Os Asimov, têm vindo a crescer ao longo dos anos e mostram uma estrutura musical coesa, compacta e cada vez apetecível aos ouvidos e aos recantos da mente. No mês de Março deram a conhecer o seu novo trabalho – Truth – (https://asimovstenarmusik.bandcamp.com), e o Música em DX aproveitou a sua participação na 2ª edição de DeLores on Tape, organizada pela WH! e falou com o Carlos (voz e guitarra) e o João (voz e bateria)sobre os Asimov, sobre a Jam daquela tarde e sobre a sua participação na próxima edição do Naturama no próximo dia 19 de Maio.
Música em DX – De onde vem o vosso nome? Isaac Asimov?
Carlos – Sim.
MDX – É uma influência para vocês?
Carlos – Fui eu que tive a ideia desse nome porque houve uma altura em que comecei a ler mais syfy, então a minha referência era ele. A primeira coisa que comprei foi um livro de contos que é o “Nove amanhãs”, ainda era meio puto e aquilo bateu-me, então meti-me a pensar noutras coisas e sempre fiquei com esse nome na cabeça e mais tarde quando surgiu a ideia de ter mais uma coisa de música a ideia Asimov adequou-se aquilo que queria/queríamos fazer.
MDX – Classifiquem a vossa música numa palavra.
Carlos – Explosiva.
João – Caos.
MDX – O que é que a música vos transmite?
João – Vontade de viver. Temos amor por isto, sem pressão nenhuma. A tocar sentimo-nos realizados de certa forma com a nossa vida, neste caso dá para sair um bocado da rotina e fazer a música que nós gostamos. Se algum dia vamos viver disto ou não, não sabemos. Basicamente costumo dizer que ai iriamos viver, mas nós sobrevivemos.
Carlos – Exacto! E é um bocado aquela questão de que nós não temos ilusões de viver da música, pelo contrário, mas sentimo-nos tão completos quando tocamos! É Aquela coisa de sermos nós próprios a 100% sem barreiras e sem nada. Não temos nada a dever a ninguém, há pessoas que nos ajudam mas não é por favor e também não vamos pedir favores a ninguém. É isso que a música nos transmite, estarmos aqui os 2 e mais puro ser impossível. A música para nós significa isso ou transmite isso: estar vivo.
João – É uma viagem que nós comprámos o bilhete de ida mas não sabemos a volta.
Carlos – Voltamos sempre mas melhor, mais felizes, nem há comparação. Nós não somos melhores que ninguém, mas a nós não nos agrada ver futebol e ir para o maior centro comercial que existe passar a tarde, isso não nos contenta.
João – Sim! A nossa cena é mesmo ouvir música e tentar fazer aquilo que gostamos da melhor forma, e for possível.
MDX – Qual é a vossa verdade (Truth)?
Carlos – É um bocado aquilo que acabámos de dizer. A nossa verdade não é verdade, é a nossa ideia do que é verdadeiro e genuíno. Nós consideramo-nos humildes e genuínos, podemos dar um bocado a ideia de que se calhar somos um bocado arrogantes porque, na verdade, não há muita coisa que nos impressione devido à nossa sensibilidade, mas a verdade é essa: nós temos um tipo de sensibilidade, não quer dizer que sejamos mais ou menos sensíveis que as outras pessoas, mas temos um tipo de sensibilidade e achamos que não há nada que realmente nos contente. É aquela ideia de acharmos que algumas coisas ficam muito aquém do que é dito como sendo mesmo de qualidade ou a verdade. Nós achamos muita coisa igual a tudo, não estamos a tentar destruir mitos ou cultos ou educar alguém, ter aquela ideia arrogante de dizer “isso é mau e isto é que é bom” não é por ai; é aquela coisa de “se vocês acham isto bom, isto é aquilo que nós achamos que é mesmo a sério”. E a nossa verdade é isto e nós tocámos este álbum ao vivo durante 3 anos, a maior parte das músicas podemos só os 2 tocar ao vivo e isto é aquilo que nós consideramos que é “a cena”. Quando nos dizem que uma banda é muito boa ou que temos de ver alguma coisa e depois vemos ou ouvimos e não nos preenche, falta sempre algo, o toque selvagem. A nossa verdade é essa, crua, pura e directa. Resume-se a esta frase: sem merdas.
MDX – O que traz de novo este álbum em relação aos outros?
