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Misty Fest’16, A Ilha deliciosamente utópica de Piers Faccini

I Dreamed An Island é o título do novo disco do músico Piers Faccini e foi essa ilha, tão bonita, que pudemos visitar no primeiro de Novembro de 2016, no concerto de apresentação no Cinema São Jorge, pelo Festival Misty Fest.

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Considero os que estiveram presentes no Cinema São Jorge naquela noite uns sortudos. Não é todos os dias que, através de apenas uma guitarra e uma bateria, podemos testemunhar a construção de vários mundos, tão fortemente sonoros como imagéticos. Piers iniciou o espectáculo dizendo umas frases em português, abrindo as hostes com uma sonoridade que prometia uma riqueza emocional muito própria. Quando terminou, acabou por admitir, desculpando-se de forma calorosa e carinhosa, que ia ter que falar em inglês a partir dali. Nós que o perdoássemos, ele só tinha decorado aquelas frases. O concerto prometia uma familiaridade e proximidade que se veio a confirmar com uma força admirável.

I Dreamed An Island vem no seguimento da projecção de uma ilha imaginária, por parte de Piers Faccini, em que várias espécies e raças convivem umas com as outras de forma pacífica e partilham várias experiências. Que bela utopia, não acham? Não é de estranhar, afinal este compositor tão único é filho de pai italiano e mãe inglesa, e ainda guarda em si uma série de histórias passadas em França. O ecletismo corre-lhe nas veias, é certo, mas achei fascinante como é que, antevendo isso desde o princípio do concerto, não foram raras as vezes em que me senti surpreendida, em que fui invadida por diferentes sensações nas várias texturas exploradas. Tivemos canções em inglês, em italiano e até em árabe! Houve alturas em que o pulsar do universo parecia concentrar-se ali, à volta daquele duo no palco, abraçando-nos à medida que o público fervorosamente mostrava a sua admiração, tanto pela aclamação constante como pelas palmas sempre prontas a baterem umas nas outras.

Foram vários os momentos bonitos e que ficaram marcados na memória. Claro que é impossível terminar este texto sem mencionar a participação harmoniosa de Mayra Andrade, “a voz mais bonita de Portugal que eu conheço”, admitiu Piers. Foi num italiano fluído, em que a musicalidade pedia claramente uma dança a dois. Foi também mencionado o dia de todos os santos, em que mais uma vez Piers Faccini nos sensibiliza ao dizer que a forma mais próxima de estarmos uns com os outros, que já partiram ou não, é através da dança, e convidou o público a juntar-se a ele no palco para a canção que fecharia o concerto. Por desencontro de ideias entre o músico e quem estava responsável pelo palco, só dois “fugitivos” sortudos é que conseguiram subir ao palco, mas foram poucos os que se mantiveram sentados e não dançaram onde se encontravam naquele momento.

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fotos na galeria Misty Fest’16 Dia 1 Novembro Piers Faccini

Aquela voz… É difícil esquecer como uma voz como a de Piers Faccini pode ter tanta influência na nossa disposição. Sem dúvida que, concerto terminado, qualquer pessoa saiu daquele cinema mais humana, mais livre e mais sensibilizada. Somos realmente sortudos por podermos testemunhar um talento tão especial.

A primeira parte foi da responsabilidade de Bilan, músico cabo verdiano que aqueceu este primeiro dia de Misty Fest com o calor próprio do sangue africano. Curtinho, mas muito bom.

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fotos na galeria Misty Fest’16 Dia 1 Novembro Bilan

Toda a informação sobre o Misty Fest 2016 está disponível no nosso website em Reportagens > Festivais > Misty Fest > 2016.

Os artigos e fotografias de cada dia estão disponíveis em:

Misty Fest’16, A Ilha deliciosamente utópica de Piers Faccini
Cass Mccombs, O anfitrião por excelência
Wim Mertens, Pedaços minimalistas
Peter Broderick ou o mago do piano?
Ternura na voz e Pop nas teclas, Scott Matthew e Rodrigo Leão
+ Andrew Bird, O canto elegante do violino

+info em http://www.misty-fest.com/ | https://www.facebook.com/MistyFest/

Texto – Sofia Teixeira
Fotografia – Ana Pereira
Evento – Misty Fest 2016
Promotor – UGURU