Falar na música de Savanna é falar em encanto e encantamento. A mescla de dream pop, rock progressivo e rock psicadélico eleva-nos a um estado de consolo auditivo e à necessidade de nos perdermos perante mundos de sonhos que poderemos percorrer enquanto acordados.
Os Savanna vão estar presentes no próximo Indie Music Fest no dia 03 de Setembro e o Música em DX aproveitou para conversar com o Miguel, o Tiago e o Pedro acerca de sonhos, música e a ida ao bosque de Baltar.
Música em DX (MDX) – Como apareceram os Savanna?
Miguel – Eu vivia no Porto e vim para Lisboa porque queria fazer o estúdio cá. Já conhecia o Pedro desde pequeno porque éramos colegas em Viseu e decidimos gravar umas cenas sem compromisso, gostámos daquilo que ficou, demos-lhe um nome e depois adicionámos mais elementos e ficou assim.
MDX – Porquê o rock psicadélico?
Tiago – Foi o que nos apeteceu fazer naquela altura.
Miguel – Nós ouvimos muito a música do final dos anos 60 e 70 e muita dessa música tem esse aspecto do psicadélico muito marcado e, se calhar, essa influência acaba por nos remeter a fazer música algo semelhante. Se bem que a nossa música não é só rock psicadélico, mas este é uma forte componente daquilo que fazemos.
MDX – Os vossos sonhos mantêm-vos acordados?
Miguel – Sim, sem dúvida.
Tiago – Sim, claro que sim! Os sonhos, as vontades e as ambições. O Dreams To Be Awake tem mais a ver com uma vertente de sonhar não como ambição mas como devaneio.
Miguel – Eu acho que não. No meu caso, a maior parte das ideias que me surgem, essencialmente para Savanna, são à noite e essas ideias não me permitem depois dormir porque estou a sonhar acordado com elas e depois não consigo sonhar adormecido com elas, o que resulta em grandes insónias.
MDX – Qual é o vosso maior sonho?
Tiago – Montreal.
Miguel – Neste mundo da música, eu acho que há sempre aquele sonho de chegar a algum lado. Nunca se sabe bem o que é que isso quer dizer porque acabas sempre por ir chegando a algum lado e querer sempre mais qualquer lado onde chegar, por isso o sonho acaba por ser o percurso, e como nós gostamos de percorrer este percurso estamos a sonhar satisfeitos o tempo todo.
Tiago – Aliado a isso existe sempre uma vontade de sucesso. O sonho acaba sempre por ser a vontade de fazer a próxima música e que ela soe bem, sem preguiça se possível. É algo que nos afecta um pouco, a preguiça existe porque temos de estar sempre a tentar contorná-la.
Miguel – Sim! Esse sonho é isso: nós vamos sempre marcando coisas que queremos fazer num futuro relativamente próximo e sempre que o atingimos há sempre uma ideia para uma coisa a seguir.
Pedro – Basicamente é continuar o percurso.
Miguel – Continuarmos a fazer isto e divertirmo-nos a fazê-lo.
MDX – Como é que ligam o boom gerado à volta de Savanna ao lançamento de Dreams To Be Awake?
Tiago – Acho que é um bocado por duas razões: uma é porque a música é mais facilmente aceite por um número maior de pessoas e a outra é que porque, se calhar, começámos a trabalhar melhor e a saber melhor o que é que se faz para divulgar a música, apesar de ainda sermos uns nabos no assunto.
Miguel – Há outra coisa também: um EP nunca tem tanta exposição como um álbum, um álbum é aquele trabalho mais sólido, mais de afirmação. O EP foi para experimentar brincar com uns sintetizadores.
MDX – Qual é a vossa ideia do Indie Music Fest?
Miguel – Eu estou bastante entusiasmado por lá ir tocar. Toda a gente me fala bem daquilo e é a primeira vez que vamos ter a oportunidade de tocar ali, ainda por cima o cartaz está cheio de bandas que são nossas amigas por isso vai ser alta “cowboiada”.
Tiago – Vou levar calções de banho, acho que dá, não é?
MDX – Como é que vai ser o concerto? Podemos contar com alguma surpresa?
Savanna – Não vamos comprometer-nos a dizer coisas que podem não acontecer. É possível. Vai ser um concerto bom, cheio de energia e vai valer a pena.
MDX – Onde ambicionam tocar um dia?
Tiago – No Coliseu dos Recreios, tem um tecto espectacular! Noutro sítio que nunca fui e só vi em fotografias mas parece espectacular que é o Teatro Circo, em Braga.
MDX – Estão a preparar um álbum novo?
Savanna – Estamos. Neste momento estamos a preparar o tempo que é preciso para o fazer. Há muitas coisas pendentes que têm de ser resolvidas antes de pormos assumidamente mãos à obra e não pensar em mais nada, mas enquanto isso está a acontecer já há montes de ideias a pairar e estamos mortinhos para as agarrar e começar a mete-las em prática. Mas sairá para o ano! Vai ter novas influências e novas nuances que queremos tentar gravar, mas seremos nós na mesma!
MDX – O que é que vocês esperam do futuro?
Miguel – Eu espero que a gente consiga fazer um álbum que cumpra com as expectativas que temos relativamente a este segundo trabalho, que as pessoas gostem disso e que nós consigamos tocá-lo tanto quanto queremos, e ir crescendo! Neste momento é esse o objectivo: é ter um álbum, começar a tocar lá fora e dar continuidade a este trabalho.
Os Savanna vão tocar no próximo dia 03 de Setembro no Indie Music Fest pelas 20:01. O Música em DX aconselha todos os leitores e festivaleiros a fazer parte desta viagem ao mundo dos sonhos. É certo que não se arrependerão!
Entrevista – Eliana Berto
Fotografia – Luis Sousa