A festa de celebração do 4º aniversário do Sabotage Club prosseguiu com um anfitrião muito especial. A expectativa era palpável, a curiosidade crescente. Cerca de quarenta anos de carreira e histórias aterravam no Caís do Sodré. Se hesitações subsistissem estas foram dissipadas: Tav Falco, lendário artista Americano, foi a grande personalidade deste terceiro dia.
Os célebres Tav Falco Panther Burns, surgidos nos últimos meses dos anos 70, chegaram ao palco vestidos de negro. Encetando um longo preâmbulo instrumental, a banda merece a curiosidade dos presentes. No entanto, foi com a entrada do mítico vocalista que o quinteto americano alcançou uma genuína e generalizada atenção do público. Com a bem conseguida Funnel of Love, toda uma mistura de Country e Blues vem à superfície. Quem dá sinal de si é todo o carisma de Falco, que entre passos de dança improvisados e gestos estrategicamente atirados para o público agarrou soberbamente a plateia.
Apesar do grande espaço mediático que o vocalista ocupa no concerto, nota para a eficiência da banda que demonstrou competência e um grau de harmonia elevadíssimo. O público manifestava dificuldade em manter os pés no solo. Os sorrisos eram frequentes, e as semi-piruetas da banda, eram acompanhadas por olhares indiscretos e movimentos sexualizados oferecidos por Tav Falco. Sway, o quarto tema da banda, carregou consigo a nostalgia de uma melodia que já não nos lembrávamos de ouvir há anos: foi, claramente, um momentos mais celebrados deste quarto aniversário. Bourgeois Blues, Snake Drive e Oh She Dances foram outros dos temas que geraram um maior número de passos de dança.
Sem permitir que alguém ousasse ficar indiferente ao seu carisma, Falco revela uma comunicação peculiar com os demais. Esta não carece de oralidade para transmitir o que pretende, dado que a sua expressividade é, na sua essência, não verbal e produzida fundamentalmente no decorrer das músicas. A plateia, rendida, contrapõe com amiúdes sorrisos e recorrentes danças. Nesta altura o ambiente variava entre a apelatividade da banda e o suor do presentes, situação que se agravou significativamente no momento em que os Americanos encetaram um tributo a Nat King Cole, com o tema Mona Lisa a fazer-se ouvir num Sabotage bastante preenchido.
Antes de se retirar do palco, o quinteto interpreta ainda o famoso tema Wisthel Blower, trazendo ao escuro da noite uma música inédita. É hora de nos fazer-mos novamente à estrada, diziam. A satisfação era generalizada e o entusiasmo difícil de conter. No fim, entre fotos, autógrafos e beijos a Tav Talco, ficou uma certeza: foi bonita a festa.
Após a saída da banda, a noite ficou a cargo do Rock N Roll dos Djs A Boy Named Sue, Johnny Chase e Nuno Rabino.
Texto – Tiago Pinho
Fotografia – Luis Sousa