Vamos começar o ano a falar de coelhos e caçadores, gatos cor-de-rosa com 3 olhos e atmosferas infernais. Conseguem imaginar uma história com estes pontos de referência? Eu ajudo: o nome da história chama-se Hell-P e os personagens são o Danger Rabbit e o Mighty Hunter. A história é composta por notas musicais e foi dada a conhecer a Portugal no passado dia 1 de Dezembro de 2016 pelos Pink Pussycats From Hell.
Esta história pode estranhar-se à primeira audição, não é fácil entender certos tipos de rock mas a verdade é que, depois de escutar com atenção, entranha-se e torna-se um vício e quando falo de vício refiro-me aqueles que não trazem prejuízo, só habituação e deleite auditivo.
A conexão é instantânea, o duo capta imediatamente a atenção na primeira faixa do álbum, “Hello”, com uns riffs delineados ao estilo rock’n’roll, a intensidade vai crescendo e, com a faixa seguinte, “Hellmet”, surge de forma automática a necessidade de abanar as ancas e os ombros. Talvez seja a faixa onde se veja mais suor rockeiro a deslizar pelos corpos enquanto se percorre uma estrada que rasga uma paisagem alaranjada onde guiamos na direcção de metade de um sol em cor de fogo. O ritmo vai-se instalando ao longo da viagem intitulada de Hell-P e, em menos de nada, o desejo de cometer loucuras aumenta e a saciedade torna-se cada vez mais inalcançável, afinal estamos a falar de um vício. Nele, encontramos um conforto quente e a tranquilidade bipolar que o rock’n’roll alimenta.
São 13 as faixas que compõem Hell-P e os seus nomes começam todos por Hell, ainda que sejam adaptações, à excepção da última faixa, “Money”, de Janie Bradford (delineada com um ritmo acelerado e denso). São tocadas a voz, guitarra e bateria e compõem um álbum grande em intensidade e forte na conquista. A voz, que tanto tem de estranha como de atraente, tem alguns traços de Lemmy e um poder indescritível. A sua conjugação com a parte instrumental faz com que o resultado seja, efectivamente, algo inesperado e cativante: pode parecer que não combina, mas passados segundos já não conseguimos estar sem ela. As letras são simples e mascaram-se de ironia e provocação. São intimidantes, convidativas, animadas e até bizarras, criando uma atmosfera que combina em todos os aspectos.
É bom que fujam! Uma vez que a caça comece, ao serem alvejados, é possível que sejam sugados para dentro da viagem e nem um pedido de ajuda vos salva de se perderem na espeça nuvem de rock’n’roll.
A história de perseguição ao coelho começa aqui: https://ppfh.bandcamp.com/
Os Pink Pussycats From Hell vão dar a conhecer Hell-P ao mundo no próximo dia 15 de Janeiro.
Texto – Eliana Berto