A 11ª edição do NOS Alive. Muitos repetentes, estreantes, curiosos… Para quem vem há várias edições é sempre com um sorriso que se vê a enchente no Passeio Marítimo de Algés. Nem que seja pela galhofa e o bom espírito que o público estrangeiro traz ao festival. Tudo se torna intransitável, todas as brechas são recantos para fintar e também para chegar o mais à frente possível do palco.
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Tudo isto faz sentido para o primeiro dia que trouxe os astros maiores The XX e The Weeknd ao palco principal mas também nomes como Glass Animals, Ryan Adams ou Royal Blood.
À entrada somos recebidos pelo som dos You Can’t Win Charlie Brown. O conjunto de Lisboa, ainda que para um recinto algo disperso, menos à sombra, ia lá mostrando o que o indie rock aqui de Portugal é capaz de causar.
Posto isto, é hora de um dos maiores pecados do dia. Alt-J. Não pelo concerto em si, mas pela hora. Foi demasiado cedo. Ainda assim, para quem passou já três (!) vezes no Alive, ainda é capaz de surpreender e encantar.
Há alguma nostalgia quando se ouve Tessellate, Nara, Every Other Freckle. Ou então a crescida, já com cinco anos, Matilda, e vemos como o tempo avança impiedosamente. O trio inglês passado este tempo todo ainda tem uma relação íntima com Portugal. Mesmo com o álbum Relaxer apresentado a espaços, foi ao som de Intro, Left Hand Free e Breezeblocks que nos despedimos da banda que dá nome a um atalho no mac. Veremos se estão cá daqui a um ano ou dois.
Num reconhecimento rápido pelo recinto deste ano, paramos também no Coreto, desta vez para ver Dotorado Pro. O novo segredo da Enchufada vem espalhar o caos através das suas batidas africanas. Animal Scream é a sua bandeira e também foi a despedida de um concerto que pedia mais uma música, mas ao qual o artista não pode conceder. A organização não deu espaço para o prodígio, autor do EP Rei das Marimbas.
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Pouco depois, ao lado, no Palco Heineken veio um daqueles pequenos bons segredos do festival, de seu nome Ryan Adams. Cativados ao som do Do You Still Love Me?, do Prisioner, lançado no início deste ano, o público até que estava a aderir ao concerto do norte-americano. Mas é natural que momentos antes do Intro começar a tocar no palco principal, o efeito debandada surgiu. Não foi certamente a melhor despedida que merecia.
2013 foi o último ano em que os The xx puseram os pés em Portugal. Na altura, ali ao lado, em Belém, organizaram o seu próprio festival o Night + Day. Agora mais crescidos, o trio inglês apresentou-se pela porta grande do NOS Alive, com um recinto à pinha pronto para ouvir o I See You, o mais recente álbum, depois de um intervalo de 4 anos, desde do Coexist.
Irrepreensível é o adjectivo certo para explicar o concerto da Romy, do Jamie XX e o Oliver. Desde do Say Something Loving, ao Chained, até ao Shelter com o seu beat eurodancável (o meu obrigado, de uma pessoa fã do Better Off Alone). Já a caminhar lentamente para o fim, ainda vamos ao Loud Places, do In Colours do Jamie XX, mas claro que é com a letra decorada de On Hold e Angels que despedimos com juras de amor da Romy para a sua noiva, presente na plateia.
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De repente, se o espaço já era pouco, reduz-se ainda mais com o concerto do The Weeknd. Abel Tesfaye entrou com tudo com o Starboy, mas o seu todo foi o constante andar de uma ponta à outra do palco, estranhamente de casacão. Anteriormente, isto lá em 2012, com o Trilogy, assumia a sua veia R&B, em 2017 é quase como uma tentativa de reencarnar uma veia pop, sendo a comparação com Michael Jackson, inevitável (Can’t Feel My Face é a prova A).
Público ao delírio, aposta do dia ganha. Wicked Games, Low Life da colaboração com o Future, que está de passagem por cá na próxima semana, Earned It, acabam por ser píncaros de entusiasmo num concerto que acaba por ser competente. O funky I Feel It Coming faz com que os telemóveis sejam exibidos ao alto, para gravar o momento, mas também para guardar a oportunidade de ver o público a cantar em uníssono outra música que teve chancela dos Daft Punk. A despedida em chamas com The Hills é a saída pela porta grande.
As doze badaladas surgem, e é hora de entrar em palco os Royal Blood, com o seu garage rock, nu e cru. A agarrar o público com toda a confiança, o duo em 11 músicas tem como missão partir a casa toda. Missão cumprida. Quando o Where Are You Now?, do mais recente álbum How Did We Get So Dark?, ecoa nas paredes e com o Lights Out a rasgar com os PAs, sabemos que a noite tem tudo para prometer. Mas é um concerto que soa a curto, mas temos uma certeza para quem não pode assistir ou para quem quer ver mais. Dia 28 de Outubro, a tour europeia da banda vai começar no Campo Pequeno.
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Para fecho da noite, ficou a cereja no topo do bolo. Antes das três (horário para os mais fortes, mas ao mesmo tempo, quem teve essa ideia?), Glass Animals tiveram a fácil tarefa de acabar com as energias de um palco praticamente cheio, ao som das histórias de como ser um ser humano.
Life Itself foi a ignição para um final de noite recheado de cor, festa e ananases. Ao ritmo de Poplar St., vamos para o The Other Side of Paradise. O ritmo é contagiante e incessante ao longo de pouco mais de uma hora. Mas é em Youth que temos o apogeu da noite. O refrão cantado a pulmões, da mesma maneira que o Gooey, tema que marcou os primeiros passos do conjunto, foram estrelas de uma constelação onde brilhavam ainda outros temas como a Agnes, Pork Soda e a Season 2 Season 3.
Foo Fighters, The Kills, The Cult e Parov Stelar prefilam como as atrações principais para o segundo dia de festival que também conta com lotação esgotada.
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Texto – Carlos Sousa Vieira
Fotografia – Nuno Cruz | Arlindo Camacho e Hugo Macedo (NOS Alive)
Evento – NOS Alive 2017
Promotor – Everything is New
