Them Flying Monkeys tiveram no espaço de menos de um ano um percurso incrível. Com um EP homónimo editado em 2015, concorreram à 3ª edição do EDP Live Bands e ganharam “sem espinhas”. Entraram em estúdio ainda antes do verão de 2016 (a final foi em Maio), tinham músicas mais que suficientes para um longa duração. Focados e determinados, subiram ao palco do BBK em Bilbao e ao Palco EDP do Passeio Marítimo de Algés, Festival NOS Alive. Foram sempre tocando por Lisboa e arredores, e ainda tiveram disponibilidade para ganhar mais dois concursos, Festival de Música Moderna de Corroios e Vodafone Band Scouting. Em Novembro, a “Moly” (single de Golden Cap) saía para a rua num videoclip divertido e descomprometido, realização de Leonor Bettencourt Loureiro. No dia 10 deste mês o álbum esteve disponível nas plataformas digitais e, uma semana depois, os cinco estiveram no palco do MusicBox no seu lançamento.
Diogo, João, Luis, Hugo e Francisco subiram ao palco da sala emblemática do Cais do Sodré e deram cartas. Com os nervos aparentemente controlados, seguravam os instrumentos com firmeza e determinação. “Mid Midnight” abre o álbum e a noite. Lentamente, nas teclas do Francisco Pereira, foi se esfumando a presença daquela amiga que aparece sempre sem ser convidada, a ansiedade. Fieis ao alinhamento, “Glass”, tema com ar bem-disposto que anima qualquer início de festa. Pop-alternativo misturado com um psicadelismo ritmado pela bateria do Hugo Luzio e pelas imagens projectadas no écran, “When the Pigs had wings”. Luis Judícibus (voz e guitarra) agradece ao público pela presença, abrindo um sorriso sincero por ver uma sala completamente cheia. Deram meia volta e foram buscar um tema do EP, “Lonely Ground”. Meia volta deu igualmente o Luis que se aproximou do Francisco e tocou um solo de costas e, em cumplicidade, arrasaram numa das melhores composições dos Them Flying Monkeys (pelo menos para mim). De regresso a Golden Cap, “Halos” envolveu-nos no baixo e nos zumbidos das pequenas conversas carregadas de cordas afinadas do Diogo Sá.
Cordas elétricas rasgaram na preguiça do baixo, entretiveram-se com os toques Floydianos das teclas. A bateria saiu disparada, quando a voz aguda do Luís surgiu com o baixo do João, e disciplinou a melodia. Subiu e voltou a descer, fechou os ritmos com o psicadelismo das teclas e abriu com os sopros estridentes das guitarras. Ao de leve terminaram “Leave to Relief” quase sem se sentir. Voltaram ao EP, com “Black Ship”. Uma paleta de sons compostos em linhas harmoniosas que num momento nos faziam gingar os ombros, para logo a seguir fazer-nos saltar com o prazer das guitarras. Um final com a voz doce e arrastada, que nos levou para o fundo do oceano.
Segunda pausa para um momento de rúbrica perdidos & achados, quando Luís pergunta ao público se encontrassem uma placa de som (não me lembro a marca), agradecia que a devolvessem. E como uma desgraça nunca vem só, partilhou também que na mesma semana rebentaram uma guitarra quando iam na IC19. O público deu umas gargalhadas, calculo que nada pudesse fazer, e aplaudiu o desabafo.
“Comma” é o dedilhar da guitarra nos cristais que se soltam um a um. É a delicadeza de voz que se espraia nas cordas imponentes do baixo. Podia ser o genérico de uma longa-metragem americana, género ficção científica da década de 1960. Abuso dos samplers sem cansar, “Yellow Hearts”, um tema de flutuações sensoriais minuciosamente trabalhadas, não deixando nunca cair o tema no vulgo monocórdico. “Blissful”, elevação de voz que segurava os sintetizadores numa conjugação perfeita com a orgânica dos instrumentos. Quase como complementos vitais.
“Onde é que está a Mónica?”, perguntou o Luís ao público, “Vamos lá todos a seguir, uma rodada fica por nossa conta.” “Moly”, a jovem menina que deitada na cama se entretém com smarties coloridos (single do álbum e videoclip). O vocalista da banda de apoio, os Grand Sun, passa por cima dos braços do público, que aos pulos se divertia com a “Moly”. Quase no final Luís apresentou a banda e agradeceu a todos aqueles que ajudaram no álbum, na sua produção e promoção, às famílias, às namoradas e às famílias das namoradas. Terminaram em alta com “Random Request”, tema que pôs literalmente todos a dançar. Num abraço conjunto, os cinco agradeceram a ovação do público.
A banda de abertura foram os animados Grand Sun. Boa escolha dos sintrenses TFM, pois deixaram um ambiente de alegria e descontração. O Musicbox assistiu no sábado passado ao lançamento de um “foguetão” de macacos que, não tenho duvidas, irão voar alto muito alto de tão bons que são!
Texto – Carla Sancho
Fotografia – Luis Sousa