O dia 30 de Abril de 2013 deu à luz um dos mais carismáticos clubes de rock de Lisboa. 4 anos depois, esse clube festejou em 4 noites o seu nascimento, sendo o último o passado Domingo, dia 30 de Abril.
Nesta noite, os convidados tanto passavam pela nostalgia dos anos 80 como por uma moderna e actual sonoridade mais sintética. Falo de Repórter Estrábico e Sacapelástica.
Apareceram há 6 anos, também no mês de Abril, e nesta noite vieram fazer a festa com o Sabotage. O trio Sacapelástica apresenta uma sonoridade instrumental composta de samples, baixo, guitarra e bateria, à qual aliam umas vozes robotizadas e já gravadas. Trata-se de um estilo difícil de categorizar mas esquizofrénico na sua essência. Há ritmo, riffs de rock e uma fumaça que mistura sons alternativos oriundos de várias tonalidades. Tocaram MetaLoL quase na íntegra e despediram-se com o apelo “Deus potreja esta casa”.
Para além do Sabotage, as estrelas da noite eram os Repórter Estrábico que, passados 10 anos, regressam aos palcos para nos proporcionar momentos de baile, nostalgia e ironia animada. Em andarilho, por entre o público, sobe ao palco Luciano Barbosa. Os quatro vestiam os seus fatos de macaco reluzentes e mantinham a postura sábia da sátira visual.
Com imagens de filmes dos anos 50 e 60 e videoclips atrás de si, espalhavam sons cósmicos, ritmos alucinantes e alineados, carisma e muito rock’n’roll. A impossibilidade de nos mantermos colados ao chão era notória e aquela hora e pouco em que estivemos diante do palco foi genuinamente divertida e de festa. Os riffs da guitarra embebiam-nos na insanidade do rock enquanto que os ritmos electrónicos nos faziam querer voltar às pistas de dança dos finais dos anos 80 num Frágil qualquer desta vida.
Os maiores e melhores clássicos da banda foram tocados e revividos numa só alma. Apesar da idade já se fazer notar em cima do palco e da garra já não ser a mesma, em momento algum foi descuidada a vontade e o prazer de tocar. Malhas como “Biltre!”, “MamaPapa”, “Nagasaki Mon Amour”, “Sr. Arrumador”, “Lolita” e “Be Free” foram saboreadas e cantadas pela sala alegremente composta por fãs, nostálgicos e curiosos. A banda passeou pela sua discografia e as boas energias pairaram. Luciano pergunta se é preciso sair do palco e voltar a entrar em andarilho ou se podiam passar logo ao encore e a opção foi sensata, tendo permanecido no palco e continuado a festa. O encore foi composto por duas músicas tendo, a última, contado com a participação surpresa de Vítor Rua e a sua guitarra enraivecida e deliciosa na sua essência.
A festa continuou com os Djs Dr. Feelgood, Nunchuck e Nuno Rabino, muito suor e rock’n’roll. Às quatro horas do quarto dia do quarto aniversário do Sabotage Rock Club as velas foram apagadas e ficaram os desejos de que os anos se repitam infinitamente.
Parabéns ao Sabotage e a toda a família que faz este clube continuar no percurso certo.
Texto – Eliana Berto
Fotografia – Daniel Jesus