O Sound Bay Fest vai para a segunda edição, e as expectivas são elevadas. Dois dias de rock alternativo que prometem surpreender os espectadores e demonstrar que a música “alternativa e de qualidade tem o seu lugar em Portugal”, contou Ivo Salgado, um dos organizadores do festival, ao Música em DX.
Música em DX (MDX) – Antes de mais, como avaliam a primeira edição do Sound Bay Fest? Depois de uma boa primeira edição, sentiram a obrigação de continuarem a apostar neste festival?
Ivo – A primeira edição foi muito positiva, principalmente a nível de primeiro ano de um festival urbano, num local pouco usado para concertos. Foi um sucesso a nível logístico e criativo e sim, sentimos mais força para continuar o festival: não por obrigação, mas por prazer.
MDX – O que correu mal no primeiro ano e que poderá ser melhorado este ano?
Ivo – Temos noção que a data não foi a melhor – calhou em cima da Páscoa-, e apesar de ter estado muito bem composto para primeiro ano, houve muitas mensagens de pessoal que perdeu o evento por estar fora nessa altura. Isso foi o que correu pior, que imediatamente alterámos.
MDX – Em 2015, o festival teve apenas um dia. Para a edição deste ano alargaram para dois. Foi um crescimento natural ou decidiram arriscar e tentar dar o passo seguinte?
Ivo – Sinceramente, é um pouco das duas coisas. Naturalmente sentimos que havia espaço e vontade para um segundo dia, já que nos soube a pouco só um dia. Claro que acarreta riscos, mas é um risco que nos motiva ainda mais para esta segunda edição. É um grande passo, mas valorizo o público português deste género e sei que eles também vão valorizar este esforço! Aliás, temos visto isso com a venda dos bilhetes: quase 90% compra o passe de dois dias.
MDX – Este ano vão mudar a localização do festival para Almada. Acham que isso poderá afastar algum público, uma vez que contrariamente ao ano passado o festival não se realiza no centro de Lisboa?
Ivo – Bem , primeiro que tudo , devo dizer que não acho assim uma mudança tão drástica. Estamos a falar de apanhar um comboio ou um barco de 15 minutos. Quase todos os festivais que conhecemos e que gostamos demoram sempre algumas horas, casos como o SonicBlast ou o Reverence. Tirando o Amplifest, que também é num centro urbano, os outros têm acessos sempre mais complicados, mas não é por isso que deixamos de ir a esses eventos! Acima de tudo, acho que quem vai a estes eventos, assim como ao Sound Bay Fest, procura a música, ama a música, e quer sejam 6 horas de carro ou 15 minutos de barco estarão lá, para viver aquele momento único. Além disso, a qualidade dos locais ( Incrível Almadense e Cine Incrivél) justificam completamente a nossa mudança do centro de Lisboa para o centro de Almada.
MDX – O Sound Bay aposta sobretudo no rock mais alternativo. Sentem que o público em Portugal para esta sonoridade tem aumentado nos últimos tempos?
Ivo – Sim, há mais público, mais interesse, e mais curiosidade para conhecer novas bandas, principalmente neste meio (psych rock/ stoner/indie/post rock).
MDX – O que distingue o Sound Bay Fest de outros festivais de música alternativa?
Ivo – A grande distinção é a conjunção de bandas mais conhecidas, com valores emergentes da música internacional, com a grande aposta nas bandas nacionais. No topo disto, pretendemos aliar as boas condições para um concerto ao conforto do espaço! Acho que nestes aspectos somos únicos.
MDX – Quais foram os critérios de selecção na escolha das bandas ?
Ivo – O critério nrº 1 é a qualidade dos concertos, mais até do que a qualidade do álbum. Para nós, isso é fundamental e qualquer uma das bandas foi escolhida a dedo por esse aspecto. Depois, claro, se têm aquele álbum ou aquele som… ajuda, mas sem dúvida que a qualidade do concerto é o mais importante.
MDX – Os Alcest são um dos grandes nomes do cartaz e são também bastante conhecidos do público português, com vários concertos dados no nosso país. Porquê a escolha da banda para encabeçar um dos dias do festival?
Ivo – Os Alcest são bem conhecidos, mas penso que ainda serão mais depois do concerto no Sound Bay Fest. É uma banda de uma qualidade tremenda, que vai trazer uma atmosfera muito especial à primeira noite do Sound Bay Fest. Quando tivemos os nomes em cima da mesa para decidir o cabeça de cartaz, de todos os que estavam disponíveis, os Alcest pareceram uma escolha muito óbvia. Mas, depois de ouvir o último trabalho e de ver a qualidade ao vivo, ficámos gratos por se mostrarem disponíveis, e acho que vai ser um concerto cinco estrelas!
MDX – Que outros nomes destacam no cartaz?
Ivo – Para além dos Alcest, devo destacar o concerto dos Elder, que se estreiam em Portugal e que é mais que obrigatório. Estou muito curioso em relação ao rock mais progressivo dos Siena Root e Mondo Drag , as nossas apostas pessoais, os Death Hawks, Jessica 93,Ohhms, Domo e Ecstatic Vision… acho que vão ser de outro mundo. Depois, as bandas nacionais com os novos valores como Her Name Was Fire ou Crude, a juntarem-se a Equations, ao regresso dos LOBO, a apresentação do novo álbum de Asimov, e a despedida muito especial dos Men Eater. Há muitos momentos por onde escolher , e claro, a estreia europeia dos grandes mestres BANG!, que é uma honra poder receber no nosso Sound Bay Fest.
MDX – Os Men Eater vão dar o último concerto, os LÖBO vão regressar. Vai ser dois concertos especiais. Falem-nos um pouco sobre o significado de ambos os concertos.
Ivo – Bem, dos Men Eater falo com um certa emoção e nostalgia, uma vez que já fiz parte da produção do primeiro concerto deles – há cerca de 10 anos num dos primeiros concertos internacionais que organizei com os alemães The Ocean. Agora, passou quase uma década, e por entre inúmeras vezes que nos cruzámos, eles dão-nos a honra de encerrar a carreira no nosso festival. É com certeza algo muito emotivo, e penso que se vai sentir isso no concerto. Quando aos LOBO só podemos celebrar o regresso ao palco de um dos projectos nacionais mais surpreendentes dos últimos anos, e claro aqui com uma emoção diferente, uma alegria enorme, dar-lhes as boas vindas e sei que será outro grande concerto.
MDX – Para terminar, quais são as expectativas para este ano e quais os principais objectivos que pretendem atingir com esta edição?
Ivo – Acima de tudo, que esta edição seja um passo em frente não só para o Sound Bay Fest , mas acima de tudo para o mercado nacional de festivais, e que possamos provar que não só com nomes conhecidos se enchem recintos, e que a música nova, alternativa e de qualidade tem o seu lugar em Portugal. O principal objectivo é surpreender todos os que forem aos Sound Bay Fest ´16 com os melhores concertos da vossa vida, e penso que o vamos conseguir. Fica o desafio, falamos no dia 1 de Maio!
O Sound Bay Fest realiza-se a 29 e 30 de Abril, entre a Incrível Almadense e o Cine Incrível em Almada. Alcest, Elder, Siena Root, Men Eater ou LOBO são alguns dos nomes em destaque.
O bilhete para um dia custa 27 €, enquanto o passe para os dois dias custa 42 €.
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Entrevista – Pedro Reis
Fotografia – Luis Sousa