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Festival Silêncio 2016 regressa entre 30 de Junho e 3 de Julho

Tendo como premissa o diálogo entre diferentes expressões e saberes, o Festival Silêncio é a celebração da palavra como unidade criativa: a palavra como ponto de partida para a criação, como objecto artístico e como veículo para chegar a novas narrativas.

O evento volta a ocupar, ao longo de 4 dias, as ruas e os espaços comerciais e culturais do bairro em mais de uma centena de actividades multidisciplinares envolvendo música, performance, conferências e debates, cinema e artes plásticas.
Novidade este ano é a integração de dois ciclos temáticos, pondo em destaque uma palavra e um autor.

O ciclo Fronteiras parte da palavra-conceito fronteira, para apresentar um conjunto de propostas que desafiam as diversas realidades que a própria palavra aponta, evocando os limites territoriais e simbólicos; reflectindo sobre significados opostos e anexos: limite e transgressão, deslocamento e circulação, separação e contato, distinção e pertença. Destaque do ciclo para a presença do filósofo e pensador francês Étienne Balibar , que apresentará uma conferência especial aberta ao público, na qual serão abordadas e discutidas algumas das questões centrais do pensamento filosófico e cultural contemporâneo, como cidadania, fronteiras, violência e identidade.

Com curadoria do poeta, tradutor e ensaísta Manuel Portela, o ciclo Ana Hatherly: Anagrama da Escrita celebra a obra da autora enquanto reflecte sobre as possibilidades materiais e conceptuais da palavra. Entendendo a criação como ato lúdico de descoberta e de experimentação, a obra de Ana Hatherly interpela-nos através da inscrição reiterada de inúmeros gestos, atos, signos e formas da escrita. As iniciativas deste ciclo de programação constituem um testemunho dessa interpelação.

Dando continuidade ao trabalho iniciado em 2015, o Festival Silêncio volta a assentar no desenvolvimento de parcerias com entidades de programação, agentes culturais e habitantes do bairro na criação de um evento participativo e transdisciplinar, que celebra o poder da palavra para estimular, inspirar e valorizar a criação artística, a reflexão cultural e a participação coletiva.

A programação final do Festival será revelada até ao final de Junho. Deixamos abaixo alguns destaques, motivos para reservarem as datas na vossa agenda.

PROGRAMAÇÃO
(Programação Musical completa a anunciar em breve)
Ciclo Ana Hatherly: O programa integra duas exposições, com coordenação de Fernando Aguiar: “Ana Hatherly: Pintura de Signos” reúne uma selecção de obras originais e de uma mostra bibliográfica, e “ReAnagramas” é uma exposição colectiva constituída por um conjunto de (re)criações  em múltiplos meios, a partir de obras de Ana Hatherly. Para além das exposições, o ciclo apresenta uma mesa-redonda que incidirá sobre a obra de Ana Hatherly como um campo integrado de criação; a exibição do documentário “Ana Hatherly – A Mão Inteligente”” de Luís Alves de Matos; um jogo de leituras a duas vozes, por Américo Rodrigues e José Neves; duas performances da autoria de Susana Mendes Silva e André Gomes e uma instalação transmedial da autoria de Bruno Ministro e Liliana Vasques.

