A partir da cidade de Tomar, começamos a identificar placas de sinaléctica do “Bons Sons”. É muito simples, na curva do Convento de Cristo à esquerda e depois é sempre em frente. À entrada da aldeia de Cem Soldos indicações para a zona campismo, dos parques de estacionamento e da entrada do recinto. Subimos uma ladeira acompanhados dos mais de 30º (não foi nada mau, dadas as elevadas temperaturas dos últimos dias) e esperámos, à sombra.
O Alexandre, um jovem simpático voluntário do Bons Sons e residente em Cem Soldos, acompanhou-nos até à sala de imprensa. É um dos exemplos do impacto real que o Bons Sons (e o trabalho desenvolvido pela SCOCS) tem na vida dos habitantes de Cem Soldos. Frequenta a licenciatura de Comunicação na Universidade da Beira Interior, e a colaboração no Bons Sons foi crucial para a escolha da área profissional, nomeadamente o voluntariado na Comunicação do Festival, já há algumas edições.
Fui observando a homogeneidade na sinaléctica das diversas zonas, dos locais de restauração, dos palcos, do Centro de Exposições, WC, etc. Uma estética comunicacional que se funde com a aldeia, simples, clara e eficaz! Parei obrigatoriamente a refrescar-me nos borrifadores de água fixos, colocados em frente ao Palco Aguardela (e Palco Lopes Graça). Subi à sala de imprensa (edifício da Junta de Freguesia de Cem Soldos) que refrescava a comunicação social que por ali estava em silêncio a teclar nos PC’s, e os elementos da organização do festival, como a sempre prestável Ana Abrantes.
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Ainda tinha tempo para almoçar tranquilamente, e comida caseira em espaços confortáveis e com alma não faltavam por ali. O relógio teimava em avançar, e os primeiros concertos do dia estavam a começar, contrariando a força do sol. No refrescante Palco MPAGDP (dentro da igreja da aldeia) já tinha começado a Madalena Palmeirim
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e lá mais abaixo, o André Barros (piano) e o Otto Garcia (violino) tinham o Auditório a transbordar de pessoas e calor! O concerto de André Barros terminou e o Hugo Ferreira (Editora Omnicord Records) levou-nos a uma sala bastante fresca, onde tivemos uma conversa franca e tranquila com o excelente compositor leiriense (bandas sonoras) André Barros.
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Enquanto o Auditório arejava para de seguida serem exibidas curtas-metragens, inseridas nas “Curtas em Flagrante”, os “Bonecos e Campaniça” teatro de marionetas e música (produção Neste País – Associação Cultural) actuavam no Palco MPAGDP.
Os Dear Telephone abriram o Palco Giacometti ainda com muito sol, mas já com muita audiência. O quarteto de Barcelos, composto desde 2010, tem vindo discretamente a ocupar o seu espaço. Sonoridades cinematográficas invadiram Cem Soldos, fugindo a bateria (Pedro Oliveira) do ritmo convencional e a atirar-se para ritmos quase tribais. Os sintetizadores (Ricardo Cibrão) entram para acompanhar e desmultiplicar os acordes das guitarras, subindo um tom. Este foi o primeiro concerto de 2016 e, talvez por isso, tivemos o privilégio de ouvir temas novos. André Simão (guitarra), Graciela Coelho (mais tarde numa actuação brilhante no Palco Eira com White Haus), Pedro Oliveira e Ricardo Cibrão provaram que são um colectivo a amadurecer os seus ritmos e a solidificar o seu espaço na moldura de bandas portuguesas.
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Conseguimos que o Luis Ferreira (director-artístico do festival) gentilmente nos cedesse um pouco da sua tarde, para nos falar um pouco mais sobre este ambicioso projecto que é a Aldeia de Cultura de Cem Soldos.
O quarteto de bateria, Tim Tim por Tim Tum, fizeram as delícias de um quase final de tarde. No Palco Tarde ao Sol (a esta hora já sem sol) os conceituados bateristas/percussionistas José Salgueiro, Alexandre Frazão, Bruno Pedroso e Marco Franco, arrebataram o público dos Bons Sons sem um pestanejo! Num improviso contínuo, em que qualquer “som é um bom som para fazer música”, o quarteto produziu em catadupa rendendo o público à genialidade da dança das baquetas.
