O Teatro da Trindade INATEL, por certo orgulhou-se da noite de 20 de Março, a noite de retorno para um artista, e de estreia para o outro. Foi a noite de Joan As Police Woman com Benjamin Lazar Davis, já que Lisboa estava assinalada com uma das datas para a Let It Be You Tour 2017. O plano da noite, foi por isso, a apresentação do novo trabalho em conjunto, que reflecte a influência da música pop da zona do Gana. Mas antes de isso, uma aquecimento feito pelos Star Rover.
Essa banda de Brooklyn, os tais Star Rover, apenas guitarra e percussão, foram uma surpresa agradável. Eficientes e sem um som demasiado complexo, conseguiram chegar ao público. Mas na qualidade de banda de abertura, não tiveram tempo para dar largas às asas, em vez disso, deixaram o palco a incentivar-nos para a parte principal do concerto. Foi uma pena que, nesse escasso tempo de pausa, as cadeiras livres não tenham sido preenchidas.
A apresentação do álbum (sexto) “Let It Be You” começou sem demoras. E posso dizer exactamente deste modo pois, música após música, foi uma novidade. Com o baterista Ian Chang na parte de trás do palco, Joan e Benjamin à frente nos seus fatos azuis de mecânico, quem acabou por se destacar foi Ryan Dugre, com a sua guitarra. O melhor exemplo que justifica o seu destaque, foi com o novo tema, que conta com um videoclip, Overloaded. E que se saiba, Joan tem o seu orgulho nos videoclips, a referência a um comentário depreciativo no YouTube assim o demonstrou. Mas voltando atrás, a estrutura desse exacto tema, que se espalha pelo álbum, é a repetição daqueles acordes que inspirou a parceria dos dois artistas, que, sem timidez alguma, gracejaram e alegraram o público.
Igualmente abundantes foram os elogios tecidos à cidade anfitriã, quer por Benjamin que em jeito de brincadeira perguntou se alguém viu o castelo lá fora, quer por Joan. Excepto que Joan foi muito mais além do que elogiar o tempo ou a gastronomia, abordou a razão para ter cancelado as datas que tinha em Portugal em 2014, abordou o falecimento do seu pai, interpretando We Don’t Own It de seguida. Mas em tons mais alegres, o alinhamento teve várias variações, Let It Be You e Satellite do novo álbum, uma breve visita ao passado do álbum “Real Life”, e até Trojan Horse, tema dos Cuddle Magic a que Benjamim pertence.
Ainda houve algumas trocas de lugares, como por exemplo Ryan a deixar a guitarra pela bateria, uma autêntica demonstração de talentos por assim dizer. Só que não tardou para se chegar ao encore, o tema Station que, tal como no álbum, teve a função de ser a última música. Mas ao contrário do álbum, não contou com o mesmo número de artistas, os Star Rover voltaram ao palco e forneceram o devido apoio. Com duas baterias, duas guitarras e dois sintetizadores, foi mais que merecido o forte aplauso de pé. Após uma vénia conjunta, Joan saltou do palco e correu por entre a plateia, com urgência e em direcção ao local onde estava disponível o merchandising. Aí esteve disponível, e de bom-humor, conviveu com os seus fãs, mesmo que lhe aguardem muitos mais datas na tour, inclusive no dia seguinte. Há realmente artistas e artistas.
Texto – Samuel Pereira
Fotografia – Luis Sousa
Promotor – UGURU