Ciclo Fronteiras: O programa apresenta uma série de três conferências que abordam o tema Fronteiras a partir de diferentes perspectivas. O pensador e filósofo francês Étienne Balibar apresentará uma conferência especial sobre o tema, para discutir algumas das questões centrais do pensamento filosófico e político contemporâneo – cidadania, crise, violência e identidade. O jornalista José Goulão discutirá o tema numa conferência que questiona as apropriações da palavra fronteiras à luz da actualidade social e política. Chus Pato, poeta, ensaísta e activista política galega, falará sobre a intersecção e a superação de fronteiras no texto poético e sobre as suas possibilidades no espaço literário e político. Com curadoria de Ágata Xavier e Diogo Vaz Pinto, este ciclo integra uma exposição que é um diálogo entre palavra e imagem, entre fotógrafos e poetas que se encontram/confrontam num exercício simbólico de reflexão sobre a palavra-conceito Fronteiras. A conversa “O contemporâneo vive nas Fronteiras – projectos e projecções de novos lugares” aborda o tema a partir do trabalho de investigação realizado pelo grupo Locus do Centro de Estudos Comparatistas (Universidade de Lisboa) e parte do conceito de fronteiras disciplinares para discutir noções de fronteiras físicas e psicológicas, geográficas e ideológicas, passadas e futuras. O programa apresenta também um ciclo de cinema inserido na investigação do projecto “O Cinema e o Mundo – estudos sobre espaço e cinema” do Centro de Estudos Comparatistas (Universidade de Lisboa): os filmes em exibição problematizam a ideia de fronteira, sendo transversal a todos eles uma ideia de instabilidade que leva à transgressão de limites convencionais. Colocando-se do lado do projeto artístico plural proposto por Dadá, a performance Cabaret Voltagem (Bruno Ministro, Nuno Miguel Neves e Tiago Schwäbl) explora os limites das fronteiras entre artistas e público, palavra e ruído, humano e tecnológico. Em parceria com a MArt – Espaço de projecto, aprendizagem e experimentação artística, as montras do Cais do Sodré voltam a ser telas para uma exposição colectiva de ilustração sobre o tema fronteiras. Com curadoria de Rosa Azevedo, “O Mundo não se fez para pensarmos nele” apresenta um conjunto de seis sessões de poesia ao vivo que nos remete para uma viagem por diferentes períodos e movimentos poéticos e literários.

Programa Geral:

Performance (performance, teatro, dança, leituras encenadas)
Em estreia estará a peça performativa “Sem Título Provisório”, da autoria do Colectivo PUF, que apresentará também o trabalho “Os Poetas”. Em parceria com os Primeiros Sintomas, o programa geral integra também a apresentação da peça “A História Trágica da Vida e Morte do Doutor Fausto” de Christopher Marlowe. Em estreia, “Cordas Vocais” é um projecto de encomenda do Festival Silêncio que junta um quarteto de cordas (Francisco Ramos, Tiago Rosa, Fernando Sá e João Paulo Gaspar) e 4 poetas escritores (Valério Romão, Vasco Gato, Raquel Nobre Guerra e Joana Bertholo). “No Precipício era o Verbo” junta André Gago, António de Castro Caeiro e José Anjos numa performance de leitura encenada, com interpretação musical de Carlos Barreto. A poesia como acto encenado estará também presente nas apresentações dos projectos “Norma D’Alma”, “Nódoa”, “Lacónico” e “Burgueses Famintos”. O Poetry Slam volta a estar presente no Festival Silêncio através de um workshop que termina com a realização pública de um torneio entre os participantes. Este ano, o Festival volta a promover o casamento casamento poesia e striptease, através de uma sessão de “strip poetry”.

Exposições (exposições, instalações)
O programa geral apresenta um conjunto de iniciativas de carácter participativo, entre as quais as exposições “Palavras à Janela”: palavras penduradas nas janelas, nas varandas e varandins do Cais do Sodré transformam-se numa obra colectiva, cujo impacto é uma manifestação narrativa e visual das ideias, pensamentos, gostos e imaginário colectivo do Cais do Sodré. Também a exposição “Porta Poesia”, da autoria de Marta Rego e com a participação da comunidade local, é uma exposição que dá vida ao bairro. Recorrendo à colagem, esta exposição oferece “poemas atrevidos” ao olhar desprevenido de quem passa a descoberto pelas portas, pelas esquinas, pelo mobiliário urbano do bairro. O Festival Silêncio convida todas as pessoas a participarem nas instalações “Completar” e “Confessionário. “Completar” é uma instalação participativa em constante desenvolvimento, é um texto suspenso, um poema contínuo, uma história escrita a várias mãos. “Confessionário” é uma exposição onde o espaço privado e o espaço público comunicam entre si para formar um diário comum, pessoal e colectivo, construído e partilhado por todos.

