Recentemente no Vodafone Mexefest, e com direito a enchente na Casa do Alentejo, Taxiwars foram um dos pontos altos do festival. Liderados por Tom Barman, mais conhecido por ser o frontman dos dEUS, revelou sem rodeios e com grande animação a energia que caracteriza a banda e todas as inspirações de uma banda que está a apaixonar-se por Portugal. O Música em DX esteve à conversa com eles e o que se segue é o resultado de uma conversa afável ocorrida horas antes do concerto.
Música em DX (MDX) – Porquê o nome Taxiwars?
Tom: O nome foi uma coisa que andou a rondar. Nós não iriamos chamar Barman e os Amigos. Nós estávamos a precisar de um nome de uma banda porque queríamos formar uma. O nome surgiu e adorámos. Tem movimento, conflito, violência. Tudo aquilo que gostamos [ri-se] Isto é uma piada, não gostamos de violência.
MDX – Mas descrevem o vosso som como uma explosão energética. Com groovy e tudo isso.
Tom: Sim, é essa a ideia.
MDX – O primeiro som que ouvi de vocês foi o “Death Ride [Through Wet Snow]”…
Tom: Boa. Foi o primeiro single do primeiro álbum.
MDX – … E foi uma coisa meia “wow”… Para jazz, é um pouco diferente. Qual era a vossa intenção?
Robert: Eu acho que quando escrevi essa canção não estava a pensar se iria escrever jazz ou rock. Ou escrever o que é que eles estivessem a pensar em criar, ou no que o Tom estava a fazer. Para mim, sem nenhum estilo em concreto. Eu vivo em Nova Iorque, uma cidade muito eclética. E foi esse a música que escreve. O rock, o punk, tudo isso encontrou um meio.
MDX – Eu li numa entrevista que referem a palavra punk.
Tom: Punk-y! Eu disse isso porque era importante no início para manter o som curto. E a energia como disseste. Porque nunca foi punk. Eu gosto de punk rock, mas o verdadeiro punk rock fica apenas com os Six Pistols. E nós gostamos dessa energia. Eu gosto de estabelecer esse tipo de paralelo e ok. Somos do jazz mas também somos algo “punky”. Estabelecer algo que se enquadra os Taxiwars. Tu tens…
Robert: Num sentido, a energia do free jazz. Que é muito semelhante à energia do punk. É tudo de um mundo onde surge tudo facilmente.
MDX – E donde aparece a vossa inspiração? O que andam a ouvir?
Tom: Nada! Não ouvimos música. [rindo-se] Não. Não ouvimos nada. Uma vez eu dei ao Robert um álbum chamado… Como se chama? O Antipop concert. Eu dei-lhe uma canção. Apenas uma vez. E eu disse: consegues escrever alguma coisa daqui. E fora isso, ele tem a sua própria bagagem e eu tenho a minha. E, quando falo de bagagem refiro a história. Por isso nunca paramos. E a partir daí, ele começa a escrever e alguma coisa clássica sai ou por vezes sai algo mais abstracto… e nunca pára.
Robert: Como músicos, nós temos uma história de ouvirmos ou coisa do género. Quero dizer, eu comecei a ouvir como amador, e como profissional ouvi mais e mais. E ouvi tantas coisas desde jazz a rock, a passar pela música clássica, que todas elas se juntaram. Há uma música, em Taxiwars, que é um clássico Olivier Messiean…
Tom: É que claro que reconheço logo. Ah… Aqui está um pouco de Olivier Messiaen [rindo-se]
Robert: Quero dizer que tudo se junta, eu penso que funciona por causa da energia, porque tu tocas com um espírito e as pessoas por vezes não reparam, até quando tocas em acordes menores.
Tom: Hey! Tens algum problema com acordes menores?
Robert: Eu não tenho nenhum! Eu adoro! Só escrevo em menor.
Tom: Então não f**** os acordes menores, ok? Toda a indústria do rock é construída neles!
Robert: É por isso que ninguém escrever em acordes maiores. Talvez quatro ou cinco. É muito raro ver.
MDX – Foi fácil então criar dois álbuns em dois anos.
Tom: Oh yeaaaah. E não temos intenção de parar brevemente. Ele escreve 20 composições, eu oiço-as. Vejo o que posso fazer, e logo reduzimos para 10. E depois se ele não morrer no próximo mês, teremos um álbum novo no próximo ano.
Robert: Esperemos. [Rindo-se] Se ele morrer, eu terei de criar algo messiânico ali, e aquilo seria algo novo.
MDX – Vocês vivem em países diferentes. Como é o desafio?
Tom: Sim, é muito voo para ele.
Robert: Eu acabei de chegar de Nova Iorque, porque se me veres um pouco mais perdido, não mais que o habitual, é porque estou em jetlag.
Tom: Agora estamos numa tour muito intensa de um mês. Ele fica aqui um mês e depois vai embora. E voltamo-nos a ver a meio de Fevereiro.
MDX – E sobre Lisboa? Tu és conhecido por ser vocalista dos dEUS, que são muito acarinhados por cá. Que memórias guardas daqui?
Tom: Demasiadas! Estamos muito próximos do Coliseu! Esta é a primeira vez que estou a tocar na Casa do Alentejo, e estou a descobrir novos lugares. E espero que os portugueses abracem tanto os Taxiwars como gostaram de dEUS. E espero honestamente algo deles. Se formos falar de memórias, vamos recuar 20 anos. Os concertos da Aula Magna… Até o primeiro Super Bock Super Rock… Vamos agora adicionar outra memória.
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Entrevista – Carlos Sousa Vieira
Fotografia – Daniel Jesus
Evento – Vodafone Mexefest 2016
Promotor – Música no Coração