Carlos – Este álbum traz uma coisa curiosa que é o verdadeiro primeiro álbum que fizemos os dois. Todas as músicas vêm de improvisos: estávamos a ensaiar ou a aquecer e depois um começa com uma coisa, o outro faz outra e vai por ai fora e a verdade é que com este conseguimos fazer músicas dos improvisos as mais longas e até as mais directas. Nas mais longas nota-se que há uma vertente mais livre, naquelas que são mais formato canção, que lançámos como single, há improvisos, ou seja, estamos só a tocar e de repente aparece um riff e ele entra no ritmo e vice versa e colamos naquilo. É dai que vêm as músicas deste álbum. É a grande diferença para os outros dois. O primeiro gravei sozinho com um amigo nosso que é mesmo músico de sessão, é contratado para tocar. As músicas já estavam feitas, ele casualmente liga-me depois de gravar o álbum e perguntou-me se queria tocar com ele e eu disse que já tinha aquilo gravado se ele queria ouvir e tocar… o resto eram ideias de músicas, mas este foi mesmo só nós os dois de improviso puro e directo e saiu aquilo. Liricamente não há grande diferença dos outros para este. Não ligo muito a letras na verdade, sou péssimo a lembrar-me de letras, mas são pessoais, são ideias que eu tenho e interpreto.
MDX – O que significa para vocês participar neste projecto (WH!)?
João – Relaxar e ser livre naquilo que tocamos, o que acontecer acontece.
Carlos – É fixe eles terem-nos convidado, acontecer esta casualidade de podermos fazer isto com amigos. Estar aqui é aquela ideia de o que é que é possível fazer sem artimanhas, sem químicos. Aquela ideia de pegar numa banda par fazer uma jam num estúdio e depois editar em K7, soa bem e só isso e haver pessoal que pense assim, achar que isto são boas ideias e faze-las é muito bom. Há tanta coisa boa que se podia fazer, mas há sempre um sistema montado qualquer cheio de contras. Aqui podes falar com eles e eles percebem aquilo que estas a dizer ou a fazer. Falaram connosco e nós aceitamos logo.
MDX – E em relação ao concerto Naturama no Sabotage?
Carlos – O concerto no Sabotage promete ser uma noite e peras! Para já, voltamos a tocar com The Black Wizards que, a par de Stone Dead, The Quartet Of Woah e mais algumas, é das poucas bandas que admiramos e respeitamos mesmo a sério em Portugal. Depois voltamos também ao Sabotage, um dos últimos locais em Lisboa onde se pode ouvir música que gostamos e onde sempre fomos bem recebidos pelo Carlos (Sr. Sabotage em pessoa), pelo David (DJ residente) e pelo staff. Se os Quartet querem festa, acho que a vão ter! Como brinde apresentamos o novo álbum, desta vez com CD’s e K7’s disponíveis e talvez mais uma surpresa ou duas. Ainda não sabemos.
MDX – Como está a correr a vossa tour?
Carlos – A Tour está a correr bem. Já houve alguns momentos mágicos! Reencontramos aliados e fizemos novos. Estamos a ver se conseguimos quebrar mais no Norte onde cremos que, sempre que lá vamos, ganhamos mais alguns seguidores. De resto, este mês temos este concerto no Sabotage e mais um no Pouca Terra no Barreiro. Temos mais uns quantos agendados mas vamos anunciando à medida que se forem aproximando.
MDX – O que faz os Asimov felizes?
Carlos – Ouvir boa música, descansar, descontrair sem pensar em nada.
João – Ouvir boa música, aproveitar o dia, descontrair, ensaiar e o ensaio correr bem, coisas simples, a normalidade.
MDX – O que esperam para 2016?
Carlos – Mais do mesmo e vamos ver o que acontece. 2015 foi bom mas não foi assim espectacular, tendo em conta que 2014 foi muito bom e trabalhamos imenso. Agora temos o primeiro semestre mais ou menos planeado e o resto vamos ver o que acontece com este álbum, se é bem recebido ou não.
João – Bons concertos, tentar dar bons concertos, ver bons concertos, ver tudo a andar para frente de uma maneira positiva.
Os Asimov tocam na próxima quinta-feira, dia 19 de Maio, no Sabotage Rock Club em mais uma edição Naturama com organização da WH!. Como já deu para perceber, vai ser algo inesperado e inesquecível. Não aconselhamos os nossos leitores a ficar em casa.
Entrevista – Eliana Berto
Fotografia – Ana Pereira