O Reverence Valada apresentou-nos a 4ª edição das Reverence Underground Sessions no Sabotage Rock Club na passada terça-feira, dia 07. Os convidados, desta vez, foram os pais do tropicalismo, Os Mutantes.
Mesmo após a visita a Portugal no passado mês de Novembro, o regresso destes senhores a solos lusos aguardava-se com ansiedade. Numa sala mais acolhedora e com um sistema de som à medida deles, esperava-se um concerto intimista e de partilha.
Incenso pelo ar e um ambiente pacífico e tribal. Eram cerca das 23h30 quando, Os Mutantes, sobem ao palco e ocupam os seus lugares iniciando, de imediato, em inglês, com “Fuga n.º2”. Sérgio Dias ostentava uma capa de xamã. É notório o cansaço que trás consigo, é notório, também o peso de longos anos na estrada. Mas, mais importante de tudo, é notória a dedicação, o talento e mestria que existe em cima do palco. A idade e o cansaço não interessam! A única máxima é espalhar alegria, ritmo e servir um bom baile bem à anos 70!
A diversão consuma-se pela sala. Pelo ar, o calor e a energia de quem, apesar de já ter dado muito, ainda tem tudo para dar! As pessoas acompanhavam as letras e dançavam numa comunhão mágica. Tropicalismo, pop rock, psicadelismo, funk e muito rock. Todos estes elementos se interligavam e nos criavam prazer auditivo e visual. Em cima daquele degrau que nos separa, a maturidade musical saia disparada e chocava contra o público. Os riffs dignos de um belo concerto de rock’n’roll entrelaçavam-se com o ritmo apaixonante e quente das teclas, a percussão criava uma certa aura experimentalista e as distorções eram o mote para o psicadelismo. Tudo se compunha de maneira a resultar numa dança conjunta que só podia criar energias positivas. Os solos de cordas tinham primazia e eram extensos, mostrando que é preciso sentir a música na sua essência.
Por entre o alinhamento, “Time And Space”, “Bat Macumba”, “Minha Menina”, “Jardim Electrico”, “Cantor de Mambo”, “Balada do Louco” e “Ando Meio Desligado”. De ressalvar “Minha Menina” e “Jardim Electrico” que, apesar de serem as faixas mais conhecidas do reportório destes senhores, são capazes de ser as melhores malhas que têm, tornando-se indescritível a quantidade de sensações que transmitem e o rendilhado sonoro que é criado e que invade o nosso cérebro.
Após um abraço em conjunto de agradecimento, voltaram aos seus lugares para a acarinhada “Panis Et Circense”. Uma hora foi o suficiente para nos deixar rendidos e com a esperança de um regresso tão quente como este.
Uma vez mais, parabéns Reverence e parabéns Sabotage! Que continuem a seguir o caminho da boa música e a proporcionar-nos momentos de deleite auditivo.
Texto – Eliana Berto
Fotografia – Luis Sousa
Promotor – Reverence Valada