A WH!, agência criada pelos The Quartet of Woah!, quis trazer no passado dia 14 de Abril uma surpresa à 3ª noite de NATURAMA no Sabotage Rock Club. A surpresa seria desvendada dias antes, quando anunciaram que seriam eles próprios a preencher o cartaz e o palco.
Após algum tempo de ausência, a trabalhar no disco novo, foi criado o cenário perfeito para saírem da toca e completarem algumas almas, ofuscando ouvidos e mentes com umas horas de malhas, daquelas que fazem o chão estremecer.
A noite esperava-se longa e a vontade de mostrar boa música cheirava-se do cimo das escadas do Sabotage. Com os, já habituais, atrasos desta sala, Gonçalo, André, Rui e Miguel ocupam um espaço em cima do palco que parece demasiado pequeno para eles.
Com a sua essência no rock puro, constroem um som forte e tão corpulento que se torna quase impossível descrever a quantidade de explosões criadas nos canais auditivos que depois se foram espalhando pelo resto do corpo. A complexidade que assumem, chega a ser doentia. É difícil apontar coisas negativas. Tivemos diante de nós 4 músicos do mais alto calibre que sabem o que querem e como querem.
Ao longo da noite, assistimos a alguns solos de cordas introspectivos e extremamente bem delineados. Os que eram extrovertidos pegavam no público e elevam-no até ao tecto. As teclas, cujo trabalho é o melhor que já vi em Portugal, são peça fulcral e até um elemento chave. Arriscaria dizer que estávamos diante do Ray Manzarek português. Por detrás dos micros, as vozes fazem juz à música caracterizando-se por uma consistência e gravidade enormes. A acompanhar esta conjectura, sempre uma bateria possante que coordenava os batimentos cardíacos do público.
Entre um caminho guiado pelo rock denso e extremamente bem conseguido e trabalhado, encontrávamos cruzamentos de blues e rock’n’roll. Este caminho, fez-se ao longo de todo o álbum Ultrabomb, pelo último single lançado – “backwardsfirstliners” –, e, ainda, com direito à apresentação de 2 novas faixas que pertencem ao novo álbum a sair ainda este ano: “Forth By Light” e “Days of Wrath”. Estes dois temas provaram, naquela noite, que a espera vale sempre a pena.
Mais uma noite que compensou as horas que não se dormiram e as olheiras no trabalho. Mais um orgulho no rock nacional e mais um suspiro de alegria e completude. Foram tocados todos os temas e não sobrou nada para um encore.
O bicho mexe e inquieta-se, aguardemos o novo álbum para o libertarmos do nosso corpo.
Texto – Eliana Berto
Fotografia – Luis Sousa