Conversas (conversas, mesas-redondas, debates, conferências, lançamentos de livros)
Com a presença dos autores, a editora Douda Correria, de Nuno Moura, lançará os livros “Cartas contra o Firmamento”, de Sean Bonney (GB), “Carne de Leviatã”, de Chus Pato (Galiza) e “Olho do tu”, de Rui Nuno Vaz Tomé (PT).
As Conversas Lisboa apresentam, no âmbito do festival, quatro Conversas dedicadas ao diálogo sobre o poder criativo da palavra dita, escrita, cantada ou silenciada. O Festival mantém as habituais rubricas “Palco da Palavra” e “Conversas do Silêncio”. “Palco da Palavra” é um espaço de diálogo entre actores e agentes de diferentes áreas disciplinares. As “Conversas do Silêncio” colocam em destaque o trabalho e os processos criativos de quem trabalha a palavra. Este ano, o Festival Silêncio inicia uma rubrica de reflexão sobre o Estado da Arte das Artes, com a promoção de um debate entre agentes culturais nacionais, convidados para discutir e debater com o público a actual situação do sector cultural em Portugal.

Feira
Em parceria a Feira Pangeia, um supercontinente de editores e artistas independentes estará presente no festival num espaço de encontro entre todos os criadores independentes que gravitem à volta do mundo editorial e da criação de múltiplos, desde editores emergentes a editores consolidados.

Cinema
O Poetry Film volta a estar presente no programa do festival, com um ciclo dedicado a este género cinematográfico. Este ano, para além da mostra “Isto Não é um Filme. É um Poema”, o programa de Poetry Film integra uma Secção Competitiva.

Infantil
Na Praça de São Paulo concentra-se o espaço das crianças que, ao longo do fim de semana, oferece, durante todo o dia, inúmeras actividades que passam por sessões de contos infantis e para toda a família, actividades manuais, mesas de jogos, caças ao tesouro. Para além destas actividades, o Festival Silêncio oferece também uma programação artística para as crianças.

Participativo
O programa geral integra diversas actividades e iniciativas que, durante os quatro dias do festival, são simultaneamente um convite e um desafio à participação da comunidade, dos convidados e do público em geral: convidamos qualquer pessoa para ler em voz alta para um amigo, familiar, desconhecido em cadeiras namoradeiras, dispostas na rua e construídas para o efeito. Em parceria com a Avó Veio Trabalhar, apelamos ao convívio através de mantas no jardim que convidam quem passa a sentar-se e a partilhar o espaço comum. O Festival construiu mini bibliotecas de rua, disponíveis em pontos-chave do bairro, para incentivar a troca de livros e de leituras. Nos cafés e restaurantes, desafiamos quem quiser a jogar e a competir entre si com jogos em que a palavra é sempre o principal enigma.

Residência Artística
Destaque à continuidade da parceria com a Casa Fernando Pessoa e a Fundação José Saramago, este ano traduzida na residência artística Casa-Palavra. Casa-Palavra é uma casa partilhada que convida à colaboração e ao diálogo entre os autores e artistas residentes. A residência reúne um grupo de artistas e intérpretes de diferentes disciplinas criativas, entre os quais Marta Bernardes, António Poppe e Miguel Bonneville. Com uma duração de duas semanas, durante o Festival Silêncio, a “Casa-Palavra” estará aberta ao público, que poderá assistir, durante certos períodos, a apresentações individuais e/ou colectivas e particiar encontros informais com os artistas.

Concertos
O Jardim D. Luís será o palco principal da música no Festival Silêncio. Por aqui passarão, entre outros nomes a anunciar brevemente, Samuel Úria, Aline Frazão, Sallim, Lavoisier, Old Jerusalem e Cachupa Psicadélica com o espectáculo “Moda do Poeta”, inspirado na poesia de diversos autores africanos.

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