José González regressou às luzes acolhedoras do palco da Aula Magna na passada 4ª feira dia 3 de Maio, passado quase 10 anos e 2 álbuns. “Vestiges & Claws”, último álbum de originais lançado em 2014, que passou no verão passado acompanhado com banda num final de tarde quente, no palco Heineken do NOS Alive 2016. O sueco escolheu os sons acústicos como tela expressionista de sentimento, cravejada de letras poéticas intensas. O alternar de guitarra clássica e de guitarra clássica espanhola (não fosse a sua ascendência latino-americana, argentina), delineou o enquadramento da actuação em hora e meia de concerto e duas dezenas de músicas.
Um alinhamento equilibrado, onde temas de “Venner” (2003), “In Our Nature” (2007) “Red Dead Redemption – Soundtrack” e “Vestige & Claws” (2014), intercalaram o protagonismo satisfazendo a vasta audiência que se manifestou satisfeita sem timidez.
O “quarto de hora académico” de atraso, permitiu que acalmasse a agitação dos fãns e estes se ajeitassem confortavelmente nos seus lugares marcados. A faixa etária dos 20-30 esteve bem representada e igualmente o género feminino. José Gónzalez tem em Lisboa, um número de fãns capazes de reconhecer um hit no primeiro acorde da guitarra. Foi o caso de “Crosses”, “Cycling Trivialities”, “Stories We Build, Stories We Tell” e “Open Book”. Ainda com a ex-banda muito presente, os Junip, fez questão de identificar o tema e o público reagiu com uma ovação.
Com um único foco de luz fixa sob a silhueta dos seus caracóis, os três projectores que iam alternando nos azuis e nos vermelhos, percorriam os contornos naives das montanhas, das nuvens e do sol desenhados no fundo do palco. Destaque para o tema “The Forest” em que o magnifico trabalho de iluminação permitiu um cenário mágico, com dois pontos de luz clara no declive das montanhas. O público reagiu a todos os impulsos energéticos que saíram daquele cenário. Fossem os projectados pelas estrofes melodiosas da voz límpida de José Gónzalez, dos suspiros do dedilhar das cordas das guitarras, ou os da dança meticulosa das luzes.
Conhecido por sublimes arranjos de muitos covers, esta noite José González trouxe-nos “Hand on your heart” de Kylie Minogue e já no encore, “Heartbeats” de The Knife e a fechar a noite “Teardrop” dos Massive Attack.
Apesar de poucas falas, José González mostrou nesta sala que o palco é um espaço confortável, mesmo sendo de dimensão considerável. O som sumido do compasso do pé direito no chão, o apoio de uma stompbox (pedal), o afinar das guitarras numa luz acolhedora, foram momentos que tornaram a actuação mais humanizada. Concerto intimista onde o músico demonstrou a sua genialidade na forte cumplicidade com as guitarras.
Texto – Carla Sancho
Fotografia – Luis Sousa (NOS Alive 2016)
Promotor – Lemon Live Entertainment