2016 Festivais Reportagens Vodafone Paredes de Coura

Vodafone Paredes de Coura’16, Dia 18: LCD Soundsystem, o paraíso existe!

Um dos melhores e mais aguardados dias do festival começou cedo. Por volta das 13h da tarde o Palco Jazz, numa das margens do Rio do Tabuão, recebia Samuel Úria e Gisela João. Até às 18h00 esse palco criou o ambiente certo para uma tarde de mergulhos e sestas onde houve ainda Burn River Sessions, Box to Box e recitação de poesia.

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+fotos na galeria Vodafone Paredes de Coura’16 Dia 18 Ambiente

Este dia prometia fazer história e, após passarmos a barreira de segurança, Ryley Walker já nos esperava no Palco Vodafone. Guitarra acústica em punho acompanhado de dois parceiros que enriqueciam a sua música com um baixo e bateria, Ryley servia tranquilidade e paz. Sentadas na relva, as pessoas apreciavam os, ainda quentes, raios de sol e deixavam-se levar pelo indie folk que escutavam, por vezes alguns traços de flamenco e até uns toques orientais misturavam-se no ar. A voz, suave e penetrante embalou cada coração e trouxe conforto sempre que rompia a construção instrumental, por vezes, um pouco longa demais.

20160818 - Festival Vodafone Paredes de Coura 2016 Dia 18

+fotos na galeria Vodafone Paredes de Coura’16 Dia 18 Ryley Walker

Mantendo a serenidade e a tranquilidade mas num registo mais ritmado, no palco ao lado, encontrámos Joana Serrat de braços abertos e uma ternura gigante. Num instante cativou a plateia que gritava elogios e piropos e se manteve até ao fim do concerto. A verdade é que Joana deu um concerto bonito na sua essência. Pelo caminho trazia melancolia e, em simultâneo, alegria. Apetecia abanar suavemente o corpo. No entanto, não foi um concerto que trouxe nada de novo, o registo indie folk que toca é muito similar a tudo o que existe e que cola bem e facilmente demais no ouvido.

20160818 - Festival Vodafone Paredes de Coura 2016 Dia 18

+fotos na galeria Vodafone Paredes de Coura’16 Dia 18 Joana Serrat

Num ritmo em crescendo e de volta ao palco principal, directamente de Chicago, esperavam-nos os Whitney e o seu indie pop amoroso. À medida que o por do sol se aproximava, as ondas sonoras iam ordenando ao corpo que se mexesse e desfrutasse o momento. Em palco estavam cinco rapazes a misturar instrumentos e alguns estilos musicais, ainda que dentro da mesma linha. A voz, esquisita mas viciante, conseguia entranhar-se na cabeça e trazer paz. O ponto alto deu-se com “Golden Days” onde se ouviam gritos de euforia e se via movimento entre a relva.

20160818 - Festival Vodafone Paredes de Coura 2016 Dia 18

+fotos na galeria Vodafone Paredes de Coura’16 Dia 18 Whitney

Novamente rumo ao palco secundário, estávamos prestes a passar do 8 para o 80. Os bracarenses Bed Legs chegavam cheios de vontade de criar um furacão. Posso assegurar que o festival começou a sério a partir do momento em que pisaram o palco. Fernando, frontman da banda, de imediato estabeleceu conexão com o público e tornou-se imparável até ao final como se uma força magnética o tivesse possuído. Energia, garra, carisma e presença!!! Estes rapazes conquistam o público aos primeiros minutos de concerto! Fala-se de rock’n’roll e não se conhece outra linguagem! O amontoado de pessoas que cercou aquele palco criou de imediato um mosh pit que apenas abrandava de intensidade quando Fernando se lançava aos braços das pessoas. Não aconteceu uma vez, nem duas, nem três! Todo ele transpirava música e transmitia a sensação de ter nascido para aquilo. A sua voz, indescritível, rouca e corpulenta, era acompanhada por excelentes músicos que tornaram “Black Bottle”, “New World”, “Vicious”, “The Fight” e “Rock’n’Roll” viciantes. O vício do rok’n’roll no seu estado mais puro com contornos de soul e blues é bom e sabe bem. Sabe ainda melhor quando vivido intensamente e no limite, como aconteceu neste início de noite.

20160818 - Festival Vodafone Paredes de Coura 2016 Dia 18

+fotos na galeria Vodafone Paredes de Coura’16 Dia 18 Bed Legs

Já em palco e a espalhar um travo de loucura, os Sleaford Mods brilhavam. Dois senhores, um PC e um microfone foram o suficiente para nos encher o corpo de ritmos frenéticos e loops constantes de insanidade. Uma presença irónica, envolta numa camada de tiques, talento e audácia estava diante de nós. A um ritmo alucinante e alucinado, estas duas personagens muito bem desenhadas debitavam letras narradas com uma voz punk rock e misturavam-nas com beats estranhos com um manto de minimalismo. A satisfação era geral e atingiu o auge com “Jolly F*cker”, “Jobseeker” e “Tied Up In Nottz”. O set foi bastante completo dado que as faixas são curtas e directas e ainda bem que assim foi, pois criou a ilusão de um concerto mais duradouro do que na realidade foi.

