Os nomes prendem, são vinculativos, e deparamo-nos com isso logo nos primeiros segundos do álbum: é incrível a forma como JP Simões se separa do JP Simões que todos conhecemos.
Após vários anos, álbuns, projetos e concertos percorridos numa longa intenta para se encontrar dentro de si próprio, uma espécie de arqueologia pessoal, o autor de Roma volta a surpreender ao apresentar-se agora com novo nome: Bloom.
Dizem-nos que nada é furtuito, e o encontro do português com o escritor Nicholas Bloom, num bar argentino, parece provar isso mesmo. Depois disso o escritor morreu, e o seu trabalho foi agora interpretado em Tremble like a Flower, disco inaugural a ser apresentado hoje no Jameson Urban Routes.
O que se altera? Quase tudo. Podemos principiar pelo instrumental quase jazzístico, a sonoridade mais tropical, o carácter palpavelmente mais melódico ou pelas letras não autobiográficas, mas igualmente metafísicas. Importa decompor as partes e no que elas desaguam, mas, no fundo, ganha quem perceber que o conceito é distinto, o jogo é outro.
Apesar da sua coerência, o álbum não arranha quem o ouve. Os dez temas de Tremble like a Flower, são bonitinhos – talvez demasiado preenchidos e sem grande espaço para respirar – mas não pretendem acrescentar muito além da música. Não ambicionam trazer-nos soluções nem epifanias. É a música pela música. E isso é o suficiente para nos fazer sorrir enquanto o cantautor Conimbricense nos diz que: “This days of wonder seem so far away, away, away”.
O Música em DX é parceiro oficial do Jameson Urban Routes 2016. Toda a informação estará disponível no nosso website em Reportagens > Festivais > Jameson Urban Routes > 2016.
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Texto – Tiago Pinho