O segundo dia da 10ª Edição do Festival NOS Alive foi marcado por ritmos mais intimistas e psicadélicos. Teríamos ainda muitas horas de música pela frente, e muitos quilómetros a percorrer no recinto, até sermos invadidos pela genialidade de Thom Yorke e a sua banda.
Este ano as novidades não se prenderam somente com mais um palco (EDP Fado Café) de música portuguesa, mas passaram também com a actuação da banda vencedora da 1ª Edição do EDP Live Bands Brasil. Os Soulvenir vieram de S. Luis do Maranhão para abrir o segundo dia do NOS Alive. Com o Palco Heineken a meio gás, o quinteto brasileiro conseguiu animar o público e divertir-se com o seu rock eletrónico (apesar da qualidade de som ter sido duvidosa).
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Os novos talentos continuaram, e seguiram-se os portugueses Lotus Fever (Palco Raw Coreto). A voz suave de Pedro Zuzarte guia as batidas ritmadas, envoltas nos acordes meticulosamente trabalhados pela guitarra e o piano. O primeiro álbum de originais, “Search for Meaning” já com um ano de audição pública, foi tocado a menos de metade com muita pena nossa. Os Lotus Fever são merecidos de destaque, pela originalidade na mistura de ritmos rock-psicadélico e a densidade na composição dos temas.
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Os Years & Years, sedeados em Londres mas com origens australianas, abriam as hostes do Palco NOS. Com o sol ainda quente, deram uma hora de puro dance-pop às carinhas bonitas que se movimentavam na fila da frente. O Palco Clubbing esteve em destaque, com hip-pop exclusivamente português (curadoria de DJ Kamala). Desde a primeira hora que esteve sempre muito composto, e os muitos “Vizinhos do Lado” deram cartas no Hip-pop.
Da Austrália (Melbourne) a miúda cool de 28 anos (5 dos quais de boas canções), com nota alta da Rolling Stones e do New York Times. Estilo muito próprio e inimitável, que uns classificam de grunge, outros de rock alternativo. Courtney Melba Barnett, canta-autora com uma voz sublime que com a simplicidade da guitarra fez as delícias da tarde. O que justifica os vários prémios e as várias nomeações (entre eles os Brit Awards 2016). Aguardamos que volte para tocar em sala, brevemente.
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Já em velocidade cruzeiro, os Foals faziam mexer os milhares de fãs que se concentravam junto ao Palco NOS. Como era previsível, e porque não são juniores nestas andanças de grandes festivais, percorreram (todos) os hits sem espaço para respirarmos! Apesar de maioritariamente se focarem em “What Went Down”, último álbum de 2015, êxitos como “My number” (álbum “Holy Fire”, 2012) fizeram aquecer o esqueleto que só refrescava com as half pint de Heineken!
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Ao mesmo tempo Carlão mantinha a fidelidade dos fãs no Palco Heineken, no seu registo único de canto-declamado. No Clubbing, “Mundo Segundo e Sam The Kid” tinham os mais jovens rendidos ao “despique” do bom rap português.
No pôr-do-sol, de cabelos soltos no vento que se fazia sentir, o psicadelismo dos Tame Impala revigorou as mentes. “Let it happen” saía logo “a abrir”, acompanhando a sonografia perfeita, tão característica nos australianos. Estava aberto o caminho para a transcendência dos dois concertos que se seguiriam, Father John Misty e os tão esperados Radiohead! Os festivais com um bom cartaz têm estas vicissitudes, o de ter que abdicar de alguma coisa. E assim foi, neste caso mais de metade de Tame Impala.
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Mas nada que nutrisse de algum arrependimento, o canta-autor (guitarrista, baterista, pianista, percussionista e…) Joshua Michael Tillman, vulgo Father John Misty, marcou um dos melhores momentos desta edição. Assim que nos aproximávamos do Palco Heineken, facilmente sentíamos a carga energética que pairava naquele espaço. Em dose dupla, J. Tillman extravasou a linguagem do corpo e a entrega nas músicas (voz e instrumentos). A barreira entre o músico e o público esbateu-se e transformou-se numa amálgama de cumplicidade. Father John Misty é um artista inteiro!
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Uma breve pausa para respirar e olhar para a Lua, flectir as pernas e esperar pela maior dose enérgica da noite, Radiohead. Eram 22h45m, as luzes apagaram-se, e quadrados amarelos circundavam pequenos rostos a preto e branco, o de Thom Yorke e os restantes músicos. Jonni Greenwood (piano) pendurava a cabeça sobre as teclas e deixava o cabelo cobrir-lhe o rosto. Os coros de vozes celestiais surgiam a circundar a de Thom Yorke, que de tema para tema estava mais limpa e segura. Os olhos fecharam-se e de repente a Lua levou-nos a alma! “A Moon Shaped Pool” foi seguido escrupulosamente, sem pausas, sem justificações, sem agradecimentos, sem vénias. Os Radiohead mostraram que já ultrapassaram o rótulo de convencional “banda de culto”, e já estão na dimensão de lenda viva e “imortal”. Mais de 20 temas escolhidos a dedo, num alinhamento perfeito, em que os encores (2) deixaram a generalidade do público muito satisfeito. “Paranoid Android” no primeiro encore e o tão ansiado “Creep”, no segundo. Mas não ficaram por aí, e eis a cereja no cimo do bolo, “Karma Police”! Deixaram-nos anestesiados, à procura da alma que ficou pendurada naquele fio de Lua por cima do rio. A noite poderia ter terminado naquele exacto momento.
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Mas ainda tínhamos mais concertos pela frente e bem animados! O mar de gente concentrou-se no Palco Heineken e depressa agitaram os corpos ao som dos frenéticos irlandeses, Two Door Cinema Club.
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Para terminar em grande a noite, a banda de Alexis Taylor, os londrinos Hot Chip, tocaram alguns temas novos e puseram a mexer o público do principio ao fim da sua actuação. Sorrisos que se evidenciavam nos rostos de uma multidão que não arredava pé do recinto, como a dizerem “esta foi uma grande noite de festival!”
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Todas as fotografias dos dias 7 e 8 estão disponíveis em:
DIA 7
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DIA 8
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DIA 9
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Texto – Carla Sancho
Fotografia – Luis Sousa
Evento – NOS Alive 2016
Promotor – Everything is New
