmento, promovendo a união e a interajuda. Em 2014, pouco mais de dez anos após terem começado o seu percurso, lançaram finalmente o álbum de estreia – «adapt & survive», editado em parceria pela Raging Planet e pela Raising Legends, afirmou-se como um dos registos mais interessantes desse ano, verdadeira explosão de balanço grave, atitude e muito peso, apoiado em guitarras de oito cordas.
Os bilhetes custam 50 euros (passe dois dias) e 35,00 euros (bilhete diário), à venda nos locais habituais. Fã Pack passe + t-shirt oficial do festival já à venda.
Mais informação em http://www.voa.rocks/ | https://www.facebook.com/VOAFest/
Promotor – Prime Artists