20160818 - Festival Vodafone Paredes de Coura 2016 Dia 18

+fotos na galeria Vodafone Paredes de Coura’16 Dia 18 Sleaford Mods

Enquanto no palco secundário se ouvia uma mistura de gospel com rock experimental e soul encarnada pelos Algiers, o palco principal era preparado para o que viria a ser uma explosão sensorial. Muitas almas permaneceram nos seus locais, algumas já sabiam que o que iria acontecer era algo marcante.

20160818 - Festival Vodafone Paredes de Coura 2016 Dia 18

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Há sempre concertos que nos surpreendem e desde as 8 da noite que a surpresa marcava este segundo dia de festival, facto que existiu até o palco encerrar. Pouco antes das 22h30 o palco iluminou-se para aquele que seria o concerto mais intenso e explosivo da noite. Os californianos Thee Oh Sees conseguiram criar a intensidade de um tornado e provar que estão melhores que nunca. A sabedoria de 20 anos e várias mutações que sofreram finalmente encontrou um porto de abrigo. Em cima do palco existem duas baterias e uma panóplia de distorções e componentes repletas de poder. As faixas longas carregam-nos por viagens complexas e caminhos de perdição ao ponto de parte do público se transformar em animal incontrolável, como referiu John Dwyer já perto do fim do concerto. O controlo perde-se facilmente quando estamos defronte a uma grandeza destas. Perplexidade e gratidão assomavam as caras dos mais atentos e sedentos ao escutar a complexidade e mistura das variantes de rock que esta banda carrega como o garage, o psicadélico e o noise. Deram-nos a conhecer “Plastic Plant” e “ Gelatinous Cube” do A Weird Exits que ainda a cheira a fresco e fizeram-nos perder com malhas como “The Dream”, “Dead Energy”, “I Come From The Montain” e “Contraption/Soul Desert”.

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+fotos na galeria Vodafone Paredes de Coura’16 Dia 18 Thee Oh Sees

Entre caminhos e tentativas de respirar controladamente, Shura, tentou preparar os festivaleiros para o concerto da noite.

20160818 - Festival Vodafone Paredes de Coura 2016 Dia 18

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Se Thee Oh Sees ganharam em explosividade e intensidade, LCD Soundsystem ganharam em emotividade e grandeza. Passados 12 anos de terem surpreendido tudo e todos no anfiteatro natural de Paredes de Coura ao tocarem depois de Motorhead, os LCD Soundsystem regressam de um fim declarado em 2011 e regressam aos palcos do festival, desta feita como cabeça de cartaz, destaque mais do que merecido dada a vastidão de sabedoria e reconhecimento alcançados. Se pudesse voltar àquela quinta-feira colocava este concerto em repeat até a voz e o corpo me doerem. Só quem presenciou o momento pode perceber as palavras que escrevo sobre aqueles que encheram o palco até não caber mais nada e nos aqueceram o corpo e a alma. James Murphy é um pequeno grande génio capaz de fazer magia quando decide seguir um sonho e criar a harmonia perfeita entre a música electrónica e o rock, concebendo as suas construções com força suficiente para se entranharem em tudo o que seja ser vivo. O frio? Deixou de existir no espaço de 1h40. O corpo? Deixou a fase gélida para passar à fase incontrolada de movimentos e danças sensoriais. O alinhamento, escolhido como se de um best of se tratasse, trouxe as delícias dos fãs e dos que estavam à descoberta. Faixas como “Daft Punk Is Playing At My House”, “I Can Change”, “Tribulations”, “Yeah”, “Someone Great”, “Losing My Edge”, “New York, I Love You But You’re Bringing Me Down” e “All My Friends” fizeram-nos sonhar, dançar e sorrir. A recta final do concerto foi dedicada a Lemmy que tinha actuado antes deles há 13 anos atrás (não estava certo da data) e que tinha dado um concerto maravilhoso!

20160818 - Festival Vodafone Paredes de Coura 2016 Dia 18

+fotos na galeria Vodafone Paredes de Coura’16 Dia 18 LCD Soundsystem

Houve um encantamento em cima daquele palco complexo que se movimentava sob uma bola de espelhos gigante e um momento que roçou a perfeição. Obrigada James Murphy! Obrigada LCD Soundsystem!

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logo-sleep-em-all-2016A equipa Música em DX ficou confortavelmente instalada no espaço glamping Sleep’em’All, a solução ideal para descansar após muitas horas de música. Galeria de fotos disponível em Vodafone Paredes de Coura’16 Sleep’em’All.

Texto – Eliana Berto
Fotografia – Luis Sousa
Evento – Vodafone Paredes de Coura 2016
Promotor – Ritmos, Lda.