Dia 25 de Junho, terceiro dia de BB Blues Fest, para nós o segundo dia (+info na reportagem do primeiro dia), sabíamos que seria também um dia especial neste festival. Se o dia anterior tinha sido dedicado ao Blues português, neste dia o destaque seria dado a convidados estrangeiros. Chegamos mais cedo à Baixa da Banheira para ver o jogo da selecção e jantar tranquilamente até à hora do inicio do primeiro concerto. A caminho do restaurante cruzamos-nos com a organização, técnicos da produção, artistas convidados (como por exemplo Pedro Galhoz, de Pedro e Os Lobos), e prontamente somos convidados a acompanhar o grupo onde se incluíam também os artistas da noite.
Durante o jantar, e enquanto todos assistiam ao Portugal x Croácia a contar para os Oitavos de Final do Campeonato Europeu, Doug Macleod, um dos artistas da noite, recolhe mais cedo ao auditório para “descansar a cabeça e preparar-se bem para o concerto que se aproximava”. Os Travelling Brothers, banda basca de Bilbao, acompanham-nos até final dos 90 minutos e pareciam apoiar a vitória da nossa equipa.
Chegadas as 22h e com o dito jogo ainda a decorrer, estamos no Fórum Cultural José Manuel Figueiredo (Baixa da Banheira) para receber aquele que foi o primeiro de dois concertos muito especiais. O anfitrião era Doug Macleod, sábio homem, comunicador nato, exímio contador de histórias, com raízes em Nova Iorque, e premiado em 2014 e 2016 com o prémio máximo do Blues a uma dimensão mundial, o Blues Music Awards. Numa sala que inicia a meio gás, rapidamente se enche a partir do momento em que termina o jogo, facto que parece ser inevitável o do futebol ainda vencer em todas as frentes. O norte americano parece passar alheio à entrada a conta gotas do público na sala, e entre músicas vai contando histórias que, parecendo serem as suas, são os motivos que nos fazem entrar em cada música. Os seus 70 anos de vida são disfarçados pela sua boa disposição e pela arte com que sozinho em palco, com um único ponto de luz sobre si e a sua guitarra, agarraram o público para mais de uma hora de concerto. Melhor começo não imaginaríamos, um autêntico privilégio partilhar esta noite com Doug.
Lá diz o ditado que depois da tempestade vem a bonança. Nós poderíamos dizer que nesta noite passou-se o contrário. Se o começo tinha sido tranquilo, chegavam agora os Travelling Brothers para o segundo concerto da noite, e literalmente, pôr todos a dançar. Esta super banda basca, que já conta com cerca de 13 anos de existência, é um autêntico “camaleão” dos palcos. Tem o poder de se transformar e adequar a cada cenário – ontem estiveram 6 artistas em palco, a formação base, mas que em outros concertos podem ser mais de 10 elementos – , e apresentando em palco as suas influências de Blues, Jazz e Funk, chegaram para transformar a noite. Em cerca de duas horas, e mostrando uma enorme empatia entre todos músicos, e destes com o público, mostraram que de Espanha não chegam apenas maus ventos ou maus casamentos. Alegria contagiosa, a famosa “Fiesta”, simpatia, química, e um concerto de excelência com performers únicos, e um final único em que os músicos sairam do palco em direcção ao público e convidaram todos a segui-los do auditório em direcção ao hall de entrada do Fórum. Um momento que irá ser recordado por todos, certamente por muito tempo.
O BB Blues Fest seguiu Domingo para o último dia de festival, agora ao ar livre e com música em formato pic-nic, que não pudemos acompanhar mas temos a certeza ter terminado em grande festa. Parabéns ao Rui Guerreiro e ao Dúlio Canário e restante equipa pela organização do BB Blues Fest – parceria entre a Associação BB Blues Portugal, a Câmara Municipal da Moita e a União de Freguesias da Baixa da Banheira e Vale da Amoreira – e que sirva de bom exemplo de como bem organizar e não “dar o passo maior que a perna”. Estamos certos do seu contínuo sucesso, e cá esperamos por boas novidades em 2017 para mais uma edição BB Bues Fest.
Fotografia e Texto – Luis Sousa
Evento – BB Blues Fest 2016