O Moita Metal Fest é, seguramente, dos mais consistentes festivais que veio agraciar o panorama da música pesada nacional. Sem embandeirar em arco nem apostar em trunfos irrealistas, o Moita tem vindo a registar desde 2004 um crescimento sustentado que culmina agora na necessidade de se mudar para junto do Pavilhão Municipal de Exposições. Choremos pelas memórias na Sociedade Estrela Moitense, mas são decisões que se tomam quando um festival chega a este estatuto de maioridade e o novo formato semi-outdoor (o palco ficará debaixo de uma tenda gigante) se promete coisas boas.
Como sempre, apesar do Moita Metal Fest ser mais do que música (cada vez é mais comum encontrarmos caras repetentes nestas andanças) e sem desprimor para a muy elevada qualidade do elenco que compõe este certame, destacaremos os nomes a não perder nesta edição.
No primeiro dia, mais curto (porque há quem trabalhe), as atenções recaem praticamente todas no retorno dos Napalm Death. Não os vimos assim há tanto tempo (afinal de contas, a saudosa Deathcrusher tour ainda nos perdura na memória), mas será interessante ver que tipo de intensidade contestatária Barney Greenway e companhia trazem numa fase em que o seu Reino Unido natal está mergulhado em incerteza. A banda britânica encontra nessa sexta um elo de ligação ideológica com os Crise Total, entidade histórica do anarco-punk nacional que continua a debitar palavras de ordem mais oportunas que nunca. Deixando a política de parte, este dia traz também a oportunidade de voltar a dançar o bailarico folk metal dos Gwydion, eles que partilham membros da formação com os Theriomorphic, cujo death metal pleno de melodia também marcará presença na Moita.
Sendo sábado o dia mais preenchido, é muita e muito variada a oferta presente, como é apanágio deste festival. Temos o Black Metal sem escrúpulos ou cedências dos Corpus Christii, o Heavy maidenesco dos Attick Demons e dos Midnight Priest, o Thrash a rasgar e cheio de groove dos Revolution Within e o elegante metal Gótico dos Heavenwood. Como Moita não é só Metal, como veio a demonstrar ao longo dos anos, teremos também o prazer de contar o Blues Rock pantanoso de Fast Eddie Nelson e o Hardcore musculado dos No Turning Back, grupo holandês já experienciado por terras lusas.
Contudo, o fim deste dia contém, arriscamos dizer, a mais premente razão para marcar presença nesta edição do Moita Metal Fest. Os Sodom, lendário trio germânico de Thrash Metal, regressam a Portugal 10 anos depois da sua estada em Corroios. Os alemães vêm promover Decision Day, o seu 15º longa-duração, mas é expectável que a ocasião proporcione um desfilar de clássicos, desde a blackalhada dos tempos de In the Sign of Evil até a temas mais modernos de álbuns como M-16 ou In War and Pieces. Não há desculpas para não despojarem-se de parte da vossa saúde e bem-estar físico em prol da violência sonora, é vir.
+info em www.moitametalfest.com | facebook.com/MoitaMetalFest
Texto – António Moura dos Santos