Passados 2 meses, o nortenho Dan Riverman e a sua banda decidiram regressar a Lisboa. Aconteceu no passado dia 20 de Maio no Popular Alvalade e, garantidamente, foi o melhor sítio onde podíamos ter encerrado a semana.
A beleza possuí vários significados e simbolismos, é sempre subjectiva e, por vezes, indiscritível. Podemos encontrá-la em pessoas, objectos, atitudes e momentos. O choro tanto pode vir da tristeza como de momentos ou sensações bonitas. Não só choramos por coisas tristes e o mais belo também pode tocar no lugar mais profundo da alma e, de imediato, encher os olhos de água. Um concerto de Dan Riverman encaixa na perfeição com este conceito de beleza. A que arrepia, emociona, nos enche de uma imensidão de sentimentos bons e até pode fazer chorar. Não quer isto dizer que Dan não tenha músicas tristes, tal como ele diz, as histórias que transcreve para as canções reflectem amores e desamores, no entanto, nem toda a tristeza tem que trazer mágoa e dor. Por vezes, perdemo-nos em dualidades de sentimentos que nos transportam aos extremos mas, no fim, ficamos sempre com um sorriso meigo no rosto.
Pouco passava das 23h quando Dan sobe ao palco sozinho e abre a noite com a “Yellow Flower”. Mal encosta os lábios ao microfone e começa a cantar, algo nos sobe pelo corpo acima e gelamos. Voz rouca, quente, densa e magnética. Faz magia sem se aperceber e abre os corações e os ouvidos dos presentes.
Segue o resto do concerto já com o resto da banda. Por entre as músicas, histórias e piadas. A descontracção pairava no ar e todos nos sentíamos em casa. Ouvimos as cinco músicas do EP Hers, lançado em Julho do ano passado e ainda “Anchor Her”, “On The 4th”, “Took Me To War”, “To Live a Dream”, Lady Luck”, “I Don’t Wanna Know”, “Alright” e “Singing King”. Por entre o alinhamento, encontravam-se pequenas explosões que faziam o coração acelerar. A “On The 4th” e a “All Right” são exemplos disso. Houve também nostalgia, melancolia e aconchego. Já no final, depois de vários apelos, tocam ainda uma cover de um dos artistas favoritos de Dan: John Martin – “Don’t Want To Know”.
De revelar o trabalho da banda que acompanha Dan e ajuda ao abraço quente que envolveu a plateia. Eles são o Rui Materazzi no baixo, o Mike Peixoto na bateria e o Jonas Araújo nas teclas.
Uma sala repleta de pessoas com isqueiros no ar foi o que faltou naquela noite. No entanto, a chama ficou forte e bem acesa dentro de todos os que marcaram presença ali, naquela sexta-feira.
Texto – Eliana Berto
Fotografia – Luis Sousa