Rejubilem, portugueses e portuguesas, Portugal já tem um programa espacial. Não, não está a cargo do estado nem da União Europeia (também não há dinheiro), mas antes de um grupo de 4 inauditos vianenses a bordo da nave Vircator. Empenhados em percorrer o espaço sideral e chegar aonde Curiosity ou Voyager nunca ousaram chegar, Gustavo Ribeiro, Paulo Noronha, Pedro Carvalho e Marcelo Peixoto servem-se do Post-Rock/Metal com laivos psicadélicos como motor de propulsão apontado para o céu. Depois de uma tournée europeia para espalhar a boa nova, os Vircator vêm ao Lounge, em Lisboa, para apresentar o seu portentoso “At The Void’s Edge”, mas antes fizemos-lhes algumas perguntas.
Música em DX (MDX) – Que balanço fazem da tour europeia com os The Black Wizards? Têm alguma história curiosa para partilhar?
Vircator – O balanço foi bastante positivo, uma experiência muito enriquecedora, tanto a nível pessoal como musical. Constantes mudanças de palco, de acústica, deequipamento, de público, de staff.. enfim, só poderia ter como resultado uma experiência única o que sim, levou a algumas situações caricatas. No entanto, o melhor será dizer que toda a tour foi uma enorme história e uma grande viagem!
MDX – O primeiro tema deste vosso At The Void’s Edge é intitulado pelas coordenadas geográficas do vosso estúdio. E a vossa sonoridade, onde é que se situa?
Vircator – Nas nossas cabeças… Na realidade, não há coordenadas específicas para tal pois, sempre que tocamos, viajamos para lugares diferentes, sendo que, nunca conseguiremos encontrar tais coordenadas… Isso torna tudo isto muito mais interessante!
MDX – Como é que vocês abordam o processo de composição? A vossa sonoridade parece apontar para um método mais exploratório.
Vircator – Sim, compomos acima tudo com introspecção e aquilo que nos sai no momento, é o mais directo possível.
MDX – A capa do álbum e alguns dos nomes das músicas denotam um predileção por temas científicos e cósmicos. Essas matérias servem de motriz para a composição?
Vircator – A capa do álbum veio exclusivamente da cabeça da artista, Hanna Baer. Sem qualquer tipo de direcção, directrizes, dicas, gostos ou exemplos. Gravámos três músicas no ensaio e demos-lhe para ouvir e a Hanna presenteou-nos com a bela capa com que hoje nos orgulhamos. Sem lhe dizer nada do que queríamos para a capa, ou seja, a apelar unicamente aos sentidos da Hanna, foi a pensar numa manifestação humana, sendo o mais honesto possível. Adorámos esta experiência! Já os temas foram escolhidos no sentido de criar um tapete introspetivo e de reflexão acerca daquilo que nos rodeia, de nos levar para o fantástico, aparentemente inalcançável, sem sair do planeta Terra.
MDX – O álbum foi todo ele captado “ao vivo” no estúdio. Como registam essa experiência?
Vircator – Em termos gerais, porque uns são mais experientes do que outros, foi um excelente episódio onde pudemos usufruir de um excelente local para criação, com recurso a material que, pessoalmente nunca pensei ver na minha frente quanto mais experimentar. Partilhar este episódio com o Marco Lima, dono do estúdio HertzControl, foi também uma experiência por si bastante enriquecedora pois a sua abertura com as bandas é meio caminho andado para tudo correr bem.
MDX – Quais é que são as vossas grandes referências musicais?
Vircator – Nenhum de nós partilha uma playlist igual, ninguém ouve o mesmo que o outro. No entanto, creio que há uma banda que todos temos em comum, os Tool… Mas isso toda a gente gosta!
MDX – Não percebemos muito de física, mas ao que parece um “vircator” é um engenho capaz de disparar raio catódicos de alta potência. É um pronúncio para o que são as vossas prestações ao vivo?
Vircator – Tal como a particularidade de uma bomba vircator, onde terá impacto para aquilo que foi desenhada, a nossa prestação resultará igualmente como um “vircator”, ou seja, terá impacto a quem estiver aberto a tal, a entrar connosco na nossa viagem.
MDX – E agora, o que se segue para vocês neste ano?
Mais projecções catódicas! (risos) Para já, temos confirmações para Portugal, onde estamos confirmados para os festivais Ignition e Rock d’Ouro e agora também para o Lounge em Lisboa entre outros a confirmar. Continuamos a trabalhar para atingir novos objectivos!
Se quiserem entrar nesta viagem também, vistam o fato de astronauta e acorram ao Lounge. Venham rápido, que quando a nave arranca já não pára. Os Vircator irão apresentar hoje no Lounge em Lisboa o seu último trabalho entitulado de “At The Void’s Edge”, não percam, a acontece partir das 22h30.
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Entrevista – António Moura dos Santos
Fotografia (Capa) – Vircator