Cataplanas e Luares podem remeter-nos para um ambiente quente e exótico. A verdade é que é para lá que os Conan Castro and The Moonshine Pinãtas nos levam ao degustar o seu álbum de estreia, ainda que o ambiente exótico seja limado com uma certa sujidade daquela que nos dá gosto que cubra o ouvido.
Descobrimos os Conan Castro and The Moonshine Piñatas no último Barreiro Rocks e, de imediato, houve uma energia magnética que nos deixou colados. A festa que fazem e transmitem é extremamente cativante e empolgante. A mescla de estilos musicais que trabalham e desconstroem resulta num cenário auditivo tropical irónico repleto de ritmos e riffs loucamente enérgicos, acompanhados de uma voz que incita a revolta, assumido por eles como vomit-mexican-american-garage-punk-rock. É difícil não começarmos a criar saliva em quantidades exageradas quando lemos isto, mais difícil é, controlar a ansiedade depois de ouvirmos Cataplana América.
O embrulho do CD dá pouca vontade de o abrir. A originalidade e criatividade não se reflecte apenas nas faixas e melodias que constroem mas, também, em toda a concepção do conceito em si. Falo de um envelope com diversos selos que dentro contém um postal, uma biografia e um autocolante. Mas não é só isto que o compõe, o melhor é aquela forma circular que contém 12 faixas maravilhosas no verdadeiro sentido dado à palavra cataplana, onde experienciamos uma grande variedade de sabores e cores, na maioria das vezes de gosto refinado.
Intensidade, sujidade e nervo poderiam ser boas definições para este álbum. A verdade é que, faixa a faixa vamos conseguindo visualizar cenários e caminhos, sempre com um apurado gosto a quente. Podemos chegar aos 40 graus de febre e as alucinações que possam advir dai não são mais que as miragens de uma loucura interior, que todos temos (ou devíamos ter), instigadas pela música destes rapazes.
Entre algumas paisagens da América Latina as cordas existentes no som destes rapazes conversam entre si, gritando cada vez mais alto à medida que vamos avançando na viagem. São várias as sensações absorvidas e extrapoladas. “La Única Chica (I Never Loved)”, single de estreia da banda, apresenta uma imagem sonora ligeiramente diferente da intensidade que se pode viver e sentir ao ouvir este álbum (não que isso seja mau, muito pelo contrário!). Trata-se de uma faixa que nos reporta a um cenário de palmeiras tropicais onde nos vemos a sugar, relaxadamente, mojitos por uma palhinha. A melodia é mais polida e limpa e o ritmo mais suave. Nas faixas “Puerto Anapra” e “Guantanamierda” acordamos desorientados numa garagem suja e húmida com pessoas de crista e calças skinny feet rasgadas aos saltos. Saltamos com eles ao som de um punk rock rápido e directo. Na última faixa do álbum – “Guitarrero” – sentamo-nos confortavelmente num bar de tango algo metafísico e desconcertante.
Podemos encontrar tudo isto num envelope à distância de um click para a compra! Vão ficar indiferentes a esta panóplia de sabores auditivos e sensitivos?
Podem ouvir e encomendar o álbum aqui.
+info em facebook.com/conancastroandthemoonshinepinatas/
Texto – Eliana Berto