No passado dia 7 de Abril, dava-se início à terceira edição do Lisbon Psych Fest e, ao contrário das outras edições, o calor fazia-se sentir e o coração do bairro palpitava ansiosamente pelas vibrações psicadélicas.
À hora marcada, pela primeira vez, o Teatro do Bairro abria a noite com os portugueses Hércules. Posso afirmar que o rock psicadélico com voz em português soa algo estranho. A verdade, é que não só soou estranho como, também, não entrou bem no ouvido. Os lisboetas, com um travo do prog rock dos Pink Floyd e o psicadelismo da moda, ganharam brilho com o rendilhado das teclas e a sua divagação sonhadora que terminou com o planar de uma flauta numa figura feminina.
+ fotos na galeria Lisbon Psych Fest’17 Dia 7 Abril Hércules
De seguida, o ritmo quente dos The Miami Flu que, com as suas construções musicais trabalhadas, delineavam ritmos bonitos e deixaram-nos com leve sabor a verão na boca. Entre o rock e o psych passando pelo surf rock, o baixo tinha força suficiente para nos aquecer enquanto que a guitarra era arisca e pregava-nos partidas saborosas. Mostram-nos a sua versão da “Hush” de Deep Purple e tão bem esgalhada que foi!
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Nesta altura, já o Teatro do Bairro estava mais composto e preparava-se para receber os Sugar Candy Mountain. Confesso que tinha expectativas elevadas em relação a estes americanos. A verdade é que, o que tinham a mais de simpatia revelaram em falta de coordenação. Não deixando, porém, que isso influenciasse a sensualidade quente de quem vai de encontro a um sol que está a entrar pela terra adentro num movimento lento e despreocupado. Ao vivo, apostam mais em solos psych e em construções que nos levam a trabalhar a mente, ainda que de forma inconsciente. O baixo, elemento de especial relevância aqui, conforta e deixa-nos maravilhosamente bem instalados no nosso interior. “Change”, “Windows”, “666” serviram para mostrar que, por vezes, a intensidade e gula de uma banda é necessária em palco, não devendo ser descuidadas. Antes do fim, “Highschool Lover” dos Air, que tão bem encaixou naquele cenário auditivo.
+ fotos na galeria Lisbon Psych Fest’17 Dia 7 Abril Sugar Candy Mountain
Ao aguardarmos o concerto seguinte, mal sabíamos que estávamos prestes a subir às cabines de uma montanha russa (não pelas boas sensações que isso nos possa trazer). Orval Carlos Sibelius, prova que sabe cantar em inglês mas que só sabe falar em francês, tendo optado por discursar entre os intervalos das músicas na sua língua mãe. Mas esse não é o problema, o problema foi a quantidade de subidas a pique e descidas íngremes com que nos defrontamos durante o seu espectáculo. Sendo 5 em palco a construção musical era bem trabalhada, por vezes meio experimental, outras psicadélica e até progressiva. O quadro era belo de se apreciar e o violino elevava a fasquia quando misturado com estas sonoridades mas, apesar disso, a sua primeira vez em Portugal não encantou, talvez por falta de coerência existente entre as músicas que nos deixava em estados de ansiedade negativa.
+ fotos na galeria Lisbon Psych Fest’17 Dia 7 Abril Orval Carlos Sibelius
Para nos libertar de todos os males, Josefin Öhrn + The Liberation, traz-nos o melhor concerto da noite. Josefin e o seu exército de excelentes músicos decidem colocar-nos em cima de um cavalo e levar-nos numa fuga constante de tudo e nada por trajectos longos onde passamos pelas variadas tonalidades que pode assumir um deserto. A voz fresca, sexy e deliciosa era acompanhada por uma colecção de instrumentos sabiamente tocados com foco em riffs transcendentais, uma progressão sensual e uma carga de sintetizadores psicadélicos. Oito faixas e uma vontade sobrenatural de que tocassem umas quantas mais de rojo foi o que nos sobrou depois do espectáculo sublime a que assistimos.
+ fotos na galeria Lisbon Psych Fest’17 Dia 7 Abril Josefin Öhrn + The Liberation
Para finalizar a noite o trio Camera introduz o chamamento da lua. Sons pesados e com uma carga de densidade astuta onde o tempo não existe e as pausas também não. Uma mistura de sonoridades que traz ao krautrock algum experimentalismo e uma grande camada de bipolaridades.
+ fotos na galeria Lisbon Psych Fest’17 Dia 7 Abril Camera
O corpo já pedia descanso e a segunda ronda viria a seguir, no segundo dia de festival.
De ressalvar o excelente trabalho em Live Act de Mad Alchemy com a sua construção visual de texturas, cores e transfusões de pigmentos que projectou ao longo da noite na tela que acompanhava os concertos.
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Texto – Eliana Berto
Fotografia – Luis Sousa
Evento – Lisbon Psych Fest’17
Promotor – Killer Mathilda