Todas as edições do IndieLisboa têm um mote, um propósito que sirva de barómetro na árdua selecção das obras em competição ou simplesmente em exibição. A escolha é cada vez mais difícil, e a isso está inevitavelmente associado ao facto do cinema estar numa fase de ascensão, sendo as obras cada vez mais consistentes e os cineastas mais promissores. Foram mais de 6000 visualizações, 2000 longas internacionais em competição e 4000 curtas. A edição de 2017 que decorrerá de 3 a 14 de Maio é dedicada ao novo cinema e aos novos cineastas, destacando os portugueses. Prova disso é a abertura do Festival com uma realizadora portuguesa, Teresa Villaverde com Colo e a exibição de mais 44 películas de cineastas portugueses ao longo do festival.
“Filmes raros, competição em territórios narrativos. É na ficção que encontramos filmes mais exigentes, mais fortes e arriscados”
afirma Mafalda Melo, programadora do festival. O novo olhar sobre o cinema, em que se destacam as narrativas sobre a memória e a história, bem como a afirmação do cinema como uma ferramenta económica e política. O destaque aos novos cineastas é notório, principalmente nas curtas em competição.
O “bicho Indie”, como o denominou Miguel Valverde, um dos directores do festival, tornou a Culturgest o seu “quartel-general” desde 2008, tendo sido sempre muito bem recebida pela administração de Miguel Lobo Antunes (de saída por motivo de reforma). O “bicho” tem crescido a cada edição, e a 14ª conta com um orçamento ligeiramente superior face ao do ano anterior (1.061.500€), para não falar da lista infindável de parceiros. A diversidade dos parceiros revela o impacto e a dimensão que o festival atingiu ao nível nacional, e principalmente, internacional. Companhia aérea oficial Mocharch, a cerveja artesanal MUSA na secção IndieMusic, Universidade Lusófona, Grupo RPT e TVcine&séries e, este ano, um parceiro internacional de peso na Ásia, a Direcção dos Serviços de Turismo de Macau.
A realçar a importância do Lisbon Screenings promovido pela Portugal Film, que permite que cada vez seja maior o número de programadores/distribuidores, bem como própria dimensão dos festivais de cinema internacionais, garantindo a representação dos principais festivais europeus, como Veneza, Cannes, Locarno, Berlim e San Sebastián. A informação sobre os programadores/distribuidores será pública quando o festival começar. Outra nota relevante é a forma reforçada como o Fundo de Apoio ao Cinema regressa nesta edição. Durante o festival serão apresentados (em formato pitch) oito projectos em fase de pós-produção e dois deles serão apoiados. Este fundo permitirá também o apoio à criação musical em curtas e em longas, com valores que poderão ir até 6.000€. Os parceiros do Fundo de Apoio ao Cinema são, a Associação Cultural IndieLisboa, a Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (ULHT), a Walla Collective, a Fundação GDA e a Digital Mix Música.
A secção de IndieJúnior tem cada vez maior expressão, e é hoje um minifestival. “É importante formar novos públicos, formar cinéfilos que garantam que o Indie continua saudável”, como disse Mafalda Melo. De realçar as parcerias com a Junta de Freguesia de Santo António, o programa Passaporte Escolar e o serviço educativo da Culturgest. O IndieJúnior Allianz no Porto, veio colmatar a falta de oferta de cinema infantil nesta cidade.
Quanto ao IndieMusic, terá pela primeira vez um júri, que é composto Mário Valente (radialista e compositor), Joana Sá (pianista e compositora) e Tó Trips (guitarrista e compositor). Já são conhecidos os documentários sobre as bandas britânicas Oasis e Sleaford Moods, do músico e editor James Lavelle e do ícone Frank Zappa. O documentário “Liberation Day”, sobre a primeira banda ocidental a ser convidada a actuar na Coreia do Norte, os ex-jugoslavos Laibach, é também um dos filmes mais aguardados desta secção. “Tokyo Idols”, que retrata algumas das características culturais peculiares da sociedade japonesa, nomeadamente o fenómeno das teenagers das girls band e os seus fãns de 50 anos do género masculino.
Quanto ao Indie by Night, promete muitas festas ao longo das quase duas semanas de festival, sendo a primeira nas acolhedoras Catacumbas do Liceu Camões, continuando na Casa Independente, como aconteceu o ano passado. No âmbito do documentário “Tony Conrad: Completly in the present”, de Tyler Hubby, a promotora Nariz Entupido fará uma homenagem ao músico com vários artistas convidados. João Paulo Daniel, Tiago Castro, Pedro Chau, Diana Combo e Helena Espvall, são os músicos que irão actuar na Casa Independente, sendo as projecções de vídeo da autoria de António Caramelo. No warm-up IndieLisboa 2017, os míticos portugueses Pop dell’Arte actuarão no Liceu Camões dia 21 de Abril, e teremos uma banda macaense a juntar-se ao cardápio de concertos. Finalmente e para terminar em grande, na noite de 13 de Maio na garagem da Culturgest os BANDIDO$ irão animar a festa de encerramento, que este ano será simultaneamente a cerimónia de entrega de prémios. Vão estando atentos que traremos mais notícias do 14º IndieLisboa.
Venda antecipada de bilhetes:
De 19 de Abril a 2 de Maio na Culturgest, TicketLine e nos dias 1 e 2 de Maio no Cinema S. Jorge. Nos balcões da Fnac de 19 de Abril a 14 de Maio, a venda de vouchers é exclusiva dos balcões do Chiado, Colombo, Vasco da Gama, NorteShopping e Almada Fórum.
Programa IndieMusic
– A Story of Sahel Sounds – Neopan Kollektiv, Alemanha, doc., 2016, 82’.
– Beatbox, boom bap autour de monde – Pascal Tessaud, França, doc., 2015, 55’
– Bunch of Kunst – Christine Franz, Alemanha, doc., 2017, 104’
– Eat That Question – Frank Zappa in His Own Words – Thorsten Schutte, França, Alemanha, doc., 2016, 93’
– Liberation Day – Morten Traavik, Ugis Olte, Noruega, Letónia, doc., 2016, 100’
– The Man from Mo’Wax – Matthew Jones, Reino Unido, Japão, EUA, doc., 2016, 109’
– Oasis: Supersonic – Mat Whitecross, Reino Unido, doc., 2016, 122’
– Revolution of Sound. Tangerine Dream – Margarete Kreuzer, Alemanha, doc., 2017, 90’
– Shot! The Psycho-Spiritual Mantra of Rock – Barnaby Clay, EUA, doc., 2016, 98’
– Talasnal – João Teotónio, Portugal, doc., exp., 2017, 19’
– Twerkumentary – Diana Manfredi, EUA, doc., 2016, 61’
– Tokyo Idols – Kyoko Miyake, Reino Unido, Japão, Canadá, doc., 2017, 88’
– Tony Conrad: Completely in the Present – Tyler Hubby, EUA, Reino Unido, doc., 2016, 96’
– Where You´re Meant To Be – Paul Fegan, Reino Unido, doc., 2016, 75’
Poderão consultar o programa completo aqui.
+info em http://indielisboa.com/
Texto – Carla Sancho
Fotografia – Joana Linda | IndieLisboa