Com Março, vêm mais do que temperaturas alusivas ao Verão, vem por exemplo o Talkfest – International Music Festivals Forum, o evento para reflectir sobre os festivais de música, eventos que moldam cada vez mais o Verão de todos. Assim ao longo de dois dias, esteve delineado o objectivo de debater novas ideias, criar projectos, cimentar novas relações entre os vários representantes presentes, em sumário abrir uma porta a todos os interessados.
Ora o primeiro dia foi inaugurado às 9:30, cedo o suficiente para que os menos madrugadores optassem por comparecer, em alternativa, às conversas da parte da tarde. O dia só seria dado terminado pelas 20h, tempo era o que mais havia! O único desafio foi por ventura, escolher quais os temas com maior prioridade. Para uns poderia ser uma simples troca de ideias, enquanto que para outros os seminários foram mais atraentes. Nós optámos pelo debate no Auditorium I, o modo como os festivais e as marcas usam as redes sociais para desenvolver a fidelidade da audiência. Este é um tema pragmático, ainda para mais num momento em que as redes sociais substituem, progressivamente, as notícias televisivas. Embora o moderador tenha sido um fantasma na conversa, os convidados para a mesma trataram de torná-la relevante o suficiente. Ricardo Rodrigues tratou de representar a marca Casal Garcia, cujo slogan é tantas vezes ecoado nos festivais, e foi posto em contraponto com Fábio Lopes, YouTuber conhecido como Conguito, que contrariamente a uma marca grande consegue comunicar muito mais facilmente com um grupo etário diferente. Foi discutida a presença e difusão nas redes sociais, que ultimamente serve o propósito de rejuvenescer a marca, enquanto justificando a sua pertinência. Fala-se de pertinência pois, de hoje em dia nota-se a perda de critério, uma ideologia de “vale tudo”, que não pode deixar de ter uma alusão à presidência dos Estados Unidos da América.
Na conversa que se sucedeu nessa mesma sala, tem de haver um enorme destaque para o moderador José Carlos Araújo, demonstrou enorme habilidade ao controlar cada intervenção feita, tal como claro conhecimento sobre a matéria em causa. O assunto passara a tratar-se dos festivais enquanto produto turístico e, catalizador de agitação para cidades e vilas menos movimentadas. Num país como o nosso, em que o turismo tem tão tremendo destaque, este é um assunto pertinente. Com Luís Araújo, o Presidente de Turismo de Portugal integrado no painel, a conversa não poderia ter sido mais frutífera. Analisou-se tanto a informação de que percentagem de estrangeiros frequenta os festivais, como até a evolução que decorre, a que já torna possível a actuação de um pianista num festival. Este é sem sombra de dúvida um negócio em forte crescimento, em que festivais estrangeiros inclusive querem a sua participação em território português. Todos estes factores permitem promover o que é nacional, mas permitem também a comparação destes eventos às antigas feiras renascentistas. Os festivaleiros vêem antes dos dias de concertos, ou ficam até depois, para apreciar as paisagens nacionais. Em pleno recinto, a gastronomia nacional é acessível a todos. São autênticos eventos culturais.
Numa outra sala, a cargo da Cláudia Rocha, foi basicamente transmitida a receita, em forma de PowerPoint, para qualquer festival. Foram avaliados os pontos essenciais, e básicos para o sucesso dos mesmos. Falou-se das questões ambientais como áreas de sombra para fugir ao Sol abrasador, como combater o pó e mesmo como enfrentar situações de chuva. Discutiu-se igualmente a situação ecológica, com o exemplo de no ano passado terem sido adoptados copos recicláveis, tendo em conta que em anos anteriores, ao final de cada dia o recinto era embaraçoso.
De volta ao Auditorium I, falava-se da vertente meteorológica, com o Presidente do Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA), Miguel Miranda, e o manager dos eventos da MEO, Miguel Guerra. Foram reveladas quão intensas são as relações dos festivais com o IPMA durante os festivais, para que haja sempre uma preparação para a mínima mudança climática, e que precauções tomam as marcas nesses eventos, nem que seja um lote de chapéus para proteger do Sol. Uma conversa ainda longa, mas bastante previsível, visto que Portugal pouco sobre de chuva no Verão, a maior e constante preocupação é a intensidade do Sol. E assim demos o dia já longo por terminado.
A 6ª edição do Talkfest – International Music Festivals Forum realizou-se em Lisboa, no Museu das Comunicações (dias 9 e 10 de março de 2017), com as atividades profissionais do evento: conferências (secção principal); apresentações (científicas e profissionais); seminários; feira emprego e documentários, ao longo de todo o dia. Evento que encerra, com os concertos no Musicbox (em 2016 foi assim). Este evento está considerado como de interesse cultural pelo Governo de Portugal – Ministério da Cultura.
Texto – Samuel Pereira
Fotografia – Nuno Cruz