Sentir-nos em casa não significa necessariamente que nos encontramos no espaço físico que habitamos ou habitámos. Quando nos sentimos em casa em qualquer lugar significa que somos bem recebidos, bem tratados e todo o ambiente e envolvência faz com que nos sintamos parte da família.Foi assim que nos sentimos no Barreiro Rocks desde o segundo em que entrámos pela porta do Grupo Desportivo dos Ferroviários do Barreiro. Foi a nossa estreia e não podia ter sido mais surpreendente e apaixonante.
Dois dias já tinham passado, as pessoas ali presentes já tinham um certo aquecimento e nós íamos começar a aquecer naquela noite fria de dia 2 de Dezembro. Rock que é rock é carismático e nada melhor que uma sala de treinos para nos fazer voltar à escola e à época dos concertos nas garagens dos amigos ou mesmo dos concertos nas festas da escola.
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O cenário desenhado ficou mais quente quando os Conan Castro & The Moonshine Piñatas subiram ao palco para espalhar uma certa loucura e um rock’n’roll tropical. A ironia estava plasmada tanto visual como lírica como sonoramente. Um ritmo quente, cheio de twist e elegância que nos transporta de imediato para um fim de tarde de verão com amigos e cerveja. A voz de João entoava diversos tons (tendo, por vezes, pinceladas de Sleaford Mods) e tornava-se apetecível quando acompanhada pela riqueza instrumental que tanto tinha de punk-rock, como de rock’n’roll como de baile de anos 60. Dedicaram “Isla Del Gran Canalha” ao novo Presidente dos Estados Unidos e mostraram que as canções de amor que têm podem deitar a casa a baixo com “Guantanamierda”. Houve ainda tempo para uma breve aparição do Freddy Krueger.
+ fotos na galeria Barreiro Rocks’16 Dia 2 Dezembro Conan Castro & The Moonshine Piñatas
Após um suspiro profundo de satisfação estávamos prontos para um jacto de rock’n’roll psicadélico e alucinante com os The Brooms. As teclas, muito bem trabalhadas pela Senhora da banda, faziam-nos perder em mundos de insanidade deliciosa enquanto que os riffs nos faziam abanar a anca e voltar ao twist. A voz densa e electrizante entrava-nos pela mente dentro e alojava-se no canto mais enérgico. O single “In Your Face” foi servida logo ao segundo arranque e de imediato se viam sorrisos plasmados nas caras presentes. Assistia-se a um concerto repleto de groove e boas energias e isso era contagiante. A Soflusa teve direito a uma música: “Gentle Taker” e, mais perto do final, com “Bang” o mosh instalou-se. Levámos uma verdadeira varredela emotiva de rock’n’roll.
+ fotos na galeria Barreiro Rocks’16 Dia 2 Dezembro The Brooms
Determina-nos a gerar uma onda explosiva de caos, os The Sunflowers trouxeram, uma vez mais, um grande espectáculo. A bateria de Carolina cria estrondos mentais que libertam um certo ácido incandescente capaz de nos guiar a um transe profundo de energia. A atitude dura do rock transparece a essência da banda e faz com que o que façam saia com toda a inocência possível. As parecenças com King Gizzard & The Lizard Wizard são cada vez maiores, tanto na voz de Carlos como nos arranques repentinos, como nos tiques corporais e podem não ser uma mais valia quando levadas ao extremo. O concerto teve direito a um pénis gigante insuflável a sobrevoar cabeças, mosh e crowdsurfing, incluindo o de Carolina. Houve ainda a subida de um membro do público ao palco para tocar uns riffs na, já habitual, “I Wanna Be Your Dog” e um cheiro a Kill Bill. O concerto terminou com a guitarra fúscia a ser destruída.
+ fotos na galeria Barreiro Rocks’16 Dia 2 Dezembro The Sunflowers
Num registo mais calmo, ainda que sábio, os franceses Les Synapses apareciam para nos fazer reviver os tempos do Woodstock e o Flower Power da altura. Não tanto pelo psicadelismo, mas pelos riffs trabalhados e muito bem construídos tal Hendrix ou Zappa. No entanto, a voz não faria jus ao poder do instrumental, apresentando-se fraca e dispersa. Depois da vibração vivida até esta hora, souberam bem umas ondas de calmaria, conseguindo embalar-nos com a sua música.
+ fotos na galeria Barreiro Rocks’16 Dia 2 Dezembro Les Synapses
Com muita pena nossa não pudemos para a festa dos Les Grys Grys, mas consta que foi das boas!
Pelo caminho, o sorriso acompanhou-nos e a ânsia pelo dia seguinte também.
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Os artigos e fotografias de cada dia estão disponíveis em:
+ Barreiro Rocks’16, terceiro dia: Quando o rock’n’roll é Rei
+ Barreiro Rocks’16 Dia 2 Dezembro Conan Castro & The Moonshine Piñatas
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Texto – Eliana Berto
Fotografia – Luis Sousa
Evento – Barreiro Rocks 2016
Promotor – Hey, Pachuco! Associação Cultural