Se há proeza indiscutível sobre o Vodafone Mexefest é a sua capacidade de levar música aos cantos mais remotos da cidade de Lisboa; “de palco em palco, a música mexe pela cidade”, afirma o próprio. De facto, o conceito do festival é único no nosso país: durante dois dias, cerca de 40 concertos irão ocorrer em 14 salas pela Avenida da Liberdade, desde o Coliseu dos Recreios passando pelo Cinema São Jorge. De forma resumida, o coração da capital é o palco principal do evento.
Contando-se pelos dedos os dias que restam para o arranque do último festival deste ano, faltava ainda apurar os últimos dois artistas a subirem a palco, mais propriamente na Estação Ferroviária do Rossio, que por aqueles dias será a Estação Vodafone.FM. Para tal, sendo já uma tradição recorrente, o Vodafone Band Scouting oferece a oportunidade a duas bandas emergentes vingar num dos palcos mais concorridos do festival, assim como a possibilidade de gravar um disco de originais no estúdio HAUS (PAUS). A procura foi longa mas, no final, Sweet Nico, Them Flying Monkeys, NOOJ, Reis da República, El Señor e Moda Americana foram os finalistas selecionados para discutir a vitória, que aconteceu no dia 18, na estação de metro da Alameda.
Com aproximadamente 15 minutos para apresentarem (tocarem) os seus argumentos, cada artista deu o tudo por tudo para cativar um público cuja afluência aumentava consideravelmente sempre que chegava um metro, mas, acima de tudo, conquistar o júri. A tarefa de escolher vencedores certamente que foi árdua, ou não fosse a qualidade destas seis promessas, dignas de puder atuar em outros dos palcos do festival.
Dando o pontapé de saída estiveram os SWEET NICO, a dupla composta por Marisa da Anunciação e David Francisco, cuja beleza e misticidade do seu estilo dream pop ajudou a apaziguar e atenuar os níveis de stress causados pelos passageiros do Metro de Lisboa e das suas típicas perturbações. Momentos bonitos como “Panda Heart” e a magia deste duo com influências nítidas de Beach House dava-lhes direito a uma entrada gratuita para uma das salas mas bonitas do Vodafone Mexefest: a Sociedade de Geografia de Lisboa.
De seguida apareceram os NOOJ – não confundir com a personagem de Final Fantasy X-2 – e o seu post-punk passivo-agressivo. A segunda dupla da tarde foi talvez aquela que mais tempo tocou, ou não tocassem músicas curtas e agressivas, assim como o punk exige que seja. Este projeto paralelo dos Old Yellow Jack pegou no curto tempo que tinha e tocou os temas do seu EP Marina, numa atuação que encheu as medidas e assentava que nem uma luva no Ateneu Comercial de Lisboa, a grande ausência para a edição deste ano do Vodafone Mexefest.
Representando a cidade de Fafe estiveram os El Señor, quatro jovens rapazes ainda na adolescência mas que já fazem música como gente adulta. Enchendo a estação da Alameda com vibes de surf rock, a boa disposição e simpatia destes miúdos relembra um pouco Mac DeMarco e justifica o porquê do canadiano ser adorado pelas grandes masses pré-vinte anos que marcam sempre presença onde o cantautor marque presença; a Sala Super Bock, também conhecida por Garagem EPAL, aguarda por vocês.
Os Them Flying Monkeys dispensam apresentações e a par com os SWEET NICO, eram a banda mais conhecida do concurso. Depois de terem ganho o EDP Live Bands deste ano e subido a palco do NOS Alive e do Bilbao BBK, os macacos continuam a correr atrás de concursos para se darem a conhecer ao grande público, isto é até chegar fevereiro e o lançamento do primeiro disco Golden Cap. Com “Space Monkey” e “Molly” a comprovar o talento deste projeto indie rock, a Sala Montepio do Cinema São Jorge iria adorar acolher estes cinco rapazes e roubar algum público a artistas de renome que atuassem no mesmo horário, algo que sempre conseguiu.
Reis da República e Moda Americana foram as últimas bandas a dar o ar de sua graça e fizeram-no em bom português, elevando a língua de Camões ao esplendor que a dita merece. Os primeiros trouxeram “Flores e Festas” para a missão diplomata em “Singapura”, música com que os últimos conquistaram um lugar no Vodafone Band Scouting, sendo bem recebidos por uma plateia cada vez mais numerosa. Com registos mais direcionados ao (bom) pop português que se faz por cá, quem sabe se daqui a uns tempos não os vamos ver a lançar umas quantas cantorias pela Casa Do Alentejo abaixo.
Mesmo com seis artistas cheios de talento e com a possibilidade de arrasarem em alguns dos palcos mais emblemáticos do festival, no final, só dois poderiam ter acesso ao prémio final; parabéns aos NOOJ e aos Them Flying Monkeys, os dois vencedores desta edição do Vodafone Band Scouting. Independentemente dos vencedores e dos vencidos, a música portuguesa foi a grande estrela da tarde que já se pintava de noite, em que se torna cada vez mais claro que o futuro do panorama musical português está bem entregue. Quem quiser tirar estas dúvidas a limpo é começar a explorar o diverso cartaz do Vodafone Mexefest 2016, carregar baterias e aventurar-se pela Avenida de Liberdade.
O Música em DX esteve presente na edição de 2015, todas as reportagens estão disponíveis no nosso website em Reportagens > Festivais > Vodafone Mexefest 2015. Toda a informação sobre a edição de 2016 está em Reportagens > Festivais > Vodafone Mexefest 2016.
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Texto – Nuno Fernandes
Fotografia – Nuno Cruz
Promotor – Música no Coração