Os australianos King Gizzard and The Lizard Wizard rapidamente conquistaram uma posição de destaque naquilo que se considera uma banda “animal” em palco e uma banda genial em toda a sua estrutura e construção. Confesso que, comigo, foi amor à primeira audição e que, desde ai, se tornaram numa das minhas bandas preferidas da actualidade. De ano para ano têm vindo a surpreender e revelar rasgos da sua extraordinária prodigiosidade, sendo que o ano de 2017 não se mostra diferente.
Os sete rapazes (Stu – voz + guitarra + flauta; Ambrose – harmónica + voz; Craig – guitarra + voz; Eric – bateria; Joey – guitarra; Lucas – baixo e Michel – bateria) decidiram criar uma história lírica e musical. História essa que é revelada pelos 5 álbuns que serão lançados no decorrer do ano. O primeiro, Flying Microtonal Banana, foi lançado em Fevereiro e o segundo será mostrado ao mundo a 23 de Junho com o nome Murder Of The Universe pela Heavenly Recordings. Tal como o nome indica, não se trata de nada simples nem leve ou claro. Este álbum encontra-se dividido em 3 capítulos onde a preocupação com a queda do homem e a morte do planeta é o principal foco. A divisão é feita da seguinte maneira:
The Tale Of The Altered Beast
1. A New World
2. Altered Beats I
3. Alter Me I
4. Altered Best II
5. Alter Me I
6. Altered Beast III
7. Alter Me III
8. Altered Beats IV
9. Life / Death
The Lord Of Lightening Vs. Balrog
10. Some Context
11. The Reticent Raconteur
12. The Lord Of Lightening
13. The Balrog
14. The Floating Fire
15. The Acrid Corpse
Han- Tyumi And The Murder Of The Universe
16. Welcome To An Altered Future
17. Digital Black
18. Han-Tyumi, The Confused Cyborg
19. Soy-Protein Munt Machine
20. Vomit Coffin
21. Murder Of The Universe
Como antevisão deste segundo álbum, lançam um vídeo de 13 minutos onde podemos passear por entre o terceiro capítulo – Han-Tyumi And The Murder Of The Universe – e descobrir que Han-Tyumi é um cyborg e que, talvez, a queda do Homem se interliga, cada vez mais, com a massificação de uma era tecnológica e sintética, onde a máquina se sobrepõe à espécie humana e, o futuro, se apresenta cada vez mais negro e livre de emoções. Em contraposição, a música de King Guizzard, é cada vez mais pura e tão detalhadamente construída que nos revela que, sem máquinas e tecnologia, se pode chegar longe e construir grandes malhas de rock psicadélico. Neste capítulo, devido à sua opacidade escura, denotam-se paisagens sonoras de morte, sangue, trovões, mutantes, fogo e guerra. Uma ilusão negra capaz de nos fazer perder entre crateras profundas de desconforto humano e mausoléus assustadores e intrigantes. Teias de conflitos internos e externos que nos vão fazer tanto tremer de prazer, como ser confrontados com diversos tipos de consciência universal e pessoal. Tudo na melhor linguagem existente – a música. Com um psicadelismo cada vez mais enraizado e consolidado abrem portas ao peso do stoner rock e às suas componentes mais negras.
“Sempre vimos os nossos álbuns como portais onde podes passar de um para o outro.” Stu
“(…) ou então cada álbum é uma ponte para a próxima parte da história.”
Até os robots almejam possuir alma e coração humanos! Deixemos as máquinas em paz.
Aguardamos ansiosamente por esta história de 3 capítulos que já se encontra em pré-venda aqui: http://heavenlyemporium.com/buy/murder-of-the-universe-3/
Texto – Eliana Berto
Fotografia (capa) – Luis Sousa