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Já com o fresco do vento a soprar nas ruas da aldeia, a voz quente de Isaura invadiu o Palco Giacometti. “Serendipity”, o único EP editado, foi percorrido por Isaura e a banda que a acompanha neste momento (a primeira actuação ao vivo foi em Maio passado no RIR 2016). O espaço que circundava o coreto foi pequeno para a quantidade de pessoas que queriam ver a “miúda dos sintetizadores”. Isaura esteve à altura, incentivando o público a acompanhá-la nos refrões e a bater palmas compassadas nos ritmos dançáveis da pop-electrónica que a caracteriza. Terminou com o tema “Change It”, single que tem tido um sucesso enorme nas rádios e nas plataformas digitais.
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Tempo para ir buscar um agasalho ao carro, disfrutar dos quintais acolhedores da aldeia e visitar o Centro de Exposições. Momento de subir a Eira e receber os Keep Razors Sharp no maior palco de Cem Soldos! Uma plateia sedenta das cordas da guitarra do Afonso (Sean Riley & Slowriders), do Rai (The Poppers) e do baixo de Braúlio (ex-Capitão Fantasma). A suave animosidade da destroçam das guitarras, intrincada nas batidas da bateria de BB que marcam o compasso. Pela primeira vez nos Bons Sons, os Keep Razors Sharp partilharam com o público, mais que uma vez, que estavam muito felizes por tocarem neste festival que, segundo eles, desejavam tocar há algum tempo. Um final em grande, quando as três cordas se viram para o baterista e prolongam o exorcismo conjunto. A destacar o trabalho de luzes formidável!
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O jantar tardou, porque as filas eram longas, e a fome tornou-se incontrolável… Isaura recebeu-nos numa cozinha ao lado do Palco onde actuou, e mesmo com um visível cansaço contou-nos algumas novidades e confidências.
Carminho, artista que trouxe muita diversidade etária à aldeia, e excedeu as expectativas dos milhares que ali foram para a ouvir no Palco Lopes Graça. Quase duas músicas sem som, Carminho e os seus músicos continuaram com a postura de grandes profissionais que são, a merecerem a ovação entusiástica do público. Entusiamo reciproco, quando na despedida Carminho afirma “Isto é que é um festival!”
Do fado à pop-electrónica é um tirinho! João Vieira (X-Wife) trouxe o seu já promissor projecto White Haus aos Bons Sons e agitou o Palco Eira com um profissionalismo incrível. Do avô ao neto, ninguém conseguiu ficar indiferente ao diálogo perfeito das vozes de João Vieira (voz, guitarra e teclas) e Graciela Coelho (voz e teclas). Os ritmos dançantes contagiaram Cem Soldos, o que não é difícil com a presença arrebatadora destes músicos em palco. Mesmo com um “pequenino” problema técnico (recorrente quando há PC´s à mistura) conseguiram rapidamente prosseguir aquele que foi um dos grandes momentos da noite!
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O frio já repassava as camisas leves de verão, e quando descemos a Eira já os Fandango aqueciam o Palco Lopes Graça. E pela noite dentro, para os mais resistentes, a música electrónica no Palco Aguardela com Dotorado Pro, Branko (Buraco Som Sistema) e Rastronaut. Destaco ainda para um mini palco situado numa mini garagem, de onde saía um “ganda” som cada vez que por lá passava!
Os 10 anos de Bons Sons foram recheados de muita e excelente música portuguesa, com uma recepção muito acolhedora dos cem soldenses e de toda a equipa do festival. Uma produção já bastante oleada (sempre são 10 anos de edições!), que permite os visitantes desfrutarem verdadeiramente da aldeia de cultura.
Todas as fotografias estão disponíveis em:
DIA 13
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DIA 14
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Texto – Carla Sancho
Fotografia – Luis Sousa
Evento – Bons Sons 2016
Promotor – SCOCS
