Opinião Reviews

Blue Trash Can e a sensualidade feminina de She

Poderíamos viver num mundo cor-de-rosa, afinal muitos o almejam, mas a verdade é que o rosa é uma cor cansativa. Em vez disso, escolhemos o mundo com as suas tonalidades mais frias ou quentes e pintamo-lo nós de cor-de-rosa quando assim nos apetece. Há um EP que tem essa função, de rasgar os tons a que estamos acostumados e abrir diante de nós um rosa choque que tanto tem doce, como de amargo.

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Volvidos 3 anos após o lançamento de Lights From Behind, os Blue Trash Can apresentaram o novo trabalho em pleno verão, a 5 de Julho do corrente ano. Esse trabalho é um EP que se veste de cor-de-rosa e se intitula de She.

“O She veio das mulheres, globalizei tudo numa única palavra. Todos nós (homens) temos uma “she””

Trata-se de um EP composto por quatro músicas ambas envoltas numa sensualidade que só se encontra numa mulher.

“Este novo EP traz uma mudança de identidade.”

O som está mais limpo, a voz sobrepõe-se à melodia, mas o cheiro demarcado a grunge permanece. Neste EP temos histórias de amor ou apenas uma história, que pode ser a nossa. O desfecho é o mesmo e a tristeza e revolta abundam. Há um nicho de pormenores cuidadosamente escolhidos para nos fazer despertar sentimentos e pensamentos. Na faixa que dá nome ao EP, surge uma intro delicada que ao mesmo tempo carrega coesão e se apresenta dura. A história é triste e contagia-nos com uma ansiedade intensa e luminosa.

Passamos daqui para algo mais ritmado e forte. Ao contrário do nome, “Daisy” traz-nos uma luz cinzenta e vermelha. As emoções ficam ao rubro e cada batimento cardíaco é sentido como se tudo ficasse reduzido a nada e apenas existíssemos nós, a olhar para nós próprios. O EP termina com a “If” e um sentimento melancólico e triste a descer sobre nós. Nem sempre há finais felizes! Mas isso não espelha a infelicidade, apenas indica que há mais caminho pela frente. É esse caminho que nos mostram os Blue Trash Can.

Encontrámos uma identidade diferente da que tínhamos até à data… Trata-se de algo mais nosso, mais livre e espontâneo… explorámos outras sonoridades, encontrámos um lugar mais confortável.”

Trata-se de um EP composto de sentimento e emoção. O ideal para nos acompanhar quando dialogamos com nós próprios em círculos ou, simplesmente, para partilhar com os amigos. Não só é confortável para eles, mas também nos conforta a nós.

Os Blue Trash Can são o Francisco Mathias (voz), o Mário Costa (baixo), o Nuno Silva (guitarra) e o Vasco Graça (bateria) e vão estar no próximo dia 16 no Indiferente Bar em Canas de Senhorim e dia 17 no Espaço Grémio em São Pedro do Sul.

Podem ouvir o EP aqui: https://bluetrashcanmusic.bandcamp.com/

Citações de Francisco Mathias.

Texto – Eliana Berto