Houve vendaval na baixa de Lisboa. Não estamos a falar das condições climatéricas, pois os Santos ajudaram os festivaleiros de apanhar chuva, mas sim dos concertos que ocorreram nas várias salas que andam ali em redor da Avenida da Liberdade. No espaço de cinco horas, corremos várias salas, vimos vários concertos e ficaram momentos para mais tarde recordar.
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Ponto de partida: Coliseu. Levantar acreditação e dirigir ao Capitólio. Espaço novo, rearranjado. O que estava marcado no horário? Mike el Nite e Nerve. Os dois rappers lusos já tinham tocado ao ano passado sozinhos, agora é momento de ver uma atuação conjunta, com surpresas à mistura. Entra-se na sala. Ficamos deslumbrados com a simplicidade e ao mesmo tempo a proximidade que temos da sala. Nerve entra em palco. O ambiente faz-se escuro. Afinal de contas, é toda a aura negra que o define. Na poesia, na rima, na batida. É com base na crítica social que se constrói o álbum “Trabalho e Conhaque” ou “A vida não presta e ninguém merece a tua confiança”.
Neste mundo que o representa, há espaço para entrarem dois convidados. Capicua e Blasph, que contaminam as cabeças dos presentes com sátiras enquanto alguns desesperam pelo Mike El Nite. O Justiceiro não se fez esperar e entrou em campo para apresentar a maior surpresa. Mike e Nerve num trabalho a dois que é mais inflamável que gasolina. (Fica aqui o pedido para lançarem o trabalho cá para fora, o povo presente no Capitólio apreciou o que ouviu).
Na sala onde se estreou em Portugal o Garganta Funda, como o Mike El Nite fez questão de frisar, – para quem não sabe, foi dos primeiros filmes pornográficos – Miguel Caixeiro, nome civil, mostrou-nos o Justiceiro, ou parte dele (o Horizontes fica nas internets para quem quiser), já que o tempo começou a escassear. O relógio anda e é quem manda, e ditou que nos despedíssemos em bem com o Santa Maria. Se há malha que possa bem dizer dos Santamaria e do impacto que tiveram nos anos 90, é esta.
+ fotos na galeria Vodafone Mexefest’16 Dia 25 Novembro Mike El Nite + Nerve
Saída do Capitólio. Passo apressado rumo ao Rossio. Sobe-se as escadas rolantes da estação ferroviária. Alguns para apanhar o comboio para ir casa, outros viram à esquerda para ver Baio. Ou, como a maioria pensou: Baio, o baixista dos Vampire Weekend. De laço e blazer, dono de uma genica ímpar, apresentou-nos um par de temas que bem que poderiam constar de uma playlist num bar com esplanada. Com o Sunburn Modern a ser descrito como uma “canção sobre saudade”, entende-se que o Chris Baio o que tem é saudades do verão. Nós temos também. Para o fim, estava já guardado o Sister of Pearl que é a música que anda no momento a passar nas rádios e a levantar o pé do chão.
+ fotos na galeria Vodafone Mexefest’16 Dia 25 Novembro Baio
No seu 100º concerto, nada mau. Saímos de lá aquecidos e rumo ao Coliseu. É hora de NAO. Entramos já a meio, e o Coliseu já está cheio. Pelo menos parece, tanto que não dá para andar muito na plateia. Ouvimos um par de temas, em que se realça a energia da artista. Tanto na voz como na dança. Deslumbrados com a presença em palco, a nova iorquina é uma estrela em ascensão, tanto que será uma questão de tempo de a vermos noutros palcos. Dona e senhora de um talento único, ouvimos a comparação: “bem que pode ser a próxima Rihanna”. A meu ver, que seja a próxima NAO e continue assim. Será bem recebida.
Saímos do Coliseu em direcção ao Tivoli. A subir os santos também ajudam. Isto é, se estivermos acompanhados e a conversar sobre música. Ou então se entrares no Vodafone Bus e tentares fazer um mosh ou um crowdsurf a ouvir Fugly.
+ fotos na galeria Vodafone Mexefest’16 Dia 25 Novembro Fugly
Vamos em direção para um momento especial. De festa e ternura à Dina. Vamos celebrar os 40 anos de carreira da Dina, com o facto de tocarem na íntegra o álbum de 1982, Dinamite. No meio de tantos convidados, é com a energia do Alex D’Alva Teixeira que vemos quem estava bem sentado nas cadeiras fofinhas, a levantar-se para abanar os esqueletos como ninguém.
Essas mesmas pessoas, com toda a certeza que ficaram deslumbrados com a voz de Márcia ou da subtileza e química dos Best Youth. Da Chick, Ana Bacalhau também marcaram presença para tocarem temas como o Desamparem a Loja, Gosto do teu Gosto ou Dinamite. Destaque também para o nosso estimado B Fechada, que estava sempre com a sua Super Bock na mão, que justificou o facto de cantar Amor de Água Fresca, sem microfone, sem nada. Sem jeito sequer.
+ fotos na galeria Vodafone Mexefest’16 Dia 25 Novembro Dinamite
Para o final do dia, todos acorreram em massa ao Coliseu. O trio australiano Jagwar Ma estava de volta a Lisboa. Quanto ao concerto da banda que tem vindo a conquistar a crítica internacional, pode-se dizer que teve dois momentos. O momento do novo álbum, Every Now & Then, que não teve tanta adesão por parte do público e o momento que se explorou outros temas como Come Save Me, What Love ou The Throw, de outros tempos.
+ fotos na galeria Vodafone Mexefest’16 Dia 25 Novembro Jagwar Ma
Também referir que a presença da banda era tímida, se compararmos com o som que ecoou pelas paredes do Coliseu. Sim, o som estava alto, mas era bem mais contagiante que a presença em palco dos três. Seja como for, foi um bonito fim para o dia que terminou a chover e que agudizou a expectativa para o segundo dia que estava na calha com Elza Soares, Kevin Morby ou Gallant.
Toda a informação sobre o Vodafone Mexefest 2016 está disponível no nosso website em Reportagens > Festivais > Vodafone Mexefest > 2016.
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+info em http://www.vodafonemexefest.com/ | https://www.facebook.com/VodafoneMexefest/
Texto – Carlos Sousa Vieira
Fotografia – Daniel Jesus
Evento – Vodafone Mexefest 2016
Promotor – Música no